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Era algo fora deste mundo. Algo que tinha uns 3 metros de altura com uma pele preta como carvão e viscosa. Mil olhou e não acreditou assim como as outras correram curiosas para ver o que o Mil estava vendo. Era dotado de garras ensanguentadas o que chamava mais atenção.
A cabeça da criatura era uma cópia exacta de um lobo com olhos vermelhos. Ninguém conseguiu processar aquele informação visual por conta da sua complexidade para uma mente. Muitas questões brotaram de todos e o medo invadiu o interior de cada um. O que era aquela coisa?
Tinha uma estrutura de um corpo humano, mas a cabeça era de um lobo. Quando virou os seus olhos para a janela onde a família estava, exibiu a sua longa língua e também os seus dentes mortíferos, afiados no seu último ápice para uma execução à presa sem nenhuma opção de fuga.
Os olhos de todos ficaram arregalados e a coragem perdeu-se, fazendo com que o Mil fechasse a cortina da casa às pressas. Ele correu, gritando, diretamente à porta para trancar.
– Escondam-se, escondam-se agora!!! – disse o enfermeiro correndo, sentindo o seu peito batucar por conta do medo que eclodiu de uma forma repentina.
A criatura rugiu exactamente no momento que a cortina foi fechada. Mil conseguiu trancar e de imediato distanciou-se da porta. As duas adolescentes e a mulher haviam corrido até ao quarto do casal na casa, onde julgaram seguro.
O que se esperava aconteceu no momento que Mil se dirigia ao quarto também. A criatura dos infernos agrediu a porta com uma força impossível e derrubou o objecto, assim entrando na casa de imediato. Algumas pessoas que passavam por ali conseguiram ver a criatura ali invadindo a casa da família e não deixaram a curiosidade lhes guiarem, saíram dali sem mais nem menos segundos.
Mil sem nenhuma ideia ali ficou parado. Não sabia o que fazer e nem o que pensar, agora ele era um alvo muito fácil de ser eliminado. Olhou nos olhos da criatura sem nenhuma coragem e recebeu o olhar da coisa de volta, onde ele teve certeza que a sua morte era certa o que lhe restava era simplismente se despedir de todos que ali se encontravam.
Doutro lado, as três estavam tentando se manter em silêncio, sentido um medo tão grande que até tinham receio de respirar, era algo de tirar o fôlego. O pavor estava estrangulando a cada uma naquele quarto onde estavam num abraço colectivo.
– Minhas filhas, orem dentro dos vossos corações e nós venceremos o nosso inimigo dentro da nossa casa. – Ilda disse encorajando as duas meninas, no entanto ela também sentia um pavor que era imensurável.
As duas começaram a orar com todo fervor, mesmo que os rugidos da criatura soassem cada vez mais altos.
A passos curtos e lentos Mil foi dando retaguarda na direção da mesa, enquanto isso a criatura rugia e olhava para ele como se estivesse num estado de análise comportamental da sua presa para em seguida atacar. Mil continuou até que chegou na mesa onde de imediato para se defender pegou numa cadeira e colocou à sua frente como o seu escuto e nesse exacto momento a criatura deu alguns passos e lhe alcançou, assim desferindo um golpe com um dos seus membros superiores que lançaram Mil contra a parede, onde a cabeça sofreu impacto contra a parede e a cadeira seguiu um destino incerto.
Sangue escapou da sua têmpora e não levou muito tempo para o mesmo ficar inconsciente. Após isso a criatura olhou em todas as direções, talvez a procura de outras vítimas, mas não conseguia ver mais ninguém além do Mil que estava ali na superfície desfalecido. Parou por alguns segundos e depois, como se algo tivesse lhe chamado, com muita calma caminhou tendo como destino quarto do casal da casa, neste caso, o quarto do Mil e da Ilda.
As orações das três intensificavam-se e agora não só as palavras eram pronunciadas nos corações, mas também pelos ares, o fervor existia lá nas palavras carregadas de fé. A porta de repente foi arrancada por uma força descomunal e era da criatura com cabeça de um lobo. Esta entrou no quarto e no mesmo instante Kilvana gritou de pavor assim chamando atenção da maldição que não demorou em investir na direção dos três que se dispersaram. Kilvana foi atingida com as garras da coisa, que encontraram as suas entranhas e rasgaram tudo, as vísceras transformaram-se numa autêntica exposição horrorosa que ninguém teria a coragem de olhar sem sentir o estômago ansiar vómito.
De imediato as duas, mãe e filha fecharam os olhos diante da cena que nunca imaginavam que teria o azar de ver. Kilvana não teve forças de gritar, apenas olhava para a sua barriga aberta e com os seus intestinos a baloiçar. O sangue era um dos ingredientes que pintava o chão. A criatura se divertia com aquilo e com a sua língua que parecia aspirador sugou o sangue em segundos, deixando a adolescente completamente sem mais o líquido sagrado, a vida.
Kilvana caiu no chão sem vida. Ilda numa tentativa, talvez falha, abriu a janela, pois estava perto da mesma e chamou a sua filha:
– Venha filha... – ela disse com uma gota de esperança no seu coração que transmitiu para a sua voz.
Trémula, Lika continuava ali, com os olhos fechados vencida pelo pavor e sem nenhuma esperança, aguardava pela sua morte, uma morte grotesca como a sua melhor amiga ou pior. A criatura ficou no silêncio olhando para a sua vítima, com uma calma preocupante e já se preparava para virar e atacar a Lika.
– Filha, venha... Tenho uma saída, corra!!! – desesperada, Ilda gritou e Lika mais uma vez nada respondeu, continuando no mesmo estado.
A criatura virou na direção da Lika depois do grito da Ilda, como se fosse um sinal para atacar.
– Filha, venha... Por favor. – finalmente Lika abriu os olhos e correu até à sua mãe, os seus movimentos foram tão cruciais que evitou ser atingida pelo golpe das garras da criatura peculiar que rugiu pela sua falha de acertar a sua presa.
Ilda e Lika saíram pela janela e correram por uma distância considerável, porém pararam pelo caminho quando se deram conta de que além da Kilvana, mais alguém havia ficado na casa e não sabiam se ainda estava em vida ou já havia sido aniquilado.
Continua...