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Passaram-se três semanas, nesta ultima, ela deixou de me saudar, põe a mesa, mas já não se senta para comer comigo, sinto que ela se oprime ao me ver, não me consegue perdoar, saí durante algumas noites, aliás, agora saio quase sempre, bebo às vezes, as vezes apenas fico a chorar em algum local deserto, não quis magoá-la, não sei como pedir perdão de uma forma que ela compreenda que não a desrespeitei, que não dormi com outra mulher.
***
Chegando a casa, Hélio encontrou esmeralda a sair, a graciosa menina de olhos castanhos vestia uma calça jeans, uma capa de chuva porque estava a precipitar orvalhos, e levava uma mala que parecia levar o kit completo para sobrevivência longe de casa, emudecido ele a ouviu:
- Não pergunta porquê, porque sabes a resposta. Se perguntares "para onde?", para minha mãe claro que não, algures entre as amigas até conseguir um lugar para estar sozinha, o bom é que não temos filhos, talvez, Deus não mos deu nestes anos para que eles não sofressem, prevendo ser este o fim da nossa aliança que deixou de ser espiritual para tornar-se de metal, que como vês, já não a tenho no dedo, deixei-a entre o comando da Tv e os CD´s. Espero que fiques bem, aliás, mostraste que sem mim podes bem ser feliz.
E foi, arrastando a mala entre o charco e o asfalto em direção à distância que ela acabava de construir entres eles.
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- Como poderia eu ficar ao lado de alguém que me desrespeitou, que me desvalorizou, que achou melhor passar a noite com outra mulher? pareço dura de mais, sei, mas melhor do que viver como mobília de casa ou máquina de servir, é largar tudo e recomeçar. Naquele dia eu fui após chorar quase o dia inteiro, e ao despedir-me quase chorei, apenas não o fiz porque sabia que demonstraria fraqueza, eu não quis ser fraca, não podia, fiquei horas entre as gotas de orvalhos que pareciam as minhas lágrimas e a dor que sentia, que sinto até hoje, mas já não resta lágrima para desperdiçar com ele, não mesmo amiga...