Porém mesmo com a nossa aproximação, perto dos outros alunos ainda tem muitas alfinetadas, as vezes eu pegava ele me olhando do mesmo jeito que em meus sonhos, sei que nesses olhares ha paixão, as mesmas que tem nos meus. A única coisa que me assusta é essa mudança de humor, ele sobre de transtorno bipolar, nunca tinha lidado com alguém com essa doença, confesso que é um pouco assustador.
O homem dos meus sonhos aparece de vez em quando, mas até neles eu mudei, não consigo ver ele como antes, é estranho. Estar nesse mundo paralelo era umas das coisas mais intensas que já vivi, ficava anciosa para poder ve-lo, não vou dizer que a versão que eu inventei não era perfeita, ele tinha o poder, a sensualidade, porém tinha amor por mim.
Consegui um trabalho de meio perido em um escritório, estou fazendo um estágio, trabalhando de secretaria e assistente pessoal. O senhor que é meu patrão é um amor, muito educado e bondoso, tem um sorriso fácil, uma conversa agradável. Aprendo muito com ele.
Ontem fui ao cinema com Rian, ele mesmo estando fazendo o estágio em horários diferentes dos meus, não deixa de me ver um dia sequer. Até o professor gato estava lá, mas nem me olhou.
Hoje o dia está tenso, depois de 1 mês vindo de ônibus eu o perdi. Cheguei mais que atrasada na faculdade, estou correndo pelo corredor como uma louca, só paro quando esbarro com tudo em alguem.
- Meu Deus me desculpa.- falo ofegante.- Professor eu...- gaguejo quando vejo de quem se trata.
- Tinha que ser você.
- Desculpa, é que eu perdi o ônibus e estou atrasada.
- Lhe perguntei alguma coisa?- ele fala irritado.
- Que bicho te mordeu?
- A sua presença já é motivo suficiente para estragar o meu humor.
- Eu hem, te recomendo procurar um médico, pois essa sua bipolaridade não é normal.
- Menina, so me dá um tempo, ontem você só me mostrou quem era.
- O que eu fiz de errado?- Falo encarando seus olhos.- Quer saber? Tanto faz, pelo amor de Deus, como foi que eu errei tanto sobre você.- levo minha mão na boca percebendo que eu falei de mais.
- Do que você está falando?
- droga.- Lembro que o homem dos meus sonhos me disse que Frederic não estava ciente de que ele vinha me visitar no meu subconsciente.- Nada que te interessa. Desculpa por esbarrar no senhor, quer ajuda para pegar as coisas?- Abaixo e começo pegar as folhas espalhadas, olho pra cima e ele está me encarando. - O que foi, algo errado?
- Nada! Só estou te olhando.
- Ok, toma, deixa eu ir.- saio correndo pensando na sua mudança em segundos.- Cara estranho.- Resmungo.- Chego na porta da sala e consigo assistir a aula, na sala ouço rumores que o professor Frederic vai sair, minha mente agradece, mas meu coração se aperta.
Com o fim das aulas fui para biblioteca, tem um livro que a tempos tenho vontade de ler, mas com a correria fui deixando para depois e esse dia nunca chegou.
Chego na recepção e a bibliotecária estava atenta no computador, peço o livro que quero.
- Oi minha querida. Ele está na parteleira 14, no último corredor a direita, se precisar da escada está no corredor ao lado. Que interessante você querer ler esse livro, por cinco anos que trabalho aqui, você é a primeira estudante procurando por ele.
- Gosto de coisas enigmáticas.
- Se eu te pedir uma coisa, você faz?
- Se tiver ao meu alcance, faço sim.
- É que preciso ir resolver um probleminha na secretaria, e não tenho ninguém para dar uma olhada na biblioteca, você poderia ficar uns minutos aqui? É coisa rápida.- ela me fala com olhos suplicantes.
- Claro, só vou pegar o livro e já venho ficar aqui na frente.
- Você é um anjo Lupi. Já volto.
Ela sai e eu começo a rir da empolgação dela, vou procurar o livro no lugar que ela falou.
- Uau, está realmente alto. - murmuro, minha frustração evidente. Vasculho os corredores em busca de uma escada, mas não encontro nada. Retorno, desapontada, e tento alcançar o livro, esticando-me ao máximo. - Só mais um pouquinho...
- Permita-me. - A voz familiar me faz congelar no lugar. Ele está parado atrás de mim, encostado casualmente. O timbre rouco de sua voz envia arrepios pela minha espinha e o calor de sua mão, grande e segura, tocando a minha, provoca uma onda de eletricidade que percorre todo o meu corpo. Lentamente, viro-me para encará-lo, encontrando seus olhos. Só agora percebo o quão sedutor ele pode ser. - É um livro interessante. Não imaginei que você se interessasse por ele.
- Há muitas- coisas que você não sabe sobre mim, professor. - Minha voz sai um pouco trêmula. - Obrigada por pegá-lo para mim, eu realmente não conseguiria.- sorrio em gratidão.
- Não há de quê, Lupita. É apenas um pequeno favor. - Ele devolve o sorriso, mas seus olhos trazem um brilho misterioso. Sinto meu coração acelerar. Dou um passo para trás, tentando recuperar minha compostura.
- E o que te traz à biblioteca? - pergunto, curiosa.
- Digamos que eu também tinha interesse nesse livro. - Ele se aproxima, analisando as prateleiras. - Mas, ao ver você procurando por ele, achei que talvez pudéssemos compartilhar a leitura.
- Compartilhar a leitura? - Fico surpresa com sua resposta. Realmente quer ler ele comigo?- repito, tentando entender suas intenções.
- Sim, Lupita. Acho que temos muitas coisas em comum, e talvez essa seja uma delas. O que acha?- Ele se aproxima ainda mais, seu perfume masculino invadindo meus sentidos. Sinto meu coração bater em descompassado. Essa proximidade é perigosa, mas ao mesmo tempo irresistível.
- Acho... acho que seria interessante compartilharmos essa leitura.
- Então, vamos ler juntos?- Ele sorri e oferece a mão para mim.
Sem vontade de hesitar, mas desconfiada das suas ações recuso segurar em sua mão, ando na frente ele logo vem atrás, seguimos para uma mesa próxima. Sentamos lado a lado e ele abre o livro, os nossos corpos quase se tocando. A medida que avançamos na leitura, nossos olhares se encontram diversas vezes, transmitindo uma cumplicidade silenciosa.
Enquanto lemos, percebo que o professor Frederic é muito mais do que um simples professor. Ele é um homem misterioso, com uma aura de poder e sedução que me fascina. Sinto-me atraída por ele ainda mais, desejando descobrir todos os segredos que ele guarda e saber se ele realmente não sabe que o criei no meu subconsciente.
À medida que as páginas passam, o clima entre nós fica cada vez mais intenso. Os nossos olhares se tornam mais carregados de desejo, a tensão sexual palpável no ar.
Em um momento de coragem, decido provocá-lo. Passo minha mão de forma sutil pelo seu braço, como se fosse algo "sem intenção", provocando um arrepio em sua pele de imediato. Seus olhos se fixam nos meus com uma mistura de surpresa e desejo.
- Lupita... - ele sussurra, sua voz rouca e cheia de desejo. - Você é um perigo para minha sanidade.- ele levanta num impulso, como se tivesse com uma briga interna consigo mesmo, encosta na parede e fica me encarando.
- E você é um perigo para o meu autocontrole, professor.- Sorrio de forma provocadora e me aproximo ficando bem de frente a ele. - Professor... - Minha voz sai quase como um sussurro. Estamos parados, um de frente para o outro, a tensão palpável no ar. Ele se inclina para mim, seus olhos fixos nos meus. Seu rosto se aproxima cada vez mais do meu, a antecipação aumentando a cada segundo.- O que está fazendo?- sussurro.- se não tiver a intenção de continuar, por favor, pare...
- Parar? Eu sei que você deseja isso tanto quanto eu. - Meus olhos se fecham involuntariamente, como se estivessem tentando proteger meu coração. - Daria tudo para provar o doce sabor dos seus lábios.
- Então por que não prova? - Sinto sua respiração pesada e quente perto da minha boca, meu coração bate descontroladamente, mas um ruído súbito me traz de volta à realidade. - Maldição.
- Me desculpe, isso nunca deveria ter chegado a esse ponto. - Ele se afasta rapidamente e eu fico ali, paralisada, tentando processar o fato de que ele estava prestes a me beijar.