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A cabeça me doía, senti uma satisfação emocional profunda, virei a esquerda, e lá estava uma pele negra com brilho, um rosto meigo, via vultos, desconfiei dos óculos, rodei 90 graus para a direita, vi meus óculos numa banca, coloquei-o e vi que estava num quarto, os lençois cheiaravam a uísque, voltei a olhar para a mulher a minha esquerda, de quem nem me lembrava o nome, ela acordou e sorriu:
-Bom dia!
-Bom dia!- Respondi confuso.
- Apagamos mesmo- Sorriu.
- Sabes que eu não me lembro do que aconteceu... depois de te conhecer é claro- Repliquei tentando saber o porquê do meu estado e possível localização sem ser duro com ela, ofendendo ao dizer que não me lembrava nem se quer o seu nome, se é que o disse, será que sabe o meu?
-Bem... deixa cá ver, lembro-me de encontrar-te na estrada com uma garrafa de uísque com rótulo azul, com a porta aberta, gritavas a chorar, tranquei o teu carro, trouxe-te ao meu apartamento, embora não quisesses sair da estrada, e vieste com a garrafa, dançaste, entornaste uísque na minha cama e roupas, fui ao quarto de banho, lavei-me e tu ficaste a chorar, contaste -me os teus problemas durante horas, adormeceste, lutei para pôr-te na cama e adormeci.- Explicou, pelo menos não é o que pensei, estar no hotel com uma mulher da vida...
-Wauuu! sinto muito por tudo- Sentei na cama com os pés ao chão
-Por nada, a chave do carro está onde estavam os óculos- Levantou-se e foi para a varanda bem a nossa frente, pintando o panorama com seu esbelto corpo negro sombreado e cueca rosa, não usava sultiã.
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Tomou a chave, dirigiu-se ao banheiro onde viu as suas roupas no chão, meio húmidas, vestiu-as, excepto a camisa que trocara minutos antes de sair após aceitar a t-shirt da Lacoste preta que Ângela, a desconhecida, oferecera, saiu após agradecer sem muito a conversar, andou até o local em que o carro tivera passado a noite e voltou a casa.
Eram 6h00 da manhã, Sábado. Não encontrou Esmeralda, lavou-se, vestiu e dirigiu-se ao serviço sentindo a famosa "Ressaca", dor de cabeça, nâuseas e sono, teve o pior dia de trabalho de sempre.