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Rebeca acordou e olhou pela janela do quarto. Era uma linda manhã ensolarada, mas ela se sentia triste e não entendia o motivo. Por um momento, relembrou a conversa com Matteo antes de dormir.
- Por que estou me sentindo assim? Preciso parar de pensar nisso. Vou aproveitar o domingo para fazer coisas que gosto... cozinhar, ler, assistir uma série. Logo essa sensação passará...
Pouco tempo depois, o telefone toca. Era um número desconhecido. Rebeca pensou:
- Deve ser ele de novo. Não vou atender! Não posso permitir que ele entre na minha vida e, daqui a duas semanas, tenha que encarar a realidade. Provavelmente ele está me procurando apenas por uma companhia temporária, sem nenhuma responsabilidade emocional. Não vou mais permitir sofrer por ninguém!
Rebeca decidiu não atender a ligação e seguiu com seu plano de aproveitar o dia fazendo atividades que lhe traziam prazer. Ela estava determinada a proteger seu coração e não se deixar envolver em situações incertas.
O telefone para de tocar e em seguida chega uma mensagem:
Matteo: o que vai fazer hoje? estou pensado em ir conhecer um restaurante que me indicaram.
Beck: que legal...vai sim.
Matteo: você quer ir comigo?
Rebeca ficou paralisada. Não queria responder que sim, porém sentia muita vontade de ver Matteo de novo.
Beck: hoje não posso!
Matteo: o que vai fazer? andar da sala pra cozinha e da cozinha pro quarto senhorita? realmente isso vai te ocupar o dia todo.
Beck: muito engraçado!
Matteo: por favor Rebeca...você não tem desculpas hoje. é domingo...
Beck? Que horas?
Matteo: hahaha
Beck: se não disser, vou desisitir.
Matteo: te busco às 12h.
Rebeca deixou o telefone do lado e começou a ficar tensa.
-O que vou fazer? Sou uma idiota! Por que eu disse que iria? O que vou vestir?
Rebeca correu para a frente do guarda-roupas em um misto de ansiedade e pânico.
- Não posso ir com uma roupa muito justa... ele pode pensar que estou tentando chamar atenção. Mas também não posso ir com algo muito solto... não sei o que fazer. Estou me sentindo como uma idiota adolescente.
Respirando fundo, ela decidiu não pensar demais e ser quem sempre foi. Afinal, Matteo estaria indo embora em duas semanas, e não valia a pena se preocupar com o que ele poderia pensar dela.
Beck escolheu um vestido branco tubinho que destacava seus longos cabelos castanhos escuros. Era solto o suficiente para lhe proporcionar conforto, mas ao mesmo tempo ajustado para realçar suas formas. Ela não costumava usar muita maquiagem, preferindo um visual mais natural.
Sentindo-se confiante com sua escolha, Rebeca sorriu para si mesma no espelho. Ela estava determinada a aproveitar o dia e não deixar suas inseguranças a impedirem de ser ela mesma.
Pontualmente, Matteo enviou-lhe mensagem:
Matteo: Estou aqui embaixo.
Beck: Vou descer.
Quando Matteo viu Rebeca pela primeira vez sem as roupas de treino e com o cabelo solto, ficou impressionado. Seu olhar percorreu seu corpo, admirando a mudança de visual.
- Como ela está diferente! - pensou ele, surpreso com a transformação.
Matteo notou como o vestido branco realçava a beleza natural de Rebeca, destacando seus traços e seu corpo. Ele não conseguia evitar sentir-se atraído por aquela mulher intrigante e forte que estava diante dele.
Com um sorriso nos lábios, Matteo aproximou-se de Rebeca e cumprimentou-a, apreciando cada detalhe.
Abriu a porta para ela e como na última vez, se aproximou de Rebeca e puxou o cinto de segurança, travando-o.
-Obrigada! -disse Rebeca.
-Você está linda. - disse ele.
-Você é gentil! - disse ela respirando fundo para sentir mais uma vez as notas amadeiradas do perfume dele.
Havia uma música tocando bem baixinho...ela gostava do som. Ela estava atenta a letra em inglês que dizia: - "...pegue todos os planos que já fez e acabe com eles, vamos levar um bom tempo aqui. Seu corpo é um paraíso..."
- É John Mayer? perguntou ela.
- Sim...você gosta Beck?
- Gosto muito!
Ele repetiu o refrão da música baixinho enquanto dirigia, permitindo-se imergir nas emoções que a melodia evocava.
Chegando no restaurante, Rebeca observou a deslumbrante vista do mar à sua frente. As águas brilhavam sob a luz do sol, criando um cenário encantador.
Sentando-se à mesa, Matteo compartilhou sua opinião sobre restaurantes italianos.
- Beck, este restaurante é italiano. Sou bastante crítico quando se trata de restaurantes italianos fora da Itália. No entanto, dizem que os frutos do mar aqui são os melhores.
Rebeca sorriu e respondeu:
- Adoro frutos do mar. Mal posso esperar para experimentar as especialidades da casa.
Eles se distraíam em uma conversa animada enquanto aguardavam o cardápio, ansiosos para explorar os sabores deliciosos que o restaurante tinha a oferecer. O ambiente descontraído e a companhia agradável tornaram o almoço ainda mais especial.
Enquanto desfrutavam da especialidade do chef e do vinho branco sugerido por Matteo, Rebeca sentiu-se mais à vontade e leve. A conversa fluía naturalmente entre eles, como se não houvesse mais nada que os impedisse de estar ali, aproveitando aquele momento.
Matteo estava encantado com o sorriso de Rebeca, com seus olhos profundos e brilhantes. Ele percebeu que havia algo especial nela, uma mistura única de menina e mulher. O jeito latino de Rebeca ser encantou-o.
Enquanto muitas mulheres ao seu redor pareciam sérias e engessadas, Rebeca era espontânea e destemida, o que o atraía profundamente.
Em meio às conversas e risadas, Matteo sentia-se atraído por Rebeca. No entanto, ele também entendia a complexidade da situação, com sua partida se aproximando em apenas duas semanas. Mesmo assim, ele não conseguia evitar a vontade de saber cada vez mais sobre ela.
- Matteo?
- Oi Beck...
- Você estava distraído...o que foi?
- Nada...disse ele. Vamos pedir a sobremesa?
- Sim. Vai ser uma sobremesa italiana também? - perguntou ela.
- Sim. A comida estava aprovada, então vamos provar o tiramisú? Acho que você precisa de algo com café.
- De acordo! - disse ela sorrindo.
Provaram e aprovaram o cardápio. O vinho certamente deixou Rebeca um pouco tonta, mas ele estava feliz em ajudá-la a se levantar.
- Beck, precisamos ir agora. Vou te deixar em casa.
- Não...vamos ver o mar de pertinho? está uma tarde linda.
Era impossível dizer 'não' pra ela.
Eles caminharam pela praia, descalços, desfrutando de momentos divertidos juntos enquanto ela ria de qualquer coisa, ainda sob a influência do vinho. O som de sua risada era algo que ele adorava. Matteo ansiava por tocá-la, por tê-la em seus braços, por sentir o aroma do corpo de Rebeca... Parecia que ela estava tão próxima e, ao mesmo tempo, tão distante.
- Rebeca...preciso de levar pra casa. Está muito tempo em pé...seu tornozelo ainda está inchado.
- Por que você fica tão preocupado o tempo todo? Eu posso sentar aqui na areia.
- Você está tonta ainda, não sabe o que está dizendo.
- Não estou! Só quero ficar mais um pouco aqui.
Ele se sentou do lado dela e disse:
- Ok. Vou ficar aqui com você e fazer sua vontade...vamos ficar até o sol se pôr. O que mais você quer?
Ela olhou séria pra ele e respondeu triste:
- Quero você Matteo!
- Beck... - falou ele suspirando. Você nem imagina o quanto eu quero você também.
Ele se aproximou do rosto dela quando Beck se afastou.
- Por que está fazendo isso? Por que você me trouxe aqui? Por que está se aproximando e me deixando indefesa? Eu odeio você! - disse ela aumentando a voz.
- Eu não planejei isso também...o que você quer que eu faça? - respondeu ele furioso.
Rebeca levantou com uma intensa raiva e começou a andar rapidamente, sentindo uma pontada de dor, mas se recusava a olhar para trás. Ele correu atrás dela, segurou seu braço e a trouxe para perto de seu corpo, envolvendo-a em um abraço. Com o rosto dela em suas mãos, ele a beijou.
Ela não conseguia mais pensar em nada... Sua mente estava focada na dualidade entre a brutalidade e a ternura dele.
- O que você está fazendo? - perguntou Rebeca quando se afastaram.
- Estou te parando. - ele respondeu. - Vamos para casa, está bem?
- Sim - concordou ela.
Nenhum dos dois pronunciou uma palavra durante todo o trajeto, mas ambos sabiam que havia algo mal resolvido entre eles. Matteo deixou Rebeca em casa, e ela saiu do carro sem se despedir. Ele se sentia impotente, consciente de que iria embora, pois ela estava certa. Ele não queria causar mais dor a ela. Antes de entrar em casa, Rebeca olhou fixamente nos olhos de Matteo, desejando dizer algo, mas as palavras não saíam.
Ela se sentia consumida pelo autodesprezo por ter permitido que, em tão pouco tempo, ele se infiltrasse tão profundamente em sua vida. Rebeca chegou em casa e, ao tirar suas roupas para tomar um banho, ainda podia sentir o cheiro de Matteo impregnado em seu vestido. Como seria se ela tivesse permitido que ele permanecesse perto dela? Essa pergunta insistia em atormentá-la. Ela reconhecia que desde o momento em que se conheceram, havia uma atração intensa entre eles.
Rebeca segurou o telefone enquanto ponderava sobre o que fazer. As opções se desenrolavam diante dela: ligar para ele e abandonar a preocupação de controlar a situação, ou se afastar completamente para evitar um possível caos maior. Surgia também a preocupação de como ele a perceberia se ela tomasse uma decisão. Será que ele pensaria que ela era uma mulher disponível e fácil?
As dúvidas inundavam a mente de Rebeca, deixando-a em uma encruzilhada emocional.