- O que foi isso, hein? Estou me sentindo quente aqui. - Digo, brincando, enquanto ela sorri continuando a beijá-lo. Me afasto e vou para o bar, peço uma bebida. Parece que fiquei tão imersa no meu mundo dos sonhos que me esqueci de viver de verdade. Acho que nem sei mais como beijar. - Acho que estou enferrujada. - Resmungo, vendo todos os meus amigos já acompanhados e se divertindo. Fico olhando meu quarto copo, distraída em meus pensamentos, quando aquela voz que atormenta meus sonhos sussurra em meu ouvido.
- Oi, senhorita Tavares. Percebo que você está um pouco perdida aqui.
- Oi... - Gaguejo e ele ri.
- Está nervosa?
- Talvez um pouquinho. Você causa essa reação em mim. - Ele encara meus olhos e só agora percebo o quão intenso é o seu olhar. E pela primeira vez vejo ele sem terno, seus cabelos estão bagunçados, a camisa branca com alguns botões abertos. Nossa, ele está muito lindo.
- Muito bom saber disso. - Ele toma um gole do seu uísque, sem desviar o olhar dos meus. - Queria te pedir desculpas!
- Pelo quê?
- São tantas coisas, mas a principal é ter te tratado tão mal.
- Você realmente me tratou mal, não sei se te perdoo. - Brinco. - Relaxa, já esqueci.
- Lupita? Quando você disse que se enganou comigo, o que você quis dizer? - Encaro meu copo e viro todo o líquido de uma vez.
- Durante um ano, você foi meu namorado. - Dou um sorriso sem graça. Ele me olha como se eu estivesse louca.
- Oi?
- Vou te explicar. Eu criei uma imagem de você no meu subconsciente, e esses sonhos foram se tornando cada vez mais intensos. Com o tempo, acabei me apaixonando pela imagem que construí de você.
- Como isso é possível? - Ele pergunta, como se estivesse se questionando.
- Não sei lhe dizer, professor.
- Você sabe que eu não sou mais seu professor, não é?
- Sim, eu sei! - Fico encarando seus olhos por um tempo, mas ele sai sem falar nada.- Esse cara deve ser doido. Com certeza.
Cansada da música alta e de ter homens se aproximando muito de mim, decido esperar meus amigos fora da boate. Me encosto no carro e fico perdida em pensamentos, olhando para o céu. Percebo que nunca parei um tempo para admirar o quão linda é a lua.
Por um momento, conversando com Frederic, pensei que ele era o homem que invadia meus sonhos. Ele falou de maneira tão calma, tão carinhosa, que quase pensei que ele tinha se teletransportado só para me ver.
- A noite está linda, não é?
- Professor? - Falo num sussurro, assustada, pois estava tão distraída que nem percebi que ele tinha se aproximado.
- Desculpa, não foi minha intenção te assustar.
- Não tem problema. Já reparou que você tem se desculpado bastante nos últimos dias.
- Como não perceber? Sempre que você está por perto, acabo perdendo o controle. - Ele me olha e se aproxima um pouco mais. - Você está linda.
- Oh! Você reparou? - Falo surpresa. - Obrigada. Você também fica muito bonito sem usar seus ternos.
- Às vezes é bom mudar.
- Sim! - Encaro seus olhos e pergunto o que vem me incomodando nos últimos dias. - Professor?
- Oi?
- O que exatamente você quer de mim? Por que sempre aparece quando estou sozinha?
- Talvez o que eu queira seja a mesma coisa que você.
- E o que é que eu quero, professor? - Falo um pouco baixo, provocando.
Ele já está na minha frente, seus olhos fixos nos meus, sua respiração pesada me faz questionar se, finalmente, ele vai tomar coragem de me beijar.
- Sabe quanto tempo esperei para te ver sozinha?
- O que você quer?
- Um beijo seu!
- E por que você iria querer um beijo de alguém que tanto despreza?
- Te desprezei porque acreditava que seria seu professor, mas agora nada mais me impede de fazer o que eu quero. E, ouvindo sua história, percebi que eu poderia transformar seu sonho em realidade.
- Não sei se você seria capaz de ser tão bom quanto era nos meus sonhos! - Provoco, sem desviar o olhar do dele.
- Acredito que posso ser melhor! Deixa eu te mostrar.
Ele me empurra contra o carro, seu corpo colado no meu, sinto seu hálito quente no meu pescoço enquanto ele deposita um leve beijo ali.
- Céus...
- Isso é só o começo. - Ele fala com um sorriso sedutor.
- E o que está esperando?
Meu coração está parecendo que vai sair pela boca, seu rosto se aproxima lentamente do meu, sua boca logo toca a minha. Prendo minha respiração, surpresa por isso estar realmente acontecendo. Não demora muito para sua língua invadir minha boca, fazendo-me soltar um pequeno gemido entre o beijo. Frederic envolve seu braço em volta da minha cintura, apertando com firmeza contra seu corpo.
Santo Deus, que beijo gostoso é esse? Que pegada é essa? Meu corpo amolece nos seus braços, mal consigo sustentar meu peso. Cada vez mais, seu beijo fica ainda mais intenso. Até que ele vai parando o beijo lentamente e separando nossas bocas, selando com pequenos beijos. Ainda segurando forte na minha cintura, ele me olha.
- Nossa, você superou todas as minhas expectativas, marrenta! Sua boca é incrível e o sabor dela... é simplesmente viciante.- Ele diz, voltando a me beijar. Depois de um tempo delicioso nos beijando, ele se afasta, sem dizer uma palavra vira e sai andando.
- Ahhh, mas que filho da mãe! - Resmungo frustrada. - Saiba que eu te odeio, Frederic.
Ele olha para trás, com um sorriso de canto.
- Saiba que o sentimento é mútuo, Senhorita Tavares.
- Idiota!
- Mimada.
E assim ele segue andando, como se nada tivesse acontecido, deixando-me com aquele gostinho de quero mais, respiração descontrolada, pernas bambas e com muita raiva desse jeito estranho dele.