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De regresso a casa, Hélio viu Esmeralda como nunca antes, sentada no banco que ficava frente ao balcão da cozinha.
-Boa noite querida.
-Onde estavas?-Respondeu Esmeralda, com a voz fria
-Dormi na casa de um amigo- Mentiu
-O teu amigo usa Perfume-de-rosas?
-Rosas?- Perguntou, perplexo, tentando recordar que perfume que não sentiu e como negligenciou, deixando as roupas na lavandaria de casa.
-Tens andado a trair-me, a desrespeitar-me, nunca pensei que te comportarias como um lixo, que tipo de homem repugnante te tornaste...
-Posso expicar Esmeralda..- Replicou, tentando sem sucesso cortar o discurso directo e severo de sua esposa
-...Se tinhas tanta sede da rua, porquê que pediste a minha mão aos meus pais? eu nunca vou aceitar ser o teu lixo, não vou..
Esmeralda continuou seu discurso em tom alto, chorando e chorando, enquanto Hélio tentava desculpar-se sem ter culpa do que fez, e perdurou a noite até que em silêncio dormiram, Esmeralda no quarto e Hélio no sofá, apesar de houver mais dois quartos em casa cujo um tiveram mobilado para hóspedes.
***
"Pela manhã
já não a vi,
já não havia
nem ela ali,
nem o que ela sentia,
restei eu
pedidindo para voltar"
***
Acordei com o telefonema de uma mulher que pretendia saber se eu estava bem, disse-a que estava, mesmo sendo irónico, senti o quanto parecia preocupar-se comigo, era ela, a desconhecida que conheci, sem saber porquê tentava buscá-la nas minhas lembranças mas não a via, nem seu rosto, pensei em ligá-la mas já tinha problemas a mais, e os passos de Esmeralda pela casa citavam a sua tristeza e ira.
-Bom dia Amor!
-Bom!-Retorquiu Esmeralda.
-Temos que conversar- Travei-a que avançava, segurando-na pelos antebraços.
-Tu sabes que não foi bem assim como imaginas.
Pareceu ouvir-me por segundos mas avançou gélida, o que me obrigou a soltá-la. Sinceramente, não sei o que fazer para emendar a situação.