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Depois de passar dias andando, enfim consegui encontrar a tal casa Santa Helena, rodeada de altas grades de ferro que mais parecem uma prisão, a casa não é muito grande; ela possui alguns arbustos e roseiras na entrada, tem um tapete velho de borracha escrito "Seja bem vindo" na grande porta da frente de cor verde desbotada um placa que diz
" CASA SANTA HELENA É UM PRAZER LHE AJUDAR" apertei a campainha mais de uma vez, acho que três ou quatro, já está bem velha e talvez nem funcione mais; pensei, então bati, fechei a mão e com o punho cerrado bati
Uma senhora de olhos verdes, cabelos levemente grisalhos e pele clara que aparentemente deve ter uns 60 anos ou mais abre a porta e com a voz suave me pede para entrar _ O ... Ma .. o Mago me mandou aqui _ Com a mão trêmula estendo o papel que o Lauses me deu em sua direção, droga minha voz está presa na garganta. Os seus olhos arregalados e o seu sorriso extremamente forçado me causam arrepios em partes que pensei que nunca fossem possíveis sentir.
Ela concorda com a cabeça _ Eu sei quem você é, pode entrar _ Mesmo gesticulando os lábios ela não desmancha o sorriso no rosto. Eu coloco um único pé para dentro da casa, mas volta para trás. Sei lá, vai saber, pode ser que eu entre lá e nunca mais saia.
Uma garota um pouco mais baixa que eu de cabelos longos e vermelhos, e olhos escuros aparece por trás da senhora e diz
_ Ninguém vai te morder aqui não _ Ela aparenta ter a minha idade, com roupas largas e uma atitude ríspida e nada tímida, ela me olha da cabeça aos pés e logo depois se distância da minha vista.
Eu não tinha muito contato com o Sábio Lauses, ele ficava o tempo todo dentro do seu quarto e só saia para as reuniões da fundação ou para o dia da saudação dos caçadores. Então também não sei se posso confiar nele, e nem nessas pessoas que ele supostamente conhece, mas está tão frio aqui fora, lá dentro parece tudo tão quente e aconchegante, fora a fome que está drasticamente corroendo todo o meu corpo por dentro.
Decido entrar, a casa não é muito diferente de outras que já vi, é uma casa antiga, mas bem conservada _ Você está com fome? Uma outra garota me pergunta, essa de cabelos loiros, mas com o biotipo e os mesmos olhos escuros igual o da outra de cabelos vermelhos, ela sai de um cômodo atrás de mim e me estende alguns pães em uma bandeja, eu êxito em pegar, apenas balanço a cabeça. Com um jeito mais meigo e angelical, ela arqueia seus olhos apontando a bandeja mais uma vez em minha direção.
A senhora que me recebeu na porta, exclama _ Pode comer, não tenha medo _
A garota de Cabelo vermelho passa por mim e leva um dos pães da bandeja e sussurra algo para a outra garota de cabelos loiros e logo em seguida dá uma grande mordida no pão.
Nesse momento eu só consigo pensar em enfiar esses três pães goela abaixo, eu sinto todas as vermes do meu estômago pedirem por comida, fazem quatro dias ou mais que estou sem comer nada, não é de se estranhar o barulho que minha barriga faz diante dessa bandeja com esses pães tão dourados e macios _ São só pães, coma logo _ Disse a garota de cabelos loiros.
Então eu os pego, e os mastigo com tanta rapidez que em poucos minutos eles somem entre meus dedos.
_ Eu .. eu vim .. _ Falo entre os dentes ainda mastigando os pães _ Não precisa dizer nada, fique o tempo que precisar, meu nome é Sarah _ Disse a Senhora de olhos verdes
_ Eu sou Alan _
A garota de cabelos loiros abraçou-se junto a bandeja e disse _ Meu nome é Jessica, e o dela é Renata, ela é minha irmã _
A outra garota, a de cabelo vermelho grita do fundo do corredor da casa _ É Infelizmente somos irmãs _
_ São só vocês três? Pergunto olhando para Jessica, ela me devolve o olhar e responde
_ Não, tem o Jack ele teve que dar um saidinha, mas até o fim do dia está de volta, vem vou te mostrar onde você vai dormir _
_ Aqui não é muito grande, só tem três quartos, o maior é pra Sara porque ela é a dona da casa e a mais velha e os outros dois, um eu divido com a Renata e outro você vai dividir com o Jack
Nem presto tanta atenção no que Jessica está falando, olho por todo o quarto lembrando de como eu estava há alguns dias atrás junto com a minha família, de como eu estava feliz. Nós fizemos tantos planos, juramos nunca abandonar um ao outro, e olha agora onde eu estou. Longe de todos, e me escondendo de uma coisa que eu nem sei o que é.
Jessica fecha a porta enquanto eu olho atentamente todo o quarto, me jogo na cama tentando ligar as coisas, como aquele monstro foi parar dentro da fundação naquela hora da noite? Porque a marca sumiu do meu braço? Todos esses anos estudando sobre os maiores caçadores da noite, eu nunca ouvi falar de alguém que foi rejeitado pela marca. O que eu sou? Porque a marca não quis meu corpo?
Passo a mão sobre o braço, no lugar em que a marca deveria estar, e não tem nada, exatamente nada. O braço está liso como se nunca tivesse sido queimado com o ferro sagrado, mas foi, todos viram, eu vi e senti a dor do fogo e a suavidade da água benta.
Abro a mochila e puxo a adaga que de imediato ao toca-lá começa a brilhar. Sinto uma grande leveza em todo o meu corpo, a luz que sai da adaga começa a me envolver e quando dou por mim já estou flutuando sobre a cama e uma luz suave está saindo e contornando o meu corpo.
_ Puta que pariu _ Ouço alguém dizer, e com rapidez abro meus olhos e esbarro sobre a cama soltando a adaga, assim cessando toda a luz que ela emitia sobre mim.
_ O que você é? Perguntou Renata
Me ajeito na cama, enrolo uma parte do lençol na minhas mãos, pego a adaga e a jogo dentro da mochila _ Eu não sei _ Respondo.
_ Você tava flutuando e brilhando, eu nunca vi nada igual _ rebate ela.
_ Eu não sei, nunca senti essas coisas antes. Desde que peguei nessa adaga eu não sei... essas coisas acontecem comigo.
Renata anda até mim e com os olhos direcionados a mochila pergunta _ Eu posso tocar nela?
Por alguns segundos penso em deixar ela tocar a adaga, mas involuntariamente da minha boca sai _ Não, acho melhor não! _
Uma sensação de alívio desacelera os batimentos do meu coração, e me sinto confortável em ter dito não. Mesmo lá no fundo não entendendo o porquê de não ter deixado ela tocar na arma.
A garota se ajoelha diante da mochila dessa vez olhando para mim ela diz _ Por favor, assim você saberá se ela funciona com outras pessoas ou ...
se é só com você mesmo _
Eu fico em silêncio por alguns instantes, talvez descobrir isso me dê algumas outras alternativas, eu preciso entender o que fazer daqui para frente e saber se esse poder que adaga trás se manifesta só comigo, será um bom ponto de partida, então concordo com a cabeça.
Renata abre a mochila com rapidez, e a vira jogando tudo o que há dentro dela em cima da cama. A adaga caí em meio a algumas roupas. Renata estende sua mão lentamente, e quando os seus dedos estão a poucos segundos de tocar na arma, eu a puxo jogando novamente dentro da mochila _ Melhor não, eu .. eu vou descansar um pouco. Depois a gente conversa tudo bem?
_ Que saco ein, quase nunca tem novidade aqui, e quando tem é chata, tudo bem então descansa aí _ Ela exclama bufando enquanto tira os joelhos do chão e vai até a porta.
Antes de fechar a porta ela diz _ Depois desce pra jantar _
Que estranho eu senti uma energia estranha vindo da adaga, como se ela estivesse pedindo para que eu não deixasse que nem uma outra mão a tocasse. Como se estivéssemos ligados.
Desperto em um lugar escuro, não consigo saber onde estou. Ouço o meu nome ser chamado repetidas vezes por uma voz suave, mas grave.
_ Alan, Alan, Alan ...
_ Quem é? Pergunto, mas a voz não responde e continua a chamar pelo meu nome _ Alan, Alan
Uma porta se abre clareando um pouco o lugar que estou, passeio rapidamente os meus olhos pelo local, mas tudo está tão confuso em minha mente. Caminho até a porta e sigo por um caminho de pedras e encontro uma grande árvore no final com uma única maçã vermelha e suculenta, mesmo que eu não queira que minha mão se estenda até ela, ela vai de encontro a maçã e a puxa do galho derramando da ponta do caule uma gota de sangue.
Levo a maçã até a boca, e a mordo com uma imensa vontade, olho para a mordida e vejo novamente sangue, só que dessa vez dentro da maçã. Ele jorra feito água me molhando inteiro, olho para o meu corpo e ele está coberto pelo sangue que sai da maçã.
Minha garganta começa a coçar, algo está querendo sair, uma tosse frenética sai do meu pulmão me fazendo agonizar até cair sob o chão. O ar já é quase mínimo, sinto que vou morrer aqui nesse lugar.
Já com a visão turva por conta da falta de ar. Vejo um sapato preto masculino de bico fino se aproximando do meu rosto, uma mão encosta e segura minha garganta, me levanta e me deixa de joelhos.
Não consigo enxergar nitidamente o rosto, mas sei que é um homem. Em segundos o engasgo passa e o ar volta para os meus pulmões.