A PROMETIDA DO SULTÃO LIVRO 2
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Capítulo 7 7

- Fomos a todos os orfanatos, Sheik. O que deseja fazer agora? – Gadi perguntou a Bahir. O guarda moveu o rifle

que segurava e olhou em volta com olhos atentos.

Bahir ajeitou a mandíbula e encostou no carro. Tinha sido uma longa semana de buscas pela sua filha sem conseguir absolutamente nada.

Ainda assim, alguma coisa o incomodava a respeito do último lugar que visitaram. Por que aquela mulher parecia tão familiar?

- Gadi, você notou algo estranho naquela americana com quem a gente conversou?

- O desrespeito dela?

- Isso também – Bahir admitiu. – Mas tinha alguma coisa a mais. Ela era muito específica enquanto falava, mas nem uma vez ela disse que não conhecia quem eu estava procurando.

Gadi concordou.

- Entendo – ele disse, inclinando a cabeça. – Mas você foi ver as crianças.

- Eu vi as crianças na sala de aula, mas tem outros quartos no prédio. Por que um orfanato de Haamas teria uma funcionária americana?

Bahir tamborilou os dedos no carro. A situação toda não fazia sentido.

- Você acha que ela está trabalhando com os rebeldes?

- Como eles saberiam sobre a minha filha? Eu mesmo só sei dela desde... – Ele sacudiu a cabeça e, em seguida, levantou-se e praguejou. – Claro, o aquário! Que droga, ela está lá. Minha filha está lá. Eu já vi a menina!

- Onde, Alteza? – Gadi perguntou, cuidadosamente escondendo sua surpresa com a explosão.

Batendo nas costas de Gadi, Bahir riu e se virou para entrar no carro.

- Não importa. Vamos voltar esta noite e investigar cada canto daquele orfanato até encontrar minha filha. Vamos levar a menina pra algum local seguro. Se for necessário, desmantelamos a rebelião agora mesmo. Não quero que ninguém toque num fio de cabelo da cabeça dela.

- Sim, Alteza.

Enquanto Gadi reunia o resto dos guardas, Bahir descansou suas mãos no teto do carro, observando, distraído, o sol se pôr no horizonte. À noite, ele teria sua filha nos braços. Ele sentiu isso em cada osso do seu corpo. E então, faria de tudo para compensá-la pelos últimos sete anos da vida dela.

Eles voltaram à noite, com as luzes do carro apagadas e os dedos nos gatilhos. Bahir deixou claro que as crianças não deveriam ser machucadas, mas ele queria a filha dele. Ao saírem do carro, os guardas se espalharam, preparados para cercar a casa e bloquear todas as saídas enquanto se apressavam em direção à entrada.

Só que, no final das contas, eles não precisariam invadir o orfanato.

Um súbito bruxulear da chama de uma vela na janela da pequena construção que ficava atrás do prédio principal chamou a atenção dele, que parou e observou atentamente. Seria assim tão fácil?

Bahir estalou os dedos para alertar os guardas, sorrindo ao se dirigir aos fundos da propriedade. A pequena e combativa americana estava se escondendo. Acenando para os seus homens, ele ladeou o orfanato silenciosamente. Alcançando a casa de hóspedes, sem hesitação, Bahir chutou a porta com força, jogando-a contra a parede, e entrou enfurecido.

A cena à sua frente o fez estacar e parar seus homens antes que eles pudessem segui-lo. A mulher estava sentada na beirada da cama, com a mão sobre a testa de uma menina. A criança se mexeu e abriu os olhos, e Bahir se viu encarando os mais lindos olhos azuis que ele jamais contemplara.

Era a mesma criança do aquário.

Sua filha.

- O que você está fazendo aqui? – perguntou a mulher. Ela rapidamente se colocou como escudo entre Aisha e os homens. – Vou chamar as autoridades!

Bahir estava a ponto de destroçá-la quando ouviu a criança gemer. As bochechas dela estavam vermelhas e seu cabelo estava grudado na testa.

- O que tem de errado com ela? – Ele exigiu saber, falando muito alto.

- Você está assustando a menina – a mulher replicou. – Precisa se acalmar.

- O que tem de errado com ela?

- Se o médico tivesse aparecido hoje, como disse que faria, talvez eu pudesse te dizer, mas, ao que parece, um orfanato que não consegue pagar a taxa usual não está na lista de prioridades. Nós achamos que é rotavírus, mas a desidratação está piorando e estou tendo dificuldade em manter a febre baixa.

A voz dela tremeu ligeiramente, mas ela manteve a compostura.

- Deixe-me ver o estômago dela – Bahir exigiu. Ele tinha que ter certeza.

A mulher hesitou antes de balançar a cabeça.

- Não é necessário. Ela já está muito assustada. Aisha é a menina que você está procurando.

Aisha. O nome da filha dele era Aisha.

- Você sabe quem eu sou? Por que você esconderia minha filha de mim? – ele chiou. A raiva o consumia por dentro, mas ele podia ver o medo nos olhos arregalados da sua filha e estava difícil manter o controle.

Amy moveu a cabeça, como se para clarear os pensamentos.

- Olha, eu não sou daqui. Não reconheci você a princípio, mas a Natasha reconheceu e lembrou que a gente já tinha se conhecido no aquário, quando você estava com aquela bisc... loira. Natasha me lembrou quem você era depois que você saiu, mas tudo o que eu vi foram homens armados. E você não foi o primeiro a aparecer procurando por ela. – Os olhos de Aisha estavam fechados novamente e a mulher, notando isso, abaixou o tom da voz. – Dois dias atrás, seus guardas vieram, fazendo as mesmas perguntas. O que eu deveria pensar?

Ela suspirou.

O sangue de Bahir gelou.

- Meus guardas estavam comigo o tempo inteiro. Dois dias atrás, estávamos do outro lado do reino.

- Então não sei quem eles eram, mas não entregamos Aisha pra eles, e não vou entregar pra você.

Se os rebeldes sabiam sobre a sua filha, ela não estava segura aqui, nem essa mulher estaria segura se tentasse confrontá-los. Bahir não ia perder tempo discutindo com uma estranha.

- Como você se chama?

A americana piscou e o encarou.

- O quê?

- Seu nome – ele repetiu, impaciente. - Qual é o seu nome?

- Amy. Meu nome é Amy Mathewson.

- Arrume uma mala, Amy Mathewson. Estamos saindo daqui agora – ele ordenou.

- Desculpe, você não me ouviu? Você não vai levar a menina!

- Ela está em maior perigo ficando aqui do que estará ao meu lado. É a minha filha e vou protegê-la. Especialmente se os rebeldes estiverem procurando por ela. Você vem com a gente e vai cuidar dela.

Levantando-se devagar, Amy levantou a mão para fazê-lo parar de falar e balançou a cabeça.

- Você não está entendendo. Aisha não pode ir a lugar nenhum antes de ser examinada pelo médico. Se ela estiver com uma infecção bacteriana, vai precisar de remédios ou vai piorar. Você não vai tirar essa menina daqui.

- Vamos levar a menina ao médico quando for seguro. Arrume suas coisas agora, ou vai ter que fazer isso com uma arma na cabeça.

- Amy? – Aisha murmurou enquanto abria os olhos e tentava se sentar. – Quem é esse homem?

Colocando um sorriso no rosto, a mulher virou e se inclinou para beijar a sobrancelha suada da menina.

- Esse é um dos Sheiks da Coroa e ele vai levar a gente em um passeio. Você gostaria disso?

- O Kedar pode ir? – Aisha perguntou, virando-se para estudar Bahir.

Ele queria desesperadamente contar a ela que era o seu pai, mas o tempo era essencial.

A americana estava falando de novo, com um tom de voz artificialmente animado:

- Claro, pode levar o Kedar. Ele nunca perderia uma aventura dessas! Vou arrumar uma mala e conversar com a Shatha. Você acha que consegue vir comigo?

Amy obviamente não queria deixar Aisha sozinha com Bahir. Ele aplaudia sua natureza protetora, mas queria deixar uma coisa muito clara.

- Ela vai ficar aqui comigo – ele rugiu. – Está segura comigo.

- Sem ofensa, Vossa Alteza Real ou seja lá quem for, eu não te conheço e não vou deixar essa criança sozinha com você – Amy retorquiu, a voz baixa.

Irritado, Bahir atravessou o quarto pisando forte, puxou as cobertas e lentamente pegou a menina nos braços.

Aisha deu uma risadinha.

- Você é forte.

- E você não pesa mais que uma pena – ele disse, rouco, antes de se virar para Amy. – Podemos ir?

O aborrecimento apareceu rapidamente em seu rosto, mas Amy aquiesceu e foi pegar uma mala no canto.

- Nós deixamos as crianças em quarentena quando estão doentes, na esperança de que não se espalhe para o resto do orfanato. Então, as coisas dela estão aqui. – Ela pegou os frascos de pílulas da mesinha de cabeceira e colocou na mala. – Tenho passado as noites aqui, mas o resto das minhas coisas está na casa principal. Só vou levar alguns minutos para pegar tudo, mas vou precisar falar com a responsável, ou ela vai chamar as autoridades. Vou deixar que você explique a situação pra ela.

- Qualquer coisa pra sair daqui – Bahir murmurou.

Ele sorriu para a filha. Ele tinha uma vaga lembrança de Amália, mas, quando olhava para a filha, podia enxergar sua antiga amante no rosto de Aisha. O mesmo narizinho arrebitado. Os mesmos olhos de um azul cristalino. Mas o formato da boca, a linha do queixo, tudo era dele. Ele não conseguia acreditar que estava a segurando e, ao mesmo tempo, não tinha a mínima ideia do que fazer com ela.

De repente, ele percebeu que Amy estava limpando a garganta. Não tinha noção de quanto tempo tinha ficado parado ali, segurando Aisha.

- Pensei que você estivesse com pressa.

De cara feia, ele a seguiu para fora da casa de hóspedes, seus três guardas abrindo passagem para eles e depois se posicionando aos lados e atrás dele, perscrutando a escuridão com as armas nas mãos. O coração dele doeu ante o pensamento de sua filha presa neste lugar.

- Gadi – ele falou suavemente para o homem que andava à sua direita. – Pegue a mala da menina e dê partida no carro. Vamos sair em alguns minutos.

Ele achou que Amy resistiu um pouco à tentativa do guarda de pegar a mala de Aisha, mas, depois de um breve cabo-de-guerra, ela desistiu e Gadi desapareceu na escuridão.

Quando a americana abriu a porta do orfanato, uma mulher mais velha estava em pé, aguardando por eles.

Amy curvou a cabeça.

- Shatha, esse é...

- Eu sei – Shatha disse, lacônica. – Presumo que ele esteja levando Aisha?

- Estou – Bahir interrompeu, mantendo a voz baixa. – E a americana.

- Amy. Meu nome é Amy – a mulher disse, rispidamente.

- Vá arrumar suas coisas – Shatha ordenou, com calma. – Deixeme falar com Sua Alteza Real em particular.

Bahir notou um respeito nítido entre as mulheres. Quando Amy se afastou rapidamente pelo corredor, ele se viu encarando o descontentamento da mulher mais velha. Erguendo o queixo em um sinal de desafio, os braços mais apertados ao redor da criança, ele disse, obliquamente:

- Ela me pertence. – Ele não queria que Aisha soubesse que era o seu pai antes de estar mais confortável com ele.

- Você sabia da marca de nascença, mas não sabia o nome dela?

- Eu não sabia da existência dela até a semana passada, quando descobri uma carta que nunca me foi entregue. Descrevia as características dela, mas o nome estava borrado.

Por lágrimas, sem a menor dúvida.

- Ela é uma garota especial. É amada aqui e, se não estivesse em perigo, eu não permitiria que ela fosse levada sem lutar. – Shatha fixou um olhar interessado nele e acrescentou: – Por que está levando Amy?

- Preciso de alguém pra cuidar de Aisha enquanto ela não está bem. – Curioso, ele inclinou a cabeça. – Por que ela trabalha pra você?

- Vai ter que perguntar a ela. – Ela se aproximou e retirou um cabelinho perdido no rosto de Aisha. – Está assustada, querida?

- Não – respondeu Aisha inocentemente. – Mas minha barriga está doendo.

A mulher deu um passo para trás.

- Alteza, é melhor colocar Aisha no chão, agora.

- O quê? Por quê?

Assim que ele fez a pergunta, a coisinha bonita em seus braços virou a cabeça e começou a vomitar sobre os dois.

- Por causa disso – Shatha riu. – Vou limpar a menina.

Atordoado, Bahir relutantemente colocou a criança no chão. Aisha imediatamente começou a chorar, e foi com essa cena que Amy se deparou quando voltou.

Enquanto Shatha levava Aisha, a americana deu um sorrisinho zombeteiro.

- Bem-vindo à paternidade.

                         

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