Capítulo 7 Clara

Cheguei ao serviço a pouco, cabisbaixo porque não deixo de sentir a dor da perda de ângela, enquanto avançava as cartas com cotações renovadas que foram pedidas por um restaurante, veio até a mim Claristia Soba, a assistente administrativa:

-Bom dia Sr. Hélio.

-Bom dia Dona Soba, em que posso ser útil?

-Preciso da sua ajuda na organização da nova tabela trimestral para reavaliações do banco, fiz um esboço da visão da direção, como pode ver.

-Sim, estas porcentagens referem-se ao crescimento das receitas a longo prazo que a Lumirtes, lda ilustrou?

-Pois sim, com a programação que a direção-geral escolheu. Então, pode ajudar-me?

-Com toda a certeza, Dona Soba.

-Então podemos marcar para depois do almoço.

-Está bem, às 2h00.

-Até já!- despediu-se, e retirou-se, vestia uma saia cinza travada que jogava com o blazer e os sapatos. A sua função muitas vezes é ajudar a resolver os nossos problemas, ela é a nossa porta-voz (falo como trabalhador) na direção, não tem uma relação pessoal com ninguém da empresa, apenas profissional, mas já ouvi boatos que foi mulher de um dos sócios da empresa, e sei lá, fofocas, coisas das quais não prefiro estar informado mas acabo por estar.

« O estranho da vida é que por mais que muitas vezes o nosso mundo interior esteja um caos, ainda assim a vida segue de forma comum...» Pensava.

« Já está quase ao meio dia, a minha mente não desgruda dos tantos problemas que tenho por resolver. Ah Angela!, sinto a tua falta, foste a única verdadeira amiga que me restava... » continuei a pensar.

Depois do almoço, estive a ajudar a Claristia (ou Clara, como ela bem me pediu para que a tratasse), foi bom, e na verdade vi que o seu jeito de ser não tem a ver nem um pouco com aquilo que ouvi por alto, mesmo sendo minha superior, pediu-me ajuda e interagiu comigo ao ponto de deixar-me chamá-la pelo primeiro nome. Ainda não acabei o trabalho, faltam os relatórios, hoje a estrada está calma, a avenida pouco movimentada, talvez seja o horário.

-Trim, trim!- o telefone tocava.

***

-Trim, trim!- insistiu a tocar até que Hélio atendeu.

-Estou sim?

-Boa noite sr. Hélio, é a Clara, Claristia Soba do...

-Sim, lembro, tudo bem?

-Olha, desculpa a hora, mas estive a reorganizar os papéis para apresentar a direção, e notei a falta da cópia do módulo de segurança, desconfio que o levaste.

- Deixa cá ver, acho que não...meu Deus! e não é que trouxe mesmo.

-E eu preciso para hoje, posso chegar até algum lugar para que me possa entregar, onde o sr. está agora?

-Estou em casa.

-Faça assim, envia-me o endereço por sms e eu virei a busca pode ser?

-Está bem, e acho que também já poderá levar os relatórios, já os terminei.

-Excelente! então, até já.

-Desligou o telefone.

Passados alguns minutos, chegou na casa de Hélio, entrou , Hélio a convidou a sentar-se.

-Estão aqui os papéis.

-Muito obrigada Hélio.

-Por nada.- retorquiu.- noto que está sozinho, a esposa saiu?

-Estou separado, infelizmente.

-Sinto imenso. -Expressou a sua tristeza. -Não, já faz algum tempo e perderam-se na conversa que se tornou mais aberta a cada minuto, quando notaram eram 9h00, e Claristia despediu-se, tinham formada uma amizade, num dia cheio de trabalho.

No dia seguinte a relação dentro do serviço continuou fria, era o carácter dela, não misturava as obrigações profissionais com as relações externas. No vaguear de mais alguns dias, almoçavam juntos num restaurante a dois km da empresa quase sempre, Claristia deixava seu carro, para fazer companhia a Hélio que os levava e trazia no carro dele.

            
            

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