Capítulo 5 Ângela

***

Hélio morria de dor e angústia, mas pouco a pouco sentiu-se tomado por uma ira e pensava «Como pode ela não confiar em mim, no meu amor, se achando perfeita? eu vou deixar tudo acontecer, talvez ela nunca fosse verdadeiramente o amor que a vida preparou para mim.»

Tomando a chave do carro, o glamoroso KIA cinzento, foi ao encontro da desconhecida na esperança de sentir-se melhor, usando os fones de ouvidos, circunspeto, conversava enquanto dirigia, tentando saber a localização da famosa desconhecida que agora parecia ser o único remédio para tanto desespero.

-Aló?!

-Sim, daqui Hélio Soares, o...

-Ó meu amigo! como estás?

-Bem, ou melhor, menos que mais, podemos conversar?

-Sim, claro, mas o que tens?

-Onde te encontro? digo-te pessoalmente.

-Está bem, pode ser no meu apartamento mesmo, ainda lembras do endereço?

-Sim, lembro, obrigado. Olha, quase me esquecia de perguntar...

-Pode ser às sete (noite).

-Gostas de antecipar os pensamentos.

-Às vezes, ah, ah, ah.

-Até daqui a duas horas então.

-Até querido.

***

Desliguei o telefone, ela tem algo na voz que acalma o meu desespero, com este clima poderia estar preocupado com Esmeralda, mas a atitude dela demonstra que não vale a pena, apenas o tempo pode remediar a situação, talvez eu nem queira remediá-la, talvez o melhor seja terminar com isto de uma vez por todas, por agora irei ao casino perto da casa da... bem, esqueci de perguntar o nome novamente, que situação estranha..

***

Chegando ao Edifício de 12 andares, subiu até ao apartamento, estranhando o facto de lembrar-se bem do endereço, já que tivera saído de lá confuso, bateu a porta, que minutos depois foi aberta.

-Bom dia!-saudou estranhando porque quem abriu foi um sr. de toalha.

-Bom dia, em que posso ser útil?-Respondeu o sr.

-A....A...bem..vive aqui alguma moça?

- Ele estava mais do que confuso porque não sabia como perguntar por alguém que não conhece o nome.

-Ela tem o corpo magro, a pele negra, o cabelo liso e longo...

-Ó sr.! aqui vive a minha esposa e filhas, que autonomia tem o sr. de vir bater a minha porta e perguntar por uma mulher? eu parto-te a cara, seu desavergonhado!- Gritava o sr. preste a partir para agressão.

-Olha, desculpa, eu... eu...apenas...

-Héliooo!!

-Olha, é ela quem eu perguntava.

-O que estás a fazer aqui? o meu apartamento é mais para frente, e desde já bom dia vizinho.

-Bom dia Vizinha!

-Desculpa o constrangimento, eu sou o Hélio.

-Desculpa-me pela agressão verbal, é um prazer conhecê-lo, sou o James.

-Venha Hélio.

-Puxou-o pela mão em direção ao seu apartamento.

-Até a próxima James.

Entraram no apartamento, e Ângela começou a rir, e Hélio também.

-O teu vizinho quase me matava.

-Pois, porquê que não ligaste, se não te lembravas?

-É que eu estava certo de que me lembrava até tu vires.

- Ah, ah, ah.

-E até pensei que ele fosse teu esposo.

-Eu sou solteira, ah, ah, se tivesse esposo nem te traria aqui naquela noite.

E conversaram horas sobre tudo um pouco, até que chegou a hora de Hélio despedir-se.

-Bem, agora tenho que ir.

-Tá bem Hélio, tens certeza que não queres que eu te ajude a suprir este mal entendido?

-Absoluta...E quase me esquecia, como te chamas?

-Já ia perguntar se não querias saber o meu nome, chamo-me Ângela Nzambi.

-Ângela!- «Angel» pensou ele, anjo, meu anjo.

-Até breve Ângela.

-Vá bem Hélio, e cuida-te.

***

Finalmente soube o seu nome, Ângela, meu anjo, certamente se não fosse ela, eu poderia até estar morto, espero voltar em breve.

            
            

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