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Quando Jordana abriu a porta, seu sorriso desapareceu imediatamente.
- Ah, é você?! O que você quer?
- O que aconteceu? Faz uma semana que você não aparece no colégio nem responde às minhas mensagens! Todos estão muito preocupados com você, Jordana. - Falou Emma.
- E...? - Falou Jordana arqueando uma sobrancelha.
- Como assim? "e"...? - Emma deu de ombros. - Aconteceu alguma coisa? Você tá bem?
- Estou ótima! Não vê? - Jordana sorriu.
- Eu fiquei tão preocupada! - Emma a abraçou.
Jordana fez uma careta e não correspondeu ao abraço dela. Emma recuou e a encarou, ainda preocupada.
- Se tiver um algum problema... Qualquer seja... Pode contar comigo. Estou aqui porque me importo com você.
- Se importa tanto que não pensou duas vezes na hora de se jogar em cima do meu namorado! - Falou Jordana brava.
- Eu não sei o que o Kentin te contou, mas as coisas não aconteceram como imagina. Eu estava fora de mim, naquela noite. Vi Christopher e Maya se beijando e surtei! Só quis que Christopher sentisse na pele o que eu senti. Mas eu sei que isso foi errado e me arrependo. Por favor? Me perdoe? Não vamos estragar nossa amizade por causa de uma coisa estúpida que eu fiz. - Falou Emma sinceramente.
- Claro... Sem ressentimentos... - Jordana sorriu falsamente. - Agora, se não se incomoda, eu tenho de ir. Minha mãe está doente e eu tenho de cuidar dela. Nós falamos depois. Tá bem?
- Sim. - Emma fez que sim com a cabeça, chateada e foi embora.
Jordana fechou a porta com uma batida.
† † †
Emma enxugou algumas lágrimas involuntárias que insistiram em rolar por sua face delicada, e apressou seus passos. Estava se sentindo tão sozinha. Decidiu ir até a casa de Christopher. Tocou a campainha e esperou até que alguém abrisse a porta. Foi Lorena quem abriu a porta.
- O Chris está? - Emma perguntou colocando as mãos nos bolsos de trás de sua calça jeans desbotada.
- Não, mas ele não deve demorar a voltar. Quer entrar e esperar por ele? - Lorena disse, sendo amável pela primeira vez.
- Não quero incomodar... - Falou Emma.
- Eu insisto! - Lorena a pegou pelo braço e a puxou para dentro, fechando a porta em seguida. - Aceita uma bebida? Tequila? Café?
- Não, obrigada. - Falou Emma encarando Lorena, surpresa.
- Ora, não me olhe assim como se eu fosse um demônio. - Lorena riu. - Só estou tentando ser amigável. Já que não posso me livrar de você, melhor me acostumar com sua presença de uma vez. Não é?
- Talvez tenha lhe causado uma péssima impressão logo que nos conhecemos... Se for isso... Sinceramente... Sinto muito. Espero que possamos recomeçar. - Falou Emma.
- Sim. Só que eu não gosto de falar no passado. Como dizem? "Águas passadas não movem moinhos". Vamos fazer de conta que é a primeira vez que nos encontramos. Que tal? Então, tequila, né? - Lorena foi buscar bebida para as duas.
Emma sentou-se no sofá e esperou até que Lorena voltasse, mas ela demorou. Emma se perguntou se Lorena não se esquecera dela. Mas Lorena voltou com uma garrafa de tequila e dois copos.
- Desculpe a demora. Estava numa ligação importante. - Disse Lorena enquanto servia a bebida nos copos. - Bem... Acho que posso falar disso com você. Imagino que não haja segredos entre Christopher e você. Não é, mesmo? - Lorena a encarou, esperando uma resposta.
- Não há. Tem razão. - Falou Emma, mas não estava muito segura disso. Quando Christopher e ela estavam juntos, costumavam falar mais dela do que dele. Só agora ela percebia que sabia muito pouco de seu namorado.
- Jake tem um irmão gêmeo, Jeremy. Quando Jake desapareceu, seu irmão decidiu investigar por conta própria sobre seu paradeiro e acabou se passando por ele. - Disse Lorena.
- Mas... Como isso? - Emma disse, demorando para cair a ficha.
- O verdadeiro Jake apareceu dias atrás de forma tão misteriosa quanto desapareceu e Jeremy voltou para a casa. O fato é... Christopher, Jeremy e eu suspeitamos de Jake. A casa onde ele disse ter ficado cativo não existe. Pelo menos não onde ele disse que existia. Não acho que ele tenha passado para o lado negro, mas, talvez, esteja hipnotizado ou... Não sei. A verdade é que tenho medo de descobrir. Pelo que sei, estamos do mesmo lado, então... Que tal se nos ajudarmos? Eu conto o que sei e você conta o que sabe.
- Conheço a profecia. Sei onde se encontram as passagens secretas que dão acesso aos portais para outras dimensões, mas não sei mais que isso. Sinto muito. - Falou Emma.
- Faz ideia de quem seja a escolhida? - Perguntou Lorena.
- Não. - Emma suspeitava que a escolhida fosse Amanda, mas não se atreveu a dizer porque não confiava em Lorena.
- Não sei qual é o grande plano de Celeste. Francamente? Ela pensa que está protegendo a escolhida se não revelar sua identidade, mas a verdade é que... Quem quer que seja a escolhida, deve saber disso para se preparar para o grande dia. Não acha? - Falou Lorena.
- Eu acredito que todas as peças no tabuleiro serão usadas na hora certa, da forma certa. Em outras palavras, quando se nasce para desempenhar determinado papel, você o desempenha naturalmente e ponto. Seja quem for a escolhida, ela saberá o que fazer quando a hora chegar. Devemos confiar nisso. - Falou Emma.
- Talvez seja você a escolhida. - Falou Lorena.
- Acho que não. - Falou Emma. - Mas se eu fosse não teria medo de cumprir minha missão quando a hora chegasse nem de fazer o que quer que eu devesse fazer.
- Fala como uma líder... Gosto disso. - Lorena sorriu e levantou seu copo, num brinde.
Emma pegou seu copo, brindou com ela e tomou sua bebida em um só gole, fazendo uma careta a seguir. Lorena riu.
† † †
Quando Kentin chegou a casa de Jordana, tocou a campainha várias vezes, até se cansar e abrir a porta que estava só encostada, e ir entrando. Tinha bonecas e doces espalhados por toda parte e uma lullaby vinha do andar de cima.
- Jordana? - Kentin a chamou, mas como ela não respondeu, ele deixou o buquê de flores que trouxera para ela em cima da mesinha de centro. Subiu a escada e viu uma trilha feita com balas coloridas de jujuba. Seguiu a trilha até o quarto de Jordana. Bateu à porta. Novamente, ninguém respondeu. Ele girou a maçaneta e empurrou a porta. As jujubas, na verdade, eram globos oculares, e as bonecas, cadáveres putrefatos, mas Kentin não conseguia ver, já que Jordana usara um feitiço para disfarçar seu "matadouro".
† † †
- Eu insisto, Brit. Essa é sua casa também, sempre foi. Pode voltar a morar aqui quando quiser. - Edward disse a Brittany.
- Eu sei e agradeço, mas... Essa casa não me traz boas lembranças. Prefiro continuar na casa da Michele. - Falou Brittany.
- É uma pena porque queria ter minhas duas filhas e minha neta por perto. - Falou Edward que segurava Catrina em seus braços. Brittany passara para visitar seu padrasto e sua meia irmã.
- Agora que... Minha mãe... Morreu... - Disse Brittany escolhendo as palavras certas com cuidado. - Acho que posso te contar um segredo que venho guardando há muito tempo e... Só pretendia contar quando completasse dezoito anos. Mas... Acho que não faz sentido esperar tanto, não agora que... Enfim...
- O que você quer me falar? - Edward a encarou e Brittany sentiu que ele já sabia a verdade antes mesmo de ela dizer. Mas como? Era impossível.
- O Alex e eu... A Catrina... - Brittany chorou. Era tão triste ter de falar que tinha uma filha de Alexander, principalmente porque ele não estava ali.
- Catrina é filha dele, não é?! - Falou Edward e beijou a testa de sua neta. - Eu sempre suspeitei. Alex e você estavam sempre juntos. Quantas vezes vocês já não se trancaram no quarto e quando eu bati à porta, demoraram um tempão para abrirem e me encararam nervosos?! Acho que Eva desconfiava que houvesse algo entre vocês e por isso odiava tanto o meu filho. E, também, Christopher e você nunca convenceram como um casal. Achei estranho você aparecer grávida assim de repente quando Christopher e você mal se viam, já que você quase nunca saia de casa e o único garoto que via era justamente Alex, mas não disse nada. Para quê? Eva teria matado você ou pior... Esse anjinho.
- Eu... - Brittany não sabia o que dizer.
- Sabe? Dizem que os pais, mesmo depois que se vão continuam existir através de seus filhos... Quando meu Alex morreu... - Edward fez uma pausa emocionado. Brittany apertou a mão dele. - Pensei que o tivesse perdido para sempre. Mas... Ele continua entre nós... Através dessa menina, NOSSA menina! - Edward sorriu para Catrina, então se voltou a Brittany. - Obrigado.
Brittany o abraçou.
Iris que estava parada no canto, ouvia a tudo, emocionada. Brittany a viu e sorriu para ela. Iris sorriu de volta.
† † †
- Eu já esperei tempo demais! Não posso mais ficar longe de Erin! Preciso vê-la, abraçá-la, cuidar dela. Minha garotinha... - Falou Kátia a Tom e Celeste.
- À essa altura, Briana, com certeza, já sabe que você está de volta, e deve estar de olho em você. Se ir até a Erin, ela saberá que ela, na verdade é Jordana. - Falou Celeste.
- Eu sei, mas... Quanto tempo mais terei de ficar longe da minha filha? E se a fada levá-la para longe de mim? - Falou Kátia
- Isso não vai acontecer. - Falou Celeste.
- Como pode ter tanta certeza? - Perguntou Kátia.
- Apenas confie em mim, Kátia. Por favor? Sei que tem todos os motivos do mundo para odiar essa fada, mas... De alguma forma torta, ela está do nosso lado e só quer impedir Jordana de seguir o caminho das trevas. - Falou Celeste.
- Celeste está certa, meu amor. - Disse Tom. - Temos de ser pacientes. Sei que não é fácil, mas não podemos deixar Briana descobrir que Jordana é nossa filha ou não poderemos salvá-la de ser tomada pelas trevas. Precisamos enganar Briana como havíamos planejado, para só então tentarmos ajudar nossa filha.
- E como vamos fazer isso? Minha irmã não é burra! - Falou Kátia.
- Mas também não é esperta... - Falou Tom rindo.
- Eu não sei como você pode sorrir numa hora dessas. - Falou Kátia.
- Quer apostar que a sua irmãzinha vai comprar o nosso peixe? - Falou Tom.
- Eu detesto apostas! - Falou Kátia.
- Isso, porque você sempre perde. Mas confie em mim? Vai dar tudo certo. - Tom disse, seguro.
† † †
Luciana estava passando por uma fase difícil por não ter controle sobre suas emoções e seus dons. Entidades vampíricas se grudavam a ela, deixando-a melancólica, irritada e confusa. Ela passava muito tempo trancada em seu quarto e faltava a muitas aulas. Também parou de encontrar com suas amigas e aos poucos estava evitando falar com Alex porque achava que o estado no qual se encontrava era culpa dele e que se ela o afastasse, melhoraria. Mas estava errada. Era Alex quem trazia alguma luz a vida dela. No entanto, ela não percebia isso.
As vozes em sua cabeça se tornavam mais fortes e constantes com o passar dos dias. O que elas diziam? Todo tipo de coisa... Algumas imploravam por ajuda, enquanto outras se ocupavam em depreciá-la, arrastando-a para um buraco negro.
"Onde estão suas amigas? Elas não se importam com você, porque se se importassem de verdade, estariam aqui, mas elas não estão nem aí, nem procuraram saber com você está, não é?".
"Alex não ama você, sua tola! Está apenas te usando".
"Acha que alguém se importa mesmo com uma garotinha tão insignificante como você?".
"Você é um fardo para todos! Por que não se mata de uma vez e termina com isso? Aposto que ninguém sentiria a sua falta".
- Não é verdade! Vão embora! - Falou Luciana chorando com as mãos na cabeça.
Parada na porta, Emilie via com tristeza sua irmã mais velha perdendo a sanidade outra vez. Via também os monstros em volta dela, sussurrando em seus ouvidos, e por isso, chorava, porque não podia fazer nada. Quem sabe se ela não fosse pequena... Se fosse menos medrosa... Emilie sabia que não deveria falar a ninguém que também via os monstros, senão, ficaria trancada na prisão dos loucos.
- Não podemos intervir se ela não quiser. - Falou Alexander ao aparecer ao lado de Emilie e apertou sua mão. - Ela me afasta sempre que chego perto.
- Também me afasta. - Emilie viu Luciana a encarar com ódio enquanto fechava a porta com uma batida.
- Mas a gente tem que fazer alguma coisa. Não podemos deixar a Lucy assim, cabeça de tomate. - Falou Emilie e fez biquinho.
- Eu prometo que não vou desistir dela. - Alexander se agachou e abraçou Emilie. A menininha suspirou, sentida em seu abraço.