O grande grupo de dignitários e guardas se virou para encará-la; ela abaixou a cabeça e andou na direção oposta. Subindo em um banco próximo, tentou ver onde a menininha poderia estar. Eles tinham planejado esse passeio ao aquário há uma semana e as crianças tinham reclamado, desapontadas, quando descobriram que não poderiam visitar a exibição dos tubarões porque um grupo qualquer de VIPs estaria visitando o aquário no mesmo horário. Especialmente Aisha, a linda menina de sete anos que tinha se aproximado de Amy nos últimos meses desde que ela chegou ao orfanato. Quando ouviu a notícia, Aisha gritou "Não!", soltou a mão de Amy e saiu correndo.
Agora enxergando a menina, Amy pulou do banco e começou a perseguição, sussurrando alto o nome dela enquanto tentava transitar pelo grupo de pessoas.
- Aisha! – chamou de novo.
Ao som da voz de Amy, a menininha se virou e ofereceu seu maior sorriso antes de continuar a corrida rumo à exibição. Mas a única coisa que conseguiu foi bater em um dos dignitários e cair sentada para trás.
- Ah, não! – Amy arquejou. Forçando seu caminho pela multidão, ela chegou no momento em que Aisha era levantada do chão pelo homem mais bonito que Amy já tinha visto. Mas antes que pudesse pegar a criança, um dos guardas apareceu e a segurou pelo braço, impedindo-a de chegar mais perto.
- Parada – o guarda rosnou, e Amy congelou.
Impotente, ela observou Aisha sinalizar para a exibição mais próxima, cheia de empolgação, e depois passar correndo por todos para chegar até lá. O homem parecia confuso ao seguir a menina. A voz alta e clara da criança ressoava enquanto ela indicava os diferentes tipos de tubarão no tanque.
Quando Amy tentou se aproximar, o guarda apertou a mão em seu braço e ela retrocedeu. Balançando o braço para se libertar, ela encarou o guarda, que a encarou de volta.
- Olha, é óbvio que estamos interrompendo alguma coisa, então, se você permitir que eu pegue a criança, nós vamos embora.
Achava que tinha soado autoritária, mas, a julgar pela encarada ainda mais séria do guarda, já não tinha certeza.
Agora Aisha estava falando animadamente sobre os tubarões-derecife. Amy estremeceu. Ela tinha ficado tão entusiasmada ao ouvir sobre o novo aquário que só falou sobre isso durante toda a semana. Amy não podia fazer nada a não ser assistir ao homem pegando a mão de Aisha e levando-a para um dos cantos da exibição, onde apontou na direção de algo. Amy fez um esforço para ouvir o que o homem estava dizendo, mas ele falava muito baixo.
De repente, uma voz feminina esganiçada se sobressaiu ao murmúrio da multidão.
- Francamente, Alteza, já foi ruim o suficiente ter que vir aqui. Você tem que passar o tempo todo com essa pestinha?
Amy imediatamente se irritou e resmungou entre os dentes:
- Ela NÃO é uma pestinha, é uma órfã, sua va- E então, falando mais alto, interrompeu a si mesma:
- Calma. Alteza?! – Ela olhou para o guarda, que ainda segurava seu braço. O sorrisinho malicioso dele respondeu sua pergunta.
- Aquele é o Sheik Bahir Karawi – ele informou.
Virando a cabeça, ela viu uma mulher escultural, uma falsa loira em sapatos de saltos altos demais, fazendo beicinho porque Aisha estava monopolizando o tempo do Sheik. Mostrando os dentes em um sorriso gelado, a mulher colocou uma mão bem cuidada no ombro da menina.
Amy começou a lutar quando ouviu Aisha gritar de dor.
- Deixe a menina em paz! É só uma criança! – esbravejou, começando a se debater.
O sheik levantou a mão, acenando ao guarda para soltá-la. Livre, Amy correu até Aisha e pegou a menina no colo, ofegante.
- Aisha, você está bem?
Virando-se para confrontar a mulher, Amy teve que olhar para cima para encontrar o olhar desdenhoso dela e, por um momento, cogitou derrubá-la do salto. Ficou suficientemente claro para Amy que a loira a tinha analisado de cima a baixo e rapidamente decidiu ignorála antes de enganchar suas garras em volta do braço do Sheik.
Piscando os exuberantes cílios falsos para o sheik, a loira puxou o braço dele e falou num tom açucarado:
- Querido, se já terminou com a benevolência, você me prometeu uma tarde inesquecível e, até agora, nada foi particularmente memorável.
Dando um tapinha indolente no braço dela, o sheik se inclinou e sussurrou em seu ouvido.
Considerando o olhar de raiva que atravessou brevemente o rosto dela, não era o que ela esperava ouvir. Mas, quando o casal se virou para continuar o passeio, ela já tinha no rosto uma expressão que era uma das melhores caras de paisagem que Amy jamais vira.