Capítulo 8 Banido

Alexander olhou ao seu redor, assustado. Onde estava? Para onde Marion o havia mandado? Parecia uma versão sombria de Large Field.

- Que lugar é esse? – Alex ouviu um gemido e virou-se para trás. O que viu, o fez piscar várias vezes. Estaria ele alucinando? – Mas o que... É... Isso?

Um grupo de zumbis passava ali por perto. Por sorte, nenhum deles reparou nele.

- O Umbral... Estou no Umbral. – Disse Alexnader lembrando se quando as amigas de Luciana descreveram aquele lugar.

E agora? Como ele sairia dali? Não tinha como ele voltar ao mundo dos vivos, a menos que alguém o invocasse. Mas que droga! Com muita sorte, um pirralho de São Marcos iria até o porão e o chamaria com um Ouija... Mas e daí? Como ele pediria ajuda? Estava ferrado.

Luciana... Ele precisava salvá-la das garras da vadia da Marion. Precisava avisar Amanda ou Mary Ann que Marion era mesmo uma piranha do mal que queria ferrar com todos. Mas claro... Ele só conseguiria fazer isso se não se tornasse um vampiro. Por isso, ele correu e escondeu-se atrás de um muro.

† † †

Quando Kentin entrou no quarto de Jordana, a viu sentada na cama, de costas para ele. Ela estava nua. Imóvel. Kentin se aproximou dela, devagar, para não assustá-la e tocou seu ombro. Jordana virou a cabeça devagar e sorriu. Levantou-se. O abraçou e o beijou. Kentin tentou recuar, mas Jordana o puxou pela cintura, apertando seu corpo contra o dele e o beijando com mais intensidade. Kentin sentiu seu corpo se acender e não pode resistir. Os dois foram para a cama. Jordana o empurrou e subiu em cima dele. Rasgou sua camisa e arranhou o peito dele. Kentin gemeu e Jordana riu. O beijou e tirou o cinto da calça dele.

- Você tem certeza, Jordana? – Perguntou Kentin.

- Tenho. Amo você, Ken. – Respondeu ela e foi sincera. Mesmo com as trevas a dominando, ela ainda sentia amor por ele.

- Eu também amo você! – Falou Kentin sorrindo.

- Eu sei. Aconteça o que acontecer... Não se esqueça de que gosto mesmo de você. – Ela disse abrindo a calça dele.

- Prometo que não vou esquecer. – Disse Kentin tocando o rosto dela.

† † †

Grace entrou no banheiro e se assustou ao ver o vidro do boxe quebrado, e Danica encolhida nuo canto, chorando sangue. O vidro do boxe não foi o único a se quebrar com os gritos de Danica, todos os outros vidros do hotel se quebraram e ninguém entendeu o que estava acontecendo. Só Grace. Grace correu até onde Danica estava, a enrolou numa toalha e a tirou do banheiro e a levou para o quarto.

- Eu preciso avisá-la, Grace. Ela tem que saber que vai morrer! – Falou Danica tremendo.

- De quem está falando, Danica? – Perguntou Grace enxugando as lágrimas dela na ponta da toalha.

- Lucy. – Respondeu Danica.

- O quê? Mas... Isso é tão injusto! Lucy é tão... Inocente. É quase uma menina. Não tem malícia nenhuma. Como uma alma tão pura pode morrer assim? – Falou Grace indignada.

- Eu não sei. Talvez... Por ser boa. – Falou Danica.

- O ritual... – Disse Grace. – Lucy é a última vítima! Mas se impedirmos a morte dela, impediremos que o ritual ocorra.

- Não há como impedir. Acredite? Eu já tentei, uma vez. – Falou Danica.

- Não! Você não pode impedir porque é uma banshee, mas eu não sou! – Falou Grace.

- Mesmo que você consiga salvá-la, não pode impedir o ritual. A bruxa que estiver realizando os sacrifícios pode escolher outra pessoa, mesmo que seja uma criança. Não é tão difícil achar uma pessoa de coração puro. – Falou Danica. – Tem a Amanda, a Harriet...

- Não importa. Se conseguirmos salvar pelo menos uma pessoa, já terá valido a pena. O que não podemos é ficar aqui de braços cruzados enquanto está havendo uma guerra lá fora. Somos poderosas! Podemos ajudar de alguma forma!

- Eu não posso ajudar ninguém.

- Claro que pode. Você me diz quem serão as próximas vítimas e eu tento impedir que elas morram.

- Tão fácil assim? – Disse Danica não acreditando.

- Não estamos sozinhas nessa. Podemos contar com a Michelle e com a Lorena. E também... Estive pensado... Precisamos do apoio de algum Clã como o Celeste.

- Acha que ela vai nos apoiar? – Perguntou Danica insegura.

- Claro que sim. Em tempos difíceis, toda e qualquer ajuda é bem-vinda. Ela seria tola se recusasse a nossa. Só temo que James...

- Não se preocupe com ele. Ele me prometeu que respeitaria minha escolha, fosse qual fosse... – Danica apertou a mão de Grace.

Grace sorriu.

† † †

Amanda e Emma foram até a casa de Luciana, astralmente, mas não conseguiram entrar porque a porta estava fechada. Mais que isso... Elas sequer conseguiram atravessar a parede ou se teleportar. Toda a casa estava envolta numa névoa cinzenta e estava escura, sem luz.

- Ai, que medo! Tá parecendo aquela casa do filme Insidious! – Falou Amanda arrepiada e recuou.

- Tem alguma coisa errada. – Emma disse o óbvio.

- É... Percebi.

- Não entendo muito disso, mas acredito que haja uma barreira invisível que não permite que a gente passe na forma astral. Isso é estranho.

- Sim, muito. Lucy não sabe criar este tipo de proteção. Nem eu. É avançado demais. Isso é coisa de uma bruxa experiente.

- Marion. – Emma e Amanda disseram ao mesmo tempo, se encarando.

Luciana veio pedalando em sua bicicleta azul de cesta de palha. Deu a volta e foi para os fundos. As garotas a seguiram e perceberam que Luciana não estava sozinha. Havia três espíritos a seguindo; um, na forma de uma velha horrenda; outro, na forma de uma jovem colegial japonesa, com os pulsos cortados, que não parava de sussurrar para Luciana que ela era uma idiota e que deveria se matar; e o terceiro espírito tinha a forma de Luciana e parecia irritado com as outras duas presenças, porém, não ousava enfrentá-las porque era mais fraco.

- Que horrível! Pobre Lucy! – Falou Emma.

- A que tem a forma da Lucy é o doppelgänger dela. Aquela velha... Estou reconhecendo ela... Sim! Foi ela quem me atacou, aquela vez, na casa da Mary. – Falou Amanda.

- E aquela colegial é um espírito suicida que quer convencer a Lucy a se matar também para ficar com ela no Umbral. – Falou Emma.

- Isso. – Falou Amanda. – Mas aquela velha...

- O que tem ela?

- Ela não pode ser só uma parasita. Acho que é uma outra coisa. Mas o quê?

Nem Amanda nem Emma ousaram chamar Luciana porque sabiam que se fizessem aquilo, os espíritos que a estavam a seguindo, as veriam – no plano astral, dificilmente, um espírito de energia negativa percebe a presença de um espírito de energia superior a dele, no entanto, se alguém a qual eles estejam seguindo ou vampirizando perceber, é possível que eles também percebam... Muitas vezes não percebem, mas era melhor não correr o risco -. Amanda e Emma voltaram até seus corpos.

- O único jeito de ajudar a Lucy é indo até ela fisicamente e não espiritualmente. – Falou Amanda ao abrir os olhos, e deu de cara com os pais de Emma a encarando. – Oh, oh!

Emma abriu os olhos e se espantou ao ver seus pais, parados, alternando olhares entre Amanda e ela.

- O que é isso? Uma convenção das bruxas? – Brincou Jake.

- Eu juro que sou uma bruxinha do bem! – Falou Amanda com medo dos pais de Emma.

- Todas as bruxas dizem a mesma coisa... – Falou Jake.

- Pai! – Falou Emma de cara feia.

- Eu só tô brincando, menina! – Jake disse, rindo. – Nós, os Campbell's, não temos nada contra as bruxas. Nossa treta é só com metamorfos, lobisomens e, claro... VAMPIROS!

- Ah, menos mal. – Amanda riu, nervosa.

- É você a Saoirse, filha da Celeste, né?! – Disse Angie sorrindo. – Muito prazer. Sou Angie.

- Prazer, senhora. Mas... Sou Amanda Griffin.

- É, melhor que ser irmã de um vampiro. – Falou Jake.

- Pai! James não é só um vampiro, é o rei! – Falou Emma.

- Para mim, ele é só um sanguessuga como todos os outros. Vampiro bom é vampiro morto! – Falou Jake sem tentar disfarçar seu ódio pelos vampiros.

- Desculpe meu marido. Ele não quis ofender o seu irmão. Temos motivos para odiar os vampiros. Mas não temos nada contra seu irmão. – Falou Angie. – Você é bruxa, e por isso, é sempre bem-vinda aqui. – Angie sorriu, um pouco nervosa.

- Emma deve ter te contado porque não gostamos de vampiros, não contou, Emma? – Falou Jake.

Amanda olhou para Emma, Emma abaixou a cabeça, chateada e Amanda virou o rosto.

- Um vampiro miserável entrou na nossa casa e... – Começou Jake.

- Para, pai. Por favor? – Pediu Emma nervosa, prestes a chorar.

- Eu... Tenho de ir. – Falou Amanda sem graça.

- Não! Você tem de saber do que esses monstros são capazes! – Jake disse se colocando na frente de Amanda. Ele era alto e musculoso e intimidou Amanda, que engoliu em seco e abaixou a cabeça.

- Querido, deixe-a ir? Não a incomode com nossos problemas. – Falou Angie.

- O maldito nos pegou na trairagem, nos amarrou, e esperou até que a Emma chegasse. Então... O desgraçado matou o meu filhinho na minha frente e eu não pude fazer nada para impedir. Sabe como eu me senti? E sabe por que ele fez isso? Porque a Emma confiou nele e o deixou entrar em nossa casa, assim como ousou deixar outro vampiro entrar, dias atrás. Parece que ela não aprendeu a lição, que a morte de Charlie não foi o bastante para ela aceitar que não há salvação para certos monstros, que, embora eles se pareçam, fisicamente como nós, não são humanos! São demônios!

- Você nunca vai se cansar de jogar isso na minha cara, pai? Eu sei que a morte do Charlie foi minha culpa! Eu SEI! Mas até quando vai me punir? Eu juro que não aguento mais, que tenho vontade de sumir. Talvez assim você fique feliz porque você preferia que eu tivesse morrido em vez do Charlie. Quer saber? Eu também. – Gritou Emma, chorando e saiu de casa, correndo. Amanda foi atrás dela.

- Por que você fez isso, Jake? Pare de torturar a nossa filha! O que aconteceu não foi culpa dela, foi nossa. Nós matamos o irmão daquele monstro... Nós. Não a Emma! Qual foi o erro dela? Acreditar que havia salvação para um deles? Se ela fez isso, não foi porque é uma garota burra, mas sim, uma garota boa. – Falou Angie antes de subir para seu quarto.

Jake se sentou em sua poltrona, aborrecido. Era difícil admitir, mas Angie tinha razão. Mas se Emma não tivesse convidado aquele infeliz para entrar na casa deles... Não. Se ele não tivesse trazido Charlie de volta para casa naquela noite. Era culpa dele! DELE! Jake chorou.

- Me perdoe, Charlie? Me perdoe, filho? – Falou Jake.

- Você precisa parar de tentar achar um culpado para o que houve, papai. Precisa esquecer isso e seguir em frente. – Falou Charlie ao aparecer ao lado dele, triste.

† † †

Amanda se aproximou de Emma que estava sentada na cadeira de balanço e sentou-se ao lado dela.

- Desculpe? Não queria que você presenciasse esse drama, mas meu pai... Ele não consegue se controlar. Também não o culpo. Acho que no lugar dele, eu também me odiaria. – Falou Emma.

- Só que... A culpa não é sua. – Falou Amanda. – Não sei bem como as coisas aconteceram, mas... Como pai e filha, vocês deveriam se apoiar mais. Não acredito que seu pai te odeie. Você é a única filha dele. Talvez, ele só tenha medo de o mesmo que aconteceu ao seu irmão, aconteça a você. Ele tem medo de não conseguir te proteger, é isso.

- Mas o Christopher...

- Eu sei, mas o seu pai não sabe. Precisa ter paciência com ele. Tente conversar com ele. Não vai ser fácil, mas é um começo. E outra coisa... Conte para eles sobre o Charlie. Talvez, eles fossem mais tolerantes e compreensíveis se pudessem sentir que Charlie ainda está por perto.

- Você acha? – Emma soluçou.

- Acho sim. Vai ver é isso o que eles precisam... Ter o filho por perto mais uma vez. – Amanda sorriu.

- Obrigada, Amanda. Você é um anjo!

- Não... Sou apenas uma bruxa. – Falou Amanda, e as duas riram.

† † †

Harriet estava sentada em sua cama, com o celular na mão, tentando criar coragem para ligar para Jeremy, mas desistiu no último instante e colocou o celular no criado-mudo e deitou-se. O celular tocou. Ela levantou-se ligeiro e o agarrou. Número desconhecido. Seria ele? Ela atendeu, meio hesitante.

- Alô? – Disse com a voz baixa.

A pessoa do outro lado da linha ficou muda. Harriet esperou que respondesse, mas não respondeu. Suspirou.

- Eu sei que é você, Jeremy. – Ela disse, tentando inutilmente não chorar. – Pode falar? Eu tô ouvindo.

- Desculpe por ligar, mas eu precisava ouvir a sua voz. – Falou ele tremendo enquanto segurava seu celular. – Você acha que algum dia vai me perdoar? Eu sei que comecei mal e que foi errado mentir para você, mas... Não vou tentar me justificar, só queria te dizer que... Ao menos numa coisa eu não menti, amo você, de verdade.

- Eu também te amo, mesmo não te conhecendo bem. Isso é possível?

- Eu nunca fingi quando estava ao seu lado. Sempre fui eu mesmo. Juro.

- Eu sei. Você sempre me tratou bem, ao contrário do seu irmão. Eu estava tão errada sobre o Jake, agora eu sei. E eu acredito em você, Jeremy. Sinto que o que diz é verdade. Você sabe... É um dos meus dons, sentir quando alguém é verdadeiro, mesmo que... Eu tenha ignorado meus instintos antes pelo Jake. Não vou fazer isso de novo. Onde você está? Eu quero te ver. PRECISO te ver.

- De verdade?

- Hum rum.

- Eu vou até aí, não se preocupe.

- Eu vou esperar.

† † †

Com a ajuda de uma amiga bruxinha, Christopher conseguiu descobrir o que a chave que Lorena pegou das coisas de Daniele (Francielly) abria... A porta de um depósito. Tinha caixas lá, com objetos místicos dentro delas, mas o mais importante, um grimório antigo com algumas páginas marcadas, entre elas, um feitiço que chamou a atenção de Christopher, o fazendo pensar.

- Feitiço de troca de corpos... – Falou o vampiro.

- Já ouvi falar a respeito. – Disse a bruxa com cabelos negros, com uma franja perfeita como a de Mary Elle. – Não é um ritual muito fácil de se realizar, principalmente porque se você o fizer, tem de cuidar de seu antigo corpo, porque se algo acontecer a ele, você fica preso ao corpo que assumiu, e se algo acontecer ao corpo que está possuindo, você, imediatamente, retorna ao seu antigo corpo e a pessoa que você está possuindo morre.

- Então era isso que Francielly estava ensinando a Jake? Feitiços avançados. Mas por que Jake quereria aprender isso, Ana?

- Eu não sei. Talvez, ele quisesse mudar de corpo, ou o foco dele não fosse bem esse feitiço, mas qualquer outro contido nesse grimório.

Christopher conferiu as páginas marcadas que continham os seguintes títulos: "Feitiço de troca de corpos"; "manipulação mental"; "Amarração amorosa"; e "Como invocar e controlar espíritos".

- É Ana... Acho que Jake não é como todos imaginam.

† † †

Jake viu quando Kentin saiu da casa de Jordana e despediu-se dela com um beijo. Sentiu muito ódio. Aquela infeliz estava roubando o SEU Ken! Mas não por muito tempo. Ken era dele e de mais ninguém!

            
            

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