Mãe por acidente
img img Mãe por acidente img Capítulo 6 Um problemão
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Capítulo 15 Velho clichê img
Capítulo 16 O café img
Capítulo 17 Gafe img
Capítulo 18 Onde for img
Capítulo 19 Sem resposta img
Capítulo 20 Medo img
Capítulo 21 Muito pequeno img
Capítulo 22 Família img
Capítulo 23 Intrusa img
Capítulo 24 Minha insegurança img
Capítulo 25 Sem controle img
Capítulo 26 Nao poder img
Capítulo 27 Happy img
Capítulo 28 Não img
Capítulo 29 Revelação img
Capítulo 30 Suas escolhas img
Capítulo 31 Lembranças img
Capítulo 32 Sem rancor img
Capítulo 33 Destemida img
Capítulo 34 Sem pressão img
Capítulo 35 Frescor img
Capítulo 36 Meu lugar img
Capítulo 37 Eu sei img
Capítulo 38 Um inseto img
Capítulo 39 Desejo contido img
Capítulo 40 Saudade img
Capítulo 41 Amigas img
Capítulo 42 Grande engano img
Capítulo 43 Menina má img
Capítulo 44 Meu desejo img
Capítulo 45 Início img
Capítulo 46 Quando puder img
Capítulo 47 Se entregue img
Capítulo 48 Meu erro img
Capítulo 49 Sou sua img
Capítulo 50 Nosss conflitos img
Capítulo 51 Adivinhação img
Capítulo 52 Nem sei por onde img
Capítulo 53 Miragem img
Capítulo 54 Te desejo img
Capítulo 55 Tudo errado img
Capítulo 56 Grande mal img
Capítulo 57 Perfeito demais img
Capítulo 58 Não precisa ter medo img
Capítulo 59 Meio img
Capítulo 60 Coincidência img
Capítulo 61 Foi errado img
Capítulo 62 Traição img
Capítulo 63 Destino img
Capítulo 64 Me diz img
Capítulo 65 Tão pequeno img
Capítulo 66 De volta img
Capítulo 67 Tão errado img
Capítulo 68 Ter voltado img
Capítulo 69 Eu ouvi img
Capítulo 70 Vitória img
Capítulo 71 Não é invenção img
Capítulo 72 Vilão img
Capítulo 73 Oque mudou img
Capítulo 74 O fim img
Capítulo 75 Verdades não ditas img
Capítulo 76 Depois img
Capítulo 77 Prólogo - próximo livro img
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Capítulo 6 Um problemão

- Sério? - eu a interrompi, dando as costas para ela e me virando para Luck. - Luck... - sussurrei, olhando para ele, que me olhava como se não estivesse entendendo.

- Que porra é essa? - ele respondeu em um tom grosseiro. Sua face estava tomada pela raiva.

- Oque você está fazendo? - Questionei como se nós dois tivéssemos algum grau de intimidade.

- Amor, o que tá acontecendo aqui? - Ela se levantou, ficando entre nós. - Você a conhece, por acaso? Quem é ela? O que ela quer? - Ela cuspiu uma sequência de perguntas sem dar espaço entre elas.

- Amor? - sussurrei, olhando para ele, sentindo confusão instantemente. Eu definitivamente não sabia que ele tinha alguém. Foi um choque tão grande para mim, que uma onda de vertigem me atingiu. Ele estreitou os olhos, fechando a boca e estalando o maxilar. Eu nunca havia visto aquela face furiosa de Luck, nem no dia em que dormimos juntos. senti-me como uma gazela indo ao encontro do lobo.

- Ela não é ninguém - ele respondeu, enfim. Mas eu vejo, eu vejo o brilho escuro em suas pupilas, o lampejo de advertência. O ódio.

- Apenas uma assessora da campanha do meu pai. Por que não vai lá pagando já que estamos de saída? - Ele pegou o cartão de crédito e o deu na sua mão. Em seguida, levantou da cadeira, deixando-me sozinha. Comecei a segui-lo, eu precisava de uma explicação. Saímos. Ele seguiu caminhando rapidamente na minha frente, até que entrou em um beco ao lado da Starbucks e agarrou com violência meu pescoço, pressionando-me na parede. Bati a cabeça com força.

- Que porra foi aquela? Qual é o seu problema? Eu te conheço, por acaso? Eu queria responder, mas estava assustada. O modo com que ele me pressionava e segurava o meu pescoço estava me deixando sem ar.

- Eu... Eu... a festa de formatura - consegui dizer, por fim, enquanto tentava apoiar meus dedos em sua mão para tirá-la de mim. Ele soltou o meu pescoço e senti as lágrimas descerem freneticamente pelo meu rosto.

- E daí? - ele soltou. Em seguida, passou a mão pelos cabelos, andando de um lado para o outro. - Aquela ali é a minha noiva! - Ele parecia histérico, estava gritando.

- Mas nós dois... na noite de formatura... - disse, ainda rouca pelo seu aperto no meu pescoço.

- Mas o que você estava pensando? EU COMO PUTAS COMO VOCÊ todo maldito final de semana. O que você queria? Que fosse especial? Um anel de noivado? Por favor, garota, eu nem te conheço! Fica longe de mim e da minha noiva antes que eu entre com uma merda de restrição. Sua psicopata de merda. Olhei bem nos seu olhos, alisando meu pescoço de um lado para o outro. Como ele podia me tratar assim, me agredir? Aquele não se parecia em nada com o Luck gentil que eu sempre via sorrindo e brincando.

- Você vai ficar longe de mim, porra. Vai sumir da minha vida. Apenas balancei a cabeça, olhando em qualquer lugar, exceto em seus olhos.

- Ok. E-eu sinto muito, não era minha intenção te incomodar. - Baixei o olhar e saí correndo em direção à rua.

Não voltei à Starbucks, muito menos chamei Mateus para que me levasse de volta para a escola. Sinalizei para um táxi qualquer e retornei. Cheguei em casa e chorei até adormecer; não me lembro de ter sido tão humilhada em toda a minha vida. Eu acreditava que ele era um cara legal. Jesus! Porque eu simplesmente não ouvi as minhas amigas? dei a ele a minha virgindade, meu primeiro beijo. Como ele pôde fazer aquilo comigo? Ferir-me daquela forma? Eu desliguei o celular, não queria perguntas sobre o que havia acontecido. Provavelmente minha mãe desembarcaria no Tennessee por eu não ter voltado com Mateus nem ter atendido seus telefonemas. Mas quer saber? Eu não estava nem aí, só queria chorar, ficar sozinha. Acordei às 8h da manhã, eu havia dormido cerca de treze horas. Estava com uma dor de estômago torturante, provavelmente resultado do cappuccino que mal desceu ontem à tarde. Levantei devagar para ir ao banheiro. Quando me olhei no espelho, eu estava péssima, pálida, olhos inchados, nariz ainda vermelho e o pior, o pescoço marcado. Claramente marca de mãos. Aquilo fez meus olhos voltaram a se encher de lágrimas, era a prova do que tinha realmente acontecido. Passei a mão pela pele arroxeada e dolorida. Chorei baixinho enquanto lavava o rosto. Lembrar do que Luck havia me feito me trazia náuseas. Para tentar me distrair, fui mexer no Google, evitando ao máximo as redes sociais. Incrivelmente, fui parar em um blog que falava sobre síndrome de Estocolmo. E a parte que mais me surpreendeu foi que, diferente do que eu imaginava, a síndrome de Estocolmo não era uma característica apenas de pessoas sequestradas. Há uns anos atrás uma nova linha de estudos caracterizava a síndrome de Estocolmo também como um fenômeno psicológico em que a vítima começa a sentir simpatia por seu agressor, tirano e até estuprador. Mesmo que você não esteja reclusa ou tenha sido levada por ele. Uma parte muito interessante da matéria, dizia que a síndrome de Estocolmo não é uma síndrome propriamente dita, nem uma doença ou transtorno mental no sentido usual da palavra. E sim uma variante da defesa psicológica, ou estratégia de enfrentamento para lidar com o estresse excessivo que se desenvolve em uma situação traumática. Tal como abuso físico ou mental. Foi aí que eu entendi tudo. Meu corpo tremia de lágrimas que queriam descer, mas eu simplesmente não podia ceder, porque se eu fizesse isso, iria cair tão feio que provavelmente não aguentaria. As batidas altas na porta me deram um susto. Provavelmente era Madeleine para me buscar.

- Só um segundo - respondi. Vesti uma blusa de gola alta e atendi. Surpreendentemente eram Vivian e Alice, que entraram me dando fortes abraços.

- Vadia, você tá mal - Vivian comentou, me olhando de cima a baixo. - E essa blusa é horrível.

- O que te deu, Nicole? Você sumiu sem dar notícias, ficamos preocupadas.

- Eu só não estou muito bem. Acho que estou gripada.

- É, você parece gripada. Se quiser, podemos ir ao médico com você.

- Agradeço, Vivian, mas não é necessário. Já estou me medicando.

- Ok? Tem certeza que não quer nos dizer nada? - Alice comentou, sentando-se na minha cama.

- Hã.... não... Como disse, apenas estou mal por causa da gripe. - Tentei não as encarar para que não percebessem minha mentira.

- Hei, Nicole, por quanto tempo vai continuar com isso? Nós já sabemos. É impossível não perceber quando olhamos para você. Olhei para Vivian, suando frio.

- Eu sinto muito, meninas. Pensei que daria certo, nunca imaginei que chegaria a esse ponto. Eu queria, pelo menos uma vez... - Desabei em lágrimas.

- Shiiii. Ei, mas não é certo ficar fugindo do Mateus. Ele vai acabar falando com a sua mãe. Ter regras não é ruim.

- Vivian rolou os olhos. - Cedo ou tarde, você ter que assumir a empresa da sua mãe. Não fique assim, isso pode ser bom para você. O que? Como assim? Pensei que elas estavam falando de Luck, mas elas achavam que eu estava mal porque teria que ir embora. Pensavam que estava surtando porque não queria mais aceitar as regras de Madeleine.

- Quando chegamos à Starbucks ontem e não te encontramos, ligamos para o seu celular e você não atendeu. Em seguida, ligamos para Mateus ele disse que a havia deixado lá meia hora antes. Não quisemos criar alarde, então dissemos para ele que, provavelmente, você precisava de um tempo sozinha para se acostumar com o fato de que terá que ir embora.

- Claro, fizemos isso depois de ligar para a escola para verificar se alguém tinha te visto subir. Eu sei que não é fácil - Alice me deu um abraço de urso. - Mas podemos nos ver durante os finais de semana. Não precisa quase nos matar do coração. - Ela afrouxou o abraço e limpou minhas lágrimas. - Bom, agora chega dessa conversa mórbida. Que tal almoçarmos juntas hoje? Fiz uma cara de poucos amigos e neguei.

- Nicole, isso é uma intimação, vamos aproveitar nossos dias juntas. - Vivian fez um biquinho dramático.

- Verdade! Você vai nem se for arrastada! - Alice levantou da minha cama me encarando.

- Tá bom - acabei concordando, já que elas estavam irredutíveis. Fingi tampar meus ouvidos quando elas gritaram, histéricas. Na hora do almoço, apenas belisquei a comida, eu havia perdido o apetite. Meu corpo estava lá, mas meus pensamentos, em Luck.

            
            

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