Confusões do Amor
img img Confusões do Amor img Capítulo 9 Momentos bons °
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Capítulo 10 Altos e baixos ° img
Capítulo 11 Perseguida ° img
Capítulo 12 Salva por ele ° img
Capítulo 13 Medo ° img
Capítulo 14 Em apuros ° img
Capítulo 15 Um pedido ° img
Capítulo 16 Tal mãe, tal filho ° img
Capítulo 17 Vencendo mais um medo ° img
Capítulo 18 Desconfiança ° img
Capítulo 19 Certo, Thomas ° img
Capítulo 20 Apaixonada img
Capítulo 21 Confusa ° img
Capítulo 22 Então é assim ° img
Capítulo 23 Estou apaixonado ° img
Capítulo 24 Ele sempre me encontra ° img
Capítulo 25 Minha namorada ° img
Capítulo 26 Fim da lua de mel ° img
Capítulo 27 Homem misterioso ° img
Capítulo 28 Meus pais estão aqui ° img
Capítulo 29 Jantar em família ° img
Capítulo 30 Caos em família ° img
Capítulo 31 O que está acontecendo img
Capítulo 32 Estou presa ° img
Capítulo 33 Descoberta ° img
Capítulo 34 Desespero ° img
Capítulo 35 Rumo ao desconhecido ° img
Capítulo 36 Fuga ° img
Capítulo 37 Caçador de anjos ° img
Capítulo 38 Descobertas ° img
Capítulo 39 Vivo ° img
Capítulo 40 A avó fofa ° img
Capítulo 41 Toda a verdade ° img
Capítulo 42 Arrependimento ° img
Capítulo 43 Amigos para sempre ° img
Capítulo 44 Família em apuros ° img
Capítulo 45 Conversa necessária ° img
Capítulo 46 Um lapso de sabedoria ° img
Capítulo 47 Nas mãos do homem cruel ° img
Capítulo 48 De frente com o inimigo ° img
Capítulo 49 No covil do vilão ° img
Capítulo 50 Ele me salvou ° img
Capítulo 51 Você é preciosa ° img
Capítulo 52 Verdades ° img
Capítulo 53 Foragido ° img
Capítulo 54 Acabou... img
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Capítulo 9 Momentos bons °

☼ Solar ☼

Meu corpo é chacoalhado, mas choramingo em resposta. Me viro, ficando de bruços e cobrindo a cabeça com um travesseiro. Acho que nunca dormi tão confortavelmente assim. Minha cintura é apertada com bastante pressão.

- Acorda, Solar. Pelo amor de Deus! - Choramingo novamente, tentando voltar a dormir. - Você tem um sono pesado, mulher. - Daniel continua me sacudindo. - Quer saber? Tudo bem, posso ficar apreciando sua bunda por mais tempo! - O homem para de me chacoalhar e sua fala me faz sentar na mesma hora.

Quando faço isso, fico de frente para Daniel e ele sorri, enquanto me estende uma xícara. Ignoro o homem, olho para baixo e percebo que estou usando uma camiseta masculina. A última coisa que lembro antes de apagar é de sentir meu corpo todo sentir um prazer absurdo, depois foram só sonhos que prefiro não compartilhar com meu companheiro de acampamento e se bem me lembro, estava totalmente pelada. Fiquei totalmente esgotada após minha súbita coragem de me expor para ele.

- Seu sono é tão pesado, foi difícil te acordar. - Diz se sentando e olho pelo pano entreaberto. - E te vesti durante a noite, parecia com frio. - Levanto a blusa de leve para vê se uso algo por baixo. - Não me atice, Solar. - Acabo soltando o pano com a fala do homem, somente a blusa cobre minha nudez, nada por baixo.

- Por que me acordou? - Fico emburrada. - Sequer amanheceu, está escuro lá fora. - Aponto indignada.

- Acha que viemos aqui só para fazer sexo?

- Não? - Ainda não estou assimilando claramente, mas minha pergunta me faz corar. Quando fiquei tão descarada assim?

- Não... tá, também, mas não foi só por isso. Te dou minha palavra de que não foi por isso que viemos. - Tenta se retratar.

- Você tinha camisinha. - Saliento.

- Porque da última vez eu não tinha e meu pai sempre diz que um homem precisa estar precavido.

- Por que não tinha? Usou recentemente? - Cruzo os braços.

- Porque estou trabalhando muito, Solar. Não tenho tempo para isso e você...

- Para mim, você arrumou tempo rapidinho. - Faço bico.

- Então, viemos para você apreciar o sol se pondo e nascendo, é uma das vistas mais lindas da propriedade. - Diz sorridente e tento me animar por ele estar animado. Ainda tem uma ponta de ciúmes crescendo em mim. - Aliás, vamos manter em segredo tudo que acontecer aqui no farol? - Diz e concordo. - Nem para sua família ou alguma amiga chegada... - Movimenta a mão e começo a fazer que não. Não tenho para quem contar e jamais contarei isso para minha irmã.

- Você não dormiu? - O homem parece energizado, como se tivesse bebido uns dez litros de café ou energético.

- Não, você conseguiu me distrair, mas não pode perder a atração principal. Se apronte, logo o sol vai nascer. - E sai da cabana, choramingo voltando a deitar e esquecendo o ciúmes. Ele está aqui comigo, indica algo. - Anda, Solar! - Acabo grunhindo pela irritação e me debato no chão, que raiva.

Odeio acordar tão cedo assim, prefiro não dormir quando é para madrugar. Só Daniel mesmo para me fazer levantar, quando ele mesmo me deixou cansada. Saio da cabana, fico de pé e olho para fora, está tão escuro que chega a me deixar assustada. Nem a luz do recinto é capaz de iluminar um pouco do breu da noite lá fora.

- Tem um banheiro ali, pode usar. - Olho para o local que aponta.

- Cheio de ordens, parece até que manda em mim. - Vou pisando fundo na direção que disse.

- Parece que alguém está mal humorada, precisa de um chamego para melhorar, querida?

- Vai se ferrar, Daniel!

Ah, como meu humor fica um tanto tóxico quando sou acordada tão cedo. É como se eu pudesse machucar o homem e ainda rir no processo. Só queria dormir e aproveitar os bons sonhos que estou tendo. Quase não fiz isso durante todo o mês que sofri pela perda do meu amigo. Mesmo que às vezes me sinta culpada por estar tentando viver e ser feliz, sei que é o melhor caminho para superar.

Não demorei muito no pequeno banheiro, e até jeitoso e o melhor, tem um chuveiro com água quente. Parece que tudo já estava planejado nos conformes, até uma escova de dente fechada e pasta tinha. Talvez ele não tivesse planejado fazer sexo, mas eu estava com tanta vontade que tive de aguça-lo. Fiquei péssima por saber que minha irmã e cunhado vieram, mas pensei em aproveitar ao máximo antes de voltar para lá. Sei que ficarão em cima de mim e não poderei curtir como antes. Um saco.

Puxo a camisa mais para baixo, apesar de tudo, não quis vestir minhas roupas, as de Daniel caem tão bem em mim e ele fica muito melhor sem camisa. E como essa não é a roupa que ele veio, deve ter alguma mochila por aqui. Estou me sentindo tão livre, literalmente. Vou deixar para me vestir quando for embora logo mais, vai ser a volta a realidade.

Saio do banheiro e vejo que ainda está escuro. Daniel está sentado na pequena varanda que rodeia o farol, está de costas para a parede e encarando o extenso mar à frente. Procuro pela caneca que me estendeu mais cedo, ela é térmica, o café deve estar quente ainda. Pego a xícara e abro, acabo sorrindo instintivamente. Não é café, é chocolate quente e tem marshmallow boiando. Eu amo tomar isso assim que acordo, parece que deixa meu dia mais alegre. Mickael sabia disso, era lei em meus dias de TPM.

- O sol vai nascer, vem. - Olho para frente quando o homem me chama e faço que não, ele revira os olhos. - Eu te protejo. - Diz dando um tapinha no chão em sua frente, entre as pernas e acabo rindo.

- Não, não, não mesmo. - Começo a negar.

- Ah, Sol. Eu planejei tudo, faz um esforço, por mim. - Faz um biquinho tão fofo que quase me faz ceder, mas me mantenho firme em meu medo. - Por favor.

- Certo. - O homem abre um sorriso enorme. - Chega para frente, eu fico atrás de você. - O sorriso murcha e me sinto satisfeita. - Você vai ser meu escudo. - Sua expressão muda e ele ri, mas não diz nada, apenas se arrasta para frente e me deixa um espaço entre seu corpo e a parede.

Ok, eu consigo. Não deve ser tão difícil. Estou a metros de altura do chão e não estou tão assustada. Pode vir uma onda muito forte e jogar esse farol no chão, mas não estou com tanto medo assim. Percebo que não sai do lugar, nem meio passo dei. É, estou com medo sim.

- Oh. - Percebo uma linha fina no horizonte, indicando que o dia vai começar a clarear e fico encantada. Assim como o pôr do sol ontem, o dia nascendo parece uma pintura também.

Me vejo andando devagar até a porta, estou hipnotizada e eu ao menos sabia que gostava tanto do nascer do sol assim. Acho que nunca me permiti apreciar assim. Não olho para baixo, apenas mantenho o olhar reto, uso o pé no chão pra sentir o lugar e minha mão livre para tatear a parede.

- Aí! - Meu companheiro de acampamento resmunga ao levar um tapa na cabeça, mas isso me orienta e logo me sento atrás dele. Só que acabei fechando os olhos enquanto sentava, senti como se estivesse caindo e não consigo mais abrir, a coragem se foi. - É lindo, não é? - O homem se movimenta entre minhas pernas, mas não respondo nada. - Abre os olhos. - Faço que não. - Que visão esplêndida. - Noto que não sinto mais ele perto de mim e fecho as pernas, cobrindo tudo que estava exposto. Ele ri de minha ação. O safado saiu da minha frente, isso me deixa nervosa. Já me acostumei com suas insinuações para me deixar envergonhada.

- Daniel, você disse que iria me proteger. - Coloco a caneca ao meu lado e solto quando escuto seu som encostando no chão, cruzo os braços e faço um bico enorme. - O que você está...

Meu braço é puxado e meu corpo junto, agora estou sentada no colo de Daniel, com uma perna em cada lado de seu corpo. Ainda não abri os olhos, mas sei que estou mais perto ainda da grade de proteção, pois é onde as costas do homem está encostada.

- Você disse que me ajudaria a superar e não que me deixaria de cara com o perigo. - Constato.

- Como superar se não for desafiada a isso? - Sua pergunta faz tanto sentido.

- Péssimo argumento. - Não dou meu braço a torcer. - Como sabe que gosto de tomar chocolate quente pela manhã? - Me sinto patética por ainda não abrir os olhos, mas é mais forte que eu. - Tem até marshmallow.

- Você que disse. Aliás, beba antes que esfrie. - Faço careta quando o homem se inclina, coloca a mão em minhas costas e depois se ajeita. - Quando estava dormindo. - O homem parece entender minha confusão assim que volta. - Perguntei: Café ou chocolate quente? Você disse: Chocolate com barquinho. - Sinto sua mão na minha e logo o copo está entre elas. - Deu sorte que tinha marshmallow na cesta. - Escondo minha vergonha a princípio e bebo o líquido, não está tão quente, mas ainda está gostoso.

- Eu disse? Céus! - Fico chocada ao constatar algo.

Oh, isso pode indicar uma coisa. Pouco antes de acordar, de ser obrigada a acordar, estava sonhando que estava em um barco com Daniel e estávamos bem quentes. Acho que ele deve ter perguntado no momento em que, inconscientemente, levei sua fala pro meu sonho e meu corpo acabou sendo envolvido por chocolate, que ele fez questão de lamber. Esse homem conseguiu me corromper de uma maneira que mal sei explicar. Eu não era assim.

- Por que está corando? - Fico em pânico com a pergunta do homem e volto a beber meu chocolate. Quero correr daqui, por sorte não encarar ele ajuda um pouco. Ele aperta o indicador em cada bochecha minha. - Você estava sonhando com algum tipo de sacanagem? - Droga. Qual é a dele? Acho que sou muito transparente. Todos conseguem me ler com facilidade. - Em um barco? - As duas mãos dele estão espalmadas em minha coxa agora, descendo e subindo lentamente. Bebo mais um gole, tentando acabar com a sequidão que fiquei na boca e garganta. - Me conta como foi. - Pede em um sussurro próximo a minha orelha. Meu corpo está tão acordado.

Minha primeira vez não foi lá essas coisas, muita afobação e foi estranho. Ontem foi diferente, Daniel foi maravilhoso e sei que devo me recuperar, mas sua voz, seu toque e sua presença me faz querer mais. O que me tornei?

- Você está me deixando louco, Solar. - Choramingo com sua fala. O jeito que diz meu nome é tão... tão... excitante. A mão dele sobe, adentrando na camisa e agora estão paradas em minhas costas, onde ele fica fazendo uma leve pressão. - Isso vai me gerar tantos problemas. - O homem parece frustrado e se afasta.

Abro os olhos minimamente, noto que o céu atrás do homem mudou sua coloração, está tão magnífico, a mistura de cores é esplêndida. Mas, não é isso que me chama a atenção. Abro por completo os olhos, Daniel está com a cabeça apoiada na grade de proteção, seus olhos estão fechados e sua cabeça levemente inclinada para cima. Ele parece revoltado por algum motivo que não sei.

De perto assim, ele é mais lindo ainda. O formato de sua boca, o seu nariz bonito e empinado, seus cabelos lisos bagunçados, nem o arroxeado da briga que teve tira a beleza que exala. Deixo a caneca ao lado, levo minhas mãos ao seu pescoço, deixando uma de cada lado e movimentando o dedão lentamente. Os olhos dele se abrem, encontrando os meus. Uma conversa silenciosa acontece e começo a entender muitas coisas.

Percebo que sou fácil demais e que, mesmo que ele esteja me tratando tão bem, é nesse momento, com o nascer do sol como testemunha que meu coração começa a bater mais rápido que o normal. É assim que as pessoas se apaixonam? Sem pretensão, mas com tanto significado? É uma cena tão linda que queria fotografar só para guardar de lembrança. Algo que eu possa olhar para me lembrar do exato momento em que minha vida desceu ladeira abaixo, é isso que se apaixonar significa.

- Espera. - E é isso que vou fazer.

Levanto correndo e entro, sentindo rapidamente falta de seu toque em minha pele. Pego meu celular dentro da cabana e volto, sem nem me importar com a altura que estamos ou com o rosto confuso do homem.

- Fica parado. - Me sento sobre suas pernas novamente, posiciono o celular e ele ri, deve achar que sou louca. Não ligo, pois isso deixa a foto melhor ainda, mais espontânea e natural, sem ser forçado.

- Minha vez. - O homem toma o celular de minha mão e tento pegar, mas ele estica o braço direito totalmente para longe de mim e me agarra com a mão esquerda, grudando nossos corpos. Meu rosto acaba ficando de lado junto ao dele, enquanto olhamos para a câmera.

- Daniel... - Resmungo enquanto me afasto, ainda olhando para a câmera e ele clica na tela.

A foto fica por alguns segundos na tela e isso me faz notar claramente a posição dele. Enquanto eu ainda olhava para a câmera, Daniel olhou em minha direção e parecia me olhar com tanto sentimento. Desvio o olhar para ele e vejo que ainda me olha.

- O que foi? - Pergunto, ele continua calado.

Mordo os lábios e desvio o olhar para os lados, o mar está tão agitado lá embaixo e está aumentando a brisa gelada que sobe até nós.

- Me promete uma coisa? - Volto a encarar seu rosto quando sua voz se faz presente. - Independente de qualquer coisa, me promete que não vai mais desistir? E que, mesmo que esteja doendo, vai ser forte e superar? - Engulo seco, sem conseguir sustentar a expectativa em seus olhos.

- Eu... - Tento me levantar, não sei como responder a ele agora, mas ele me impede e aperta as duas mãos em cada lado de minha bunda. - Daniel...

- Por favor, por mim. Me deixe ser o seu remédio. E se, por algum motivo, você passar a me odiar, lembra de quando eu te mostrei que a vida pode ser bonita, basta você deixar que ela se mostre assim. - Ele leva a mão esquerda até minha nuca e a direita desliza o dedo em meus lábios. - Eu quero tanto te beijar. - Sussurra e preciso umedecer os lábios.

- Por que não faz isso? - É tudo que consigo perguntar.

- Porque você ainda não me prometeu. - Engulo seco.

Foram poucas as situações em que tive de tomar uma atitude, essa parece ser uma delas.

- Se eu prometer, vai ficar mais fácil? - Questiono.

- Não, a vida nunca vai ser fácil, mas precisa ter um significado, aquele que vai te manter de pé e que vai te ajudar a não desistir. - Fecho os olhos quando seu dedo faz um caminho suave pelo meu rosto. - O que você quer, Solar?

- Ser feliz e viver. - Meu olhos se enchem de lágrimas. - Não quero desistir, quero ser forte o suficiente por mim e pelos outros.

- O que falta para isso acontecer?

- Superar? Crescer? Me amar? Encontrar meu equilíbrio? Não sei. - Ele limpa as lágrimas que fogem.

Daniel não fala nada, só aperta meu corpo contra o dele com o braço esquerdo e encontro amparo em seu ombro. Abro os olhos quando ele se movimenta para ficar de pé e assim faz, me afastando, para que eu busque apoio no chão e voltando a me olhar.

- Feche os olhos. - Faço o que pede.

Sinto que ele se movimenta e logo seu corpo encosta no meu, em minhas costas. Ele me vira, busca minhas mãos para apoiar na grade de proteção do farol, rodeia seus braços em minha cintura e apoia a cabeça em meu ombro. O homem deve estar apreciando o cenário em nossa frente, e me sinto patética por não fazer o mesmo. Seu corpo encostado no meu me passa confiança. Por que não posso ser forte?

- Se você cair, eu vou te segurar. Não precisa ter medo, estou aqui para te proteger enquanto ainda não descobre a força que tem aqui dentro. - Apoia a mão em meu coração.

- Não importa quão alto seja, você vai estar lá por mim?

- Eu estou aqui, não estou? Não vou te soltar. Estarei com você até se sentir pronta.

- Quando eu tinha nove anos, fui com meus pais assistir a uma chuva de meteoros em uma montanha, nós fomos para outro país para isso, segundo eles, seria uma visão privilegiada. - Sinto necessidade de desabafar. Seguro a mão dele que está em meu peito e aperto, soltando em seguida um longo suspiro. - Eles estavam eufóricos, mas eu estava assustada porque era alto demais. - Encolho os ombros e o homem percebe, pois se aconchega mais a mim. - Acabei me afastando e caí de uma altura bem grande, por sorte não foi mais grave, quebrei uma perna e me ralei bastante. Eles só se deram conta depois que acabou esse evento. - Acabo rindo anasalado. - Eles me amam, sei que sim, mas sempre viveram com a cabeça mais no céu do que no solo. Acho que por isso não gosto de altura, e jamais apreciei a beleza do nascer e pôr do sol, foi algo que, para mim, ao decorrer dos anos, se tornou insignificante e algo a temer. Não quero ser como eles, quero ter os pés no chão e ser forte, mas não sei como fazer.

- Desculpa, eu não sabia e te forcei a isso. - O homem se desculpa, mas começo a negar.

- Obrigada. - Me viro e fico entre seus braços. - Acho que não tenho medo de altura, apenas me convenci disso com o tempo, pelo que sempre representou em minha vida. - Abro um sorriso. - Eles não me protegeram quando mais precisei, acha que consegue me segurar quanto mais alto eu for? Acho que preciso de um anjo da guarda.

- Quer que eu te proteja? - Faço que sim. - E o meu pagamento? Sou um anjo caro. - Faz um charme, isso acaba descontraindo a tensão que antes estava e acabo rindo.

- Um beijo. - Faço sinal de um com o dedo esticado.

- Vinte? - Abro a boca alarmada. - É para representar os vinte anos que precisou de mim e eu não estava te protegendo. - Minha expressão deve denotar meu sentimento, estou encantada.

- Fechado. - Estendo a mão para que aperte.

- Você é minha kriptonita, mulher. - Daniel ignora minha mão e segura em meu rosto, deixando parado e rente ao dele. - Isso vai doer tanto quando acabar. - Sussurra e dou de ombros.

- Então, vamos aproveitar enquanto ainda não chegou ao fim. - Pisco e ele abre um sorriso enorme, que salienta as covinhas em suas bochechas e marca mais ainda seu rosto definido.

- Um. - Me pega de surpresa quando beija minha boca. - Dois. - Beija meu nariz. - Três. - Beija minha testa e começa a beijar todo o meu rosto, sem contar, apenas marcando cada parte exposta e me fazendo rir.

Ele tem razão, isso vai doer tanto quando acabar. Sei disso, porque a forma que me faz sentir é superior a tudo que já senti. Ultrapassa qualquer sentimento que já tive antes com outras pessoas, talvez eu esteja sendo emocionada e carente, não sei, mas ele conseguiu tocar em um ponto que ninguém tocou antes, ele tocou minha alma e chegou ao meu coração. Vai ser dolorido, mas valerá a pena. Sinto que estou me moldando e ficando mais forte.

                         

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