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Cheguei ao serviço a pouco, cabisbaixo porque não deixo de sentir a dor da perda de ângela, enquanto avançava as cartas com cotações renovadas que foram pedidas por um restaurante, veio até a mim Claristia Soba, a assistente administrativa:
-Bom dia Sr. Hélio.
-Bom dia Dona Soba, em que posso ser útil?
-Preciso da sua ajuda na organização da nova tabela trimestral para reavaliações do banco, fiz um esboço da visão da direção, como pode ver.
-Sim, estas porcentagens referem-se ao crescimento das receitas a longo prazo que a Lumirtes, lda ilustrou?
-Pois sim, com a programação que a direção-geral escolheu. Então, pode ajudar-me?
-Com toda a certeza, Dona Soba.
-Então podemos marcar para depois do almoço.
-Está bem, às 2h00.
-Até já!- despediu-se, e retirou-se, vestia uma saia cinza travada que jogava com o blazer e os sapatos. A sua função muitas vezes é ajudar a resolver os nossos problemas, ela é a nossa porta-voz (falo como trabalhador) na direção, não tem uma relação pessoal com ninguém da empresa, apenas profissional, mas já ouvi boatos que foi mulher de um dos sócios da empresa, e sei lá, fofocas, coisas das quais não prefiro estar informado mas acabo por estar.
« O estranho da vida é que por mais que muitas vezes o nosso mundo interior esteja um caos, ainda assim a vida segue de forma comum...» Pensava.
« Já está quase ao meio dia, a minha mente não desgruda dos tantos problemas que tenho por resolver. Ah Angela!, sinto a tua falta, foste a única verdadeira amiga que me restava... » continuei a pensar.
Depois do almoço, estive a ajudar a Claristia (ou Clara, como ela bem me pediu para que a tratasse), foi bom, e na verdade vi que o seu jeito de ser não tem a ver nem um pouco com aquilo que ouvi por alto, mesmo sendo minha superior, pediu-me ajuda e interagiu comigo ao ponto de deixar-me chamá-la pelo primeiro nome. Ainda não acabei o trabalho, faltam os relatórios, hoje a estrada está calma, a avenida pouco movimentada, talvez seja o horário.
-Trim, trim!- o telefone tocava.
***
-Trim, trim!- insistiu a tocar até que Hélio atendeu.
-Estou sim?
-Boa noite sr. Hélio, é a Clara, Claristia Soba do...
-Sim, lembro, tudo bem?
-Olha, desculpa a hora, mas estive a reorganizar os papéis para apresentar a direção, e notei a falta da cópia do módulo de segurança, desconfio que o levaste.
- Deixa cá ver, acho que não...meu Deus! e não é que trouxe mesmo.
-E eu preciso para hoje, posso chegar até algum lugar para que me possa entregar, onde o sr. está agora?
-Estou em casa.
-Faça assim, envia-me o endereço por sms e eu virei a busca pode ser?
-Está bem, e acho que também já poderá levar os relatórios, já os terminei.
-Excelente! então, até já.
-Desligou o telefone.
Passados alguns minutos, chegou na casa de Hélio, entrou , Hélio a convidou a sentar-se.
-Estão aqui os papéis.
-Muito obrigada Hélio.
-Por nada.- retorquiu.- noto que está sozinho, a esposa saiu?
-Estou separado, infelizmente.
-Sinto imenso. -Expressou a sua tristeza. -Não, já faz algum tempo e perderam-se na conversa que se tornou mais aberta a cada minuto, quando notaram eram 9h00, e Claristia despediu-se, tinham formada uma amizade, num dia cheio de trabalho.
No dia seguinte a relação dentro do serviço continuou fria, era o carácter dela, não misturava as obrigações profissionais com as relações externas. No vaguear de mais alguns dias, almoçavam juntos num restaurante a dois km da empresa quase sempre, Claristia deixava seu carro, para fazer companhia a Hélio que os levava e trazia no carro dele.