Capítulo 7 VI - Capítulo 6

Decididos a sair para ver o corpo nas proximidades da torre de bronze, Lika, Kilvana e Mil procuraram pela casa por um sinal de presença da Ilda, no entanto, ela não estava e a coisa mais estranha é que ela não havia se despedido. Ela não tinha aquele comportamento.

– Onde terá ido ela, sem ter despedido? – numa voz baixa, Mil colocou a questão, mas antes mesmo de sair juntamente com as duas meninas Mil escutou uma resposta inesperada.

– Estou aqui, meu amor! O que houve?

As duas meninas haviam voltado ao quarto com o intento de se prepararem para a saída até ao bairro da torre de bronze. Agora Mil estava na sala e assustado com o repentino som proveniente da boca da sua esposa. O homem virou e deu de cara com a sua amada que ilustrava uma serenidade no rosto.

– Procuramos por todo lado e todo canto da casa, mas não...

– Calma. Estou aqui, estava no porão a limpar. – após ter dito as primeiras palavras, ela deu uma pausa na sua fala, no entanto, depois continuou. – A refeição já está pronta.

– Agora temos que ir. Liguei para Lodji e ele disse-me que encontraram corpo de uma menina com características muito idênticas a da Lika.

– E por isso que vocês querem ir até lá? Para ver o corpo? – surpresa Ilda perguntou ao marido que respondeu de imediato.

– Claramente. Pode juntar-se a nós.

– Vais com a Lika, sério?

– Sério. Ela quer ir.

– Você sabe que ela não lida muito bem com casos assim.

– Eu sei, mas talvez seja a hora dela superar esse trauma.

– Espero que funcione, mas tenho medo que aconteça algo sério por lá.

– Eu sei, mas não há outro jeito de saber a não ir até lá. Prometo que se algo acontecer de errado vou sair de lá com ela de imediato. – disse Mil se aproximando da sua amada para lhe fazer carinho nas linhas do rosto.

– Está bem, mas eu prefiro ficar. Qualquer coisa é só me ligarem. Mantenham-me atualizada.

Mil havia se esquecido de mencionar o facto de a Kilvana fazer parte daquele passeio que já havia sido planificado para exactamente naquele momento. O enfermeiro sentia que já estava atrasando, visto que tinha um prazo de no máximo uma hora para chegar no bairro da torre de bronze e ver o corpo.

– Não se preocupe, vamos manter-te atualizada sempre e caso tenhamos alguma informação sobre o Semião também diremos alguma coisa, está bem? – disse Mil mas depois apercebeu-se que havia esquecido de dizer algo, então aproveitou o momento para dizer. – Opah, havia me esquecido, iremos com a Kilvana também.

– A amiga da Lika? Sério?

– Sim.

– Está indo longe demais.

– Longe demais? Só da gente ver o corpo?

– Sim. Acho que não precisam disso. Precisam?

– Eu prefiro ir até lá, pois quero me sentir em paz.

Sem entender a ideia do esposo a Ilda ficou em silêncio e olhou para Mil com descrença. Era como se uma discussão tivesse sido activada para acontecer em imediato. Ilda respirou fundo com a esperança da acção lhe ajudar a controlar as suas emoções.

– Meu amor, não precisam ir até ao bairro da torre de bronze.

– Ilda, relaxa. Nada de errado vai acontecer, não sejas pessimista.

– Não estou sendo pessimista, apenas estou sentindo algo...

– Olha para mim. Respira fundo e repita comigo; nada de errado vai acontecer.

Ilda acatou as palavras do esposo, mas com desânimo na sua voz, a sua sensação ruim continuava lhe assolando. Ela sentia que algo daria errado nesse passeio. Não era um lugar distante dali, mas mesmo assim não era necessário uma distância considerável para que o pior acontecesse. A maldição não tem nada a ver com a distância.

– Vem, me dá um beijo, vai. – disse Mil em forma de consolo e a Ilda deu um beijo ao seu esposo no mesmo momento que Lika e Kilvana apareceram diante do casal.

– Mãe, já voltou. UAU, que bom. Vamos juntos. – logo que a Lika viu os seus pais disse.

– Sim, já estou aqui, mas não irei convosco, minha querida.

Lika e Kilvana se aproximaram do casal a passos largos como se a pressa não as permitissem mais um segundo de atraso.

– Porquê não, mãe?

– Porque quero ficar a organizar o porão. – disse Ilda e logo de imediato Mil olhou para ela com uma cara incrédula, pois a informação estava coerente, mas preferiu não falar nada, no entanto Ilda havia percebido que o marido caçara aquela lacuna na sua desculpa, mas dava para ser levada em consideração.

De repente o celular do Mil começou a tocar. Ele tirou o dispositivo do bolso, viu que a ligação era do Lodji, e assim teve uma sensação de que o irmão diria que já estavam muito atrasados e não teriam mais como ver o corpo. Atendeu.

– Sim.

– Mil, sinto muito em dizer que não terão mais como ver o corpo. A ambulância já chegou. É algo que vai entrar na história; a ambulância chegar em tempo recorde.

– Opah, eu já estava preparado para sair. Na verdade estávamos preparados para sairmos.

– Assim queriam sair com a Lika e a Ilda né?

– Não. Com a Lika e a Kilvana.

– Kilvana?

– Sim. Filha do padre.

– Hamm, estou a ver.

– Então, assim... Temos uma outra forma de ver o corpo?

– Não, mas tirei algumas fotografias.

– Que bom. Muito obrigado.

– De nada irmão.

– E a situação do Semião? Qual é a actualização?

– Até então não há nada novo sobre isso. Teremos novidades depois dos dados que consiguiremos no corpo encontrado na casa dele.

– Está bem.

Quando Mil falava ao celular os olhos das outras eram a curiosidade materializada. E logo que desligou em uníssono as três disseram:

– Actualização?

– Infelizmente, já não é preciso a gente ir, a ambulância já chegou e levou o corpo. E sobre Semião, até então não há novidades. Estava a falar com Lodji.

Ilda de imediato ficou aliviada e agradeceu para ninguém.

Todos ficaram assustados quando de repente um carro começou a causar fragor nas proximidades da casa. O alarme havia sido activado e em seguida um estrondo estranho soou.

– O que é isso? – quase todos disseram a mesma coisa em simultâneo.

Mil correu até a janela para ver o que era e foi aí que viu algo que gelou a sua espinha. Não era possível o que estava diante dos seus olhos, aquilo era...

Continua.

            
            

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