Era uma mansão com um interior grandioso que exalava elegância e opulência. Ao entrar, um vasto hall de entrada recebe os visitantes, com pisos de mármore polido que brilham sob uma grande cúpula de vidro, deixando a luz natural entrar. No centro do hall, havia uma escada em espiral feita de madeira escura e corrimãos dourados, conduzindo aos andares superiores.
As paredes, adornadas com obras de arte emolduradas em ouro fino, exibiam uma coleção de quadros de grandes mestres e artistas contemporâneos. Havia retratos clássicos com expressões imponentes e paisagens ricas em detalhes e cores vibrantes, espalhadas ao longo dos corredores e salas. Esculturas em mármore e bronze se destacavam, representando figuras mitológicas e formas abstratas.
Nos salões principais, grandes janelas emolduradas por cortinas de seda oferecem vistas deslumbrantes dos jardins. Os móveis eram de madeira nobre, combinando sofás estofados em veludo e poltronas de couro, dispostos em torno de lareiras de mármore. Lustres de cristal pendiam dos altos tetos abobadados, refletindo a luz em padrões cintilantes por todo o ambiente.
Cada cômodo foi cuidadosamente decorado, desde a biblioteca com prateleiras de mogno até a sala de jantar com uma imponente mesa de mármore, cercada por cadeiras esculpidas à mão. A mansão emanava uma atmosfera de sofisticação, arte e riqueza, onde cada detalhe era um testemunho de bom gosto e exclusividade.
Nem sei como foi que o Nigel conseguiu decorar cada aspecto da casa, parecia um palácio. Pensando bem, ele já devia trabalhar nesta casa há muitos anos. Tinha idade suficiente para ser meu avô, mas tinha a vitalidade de um jovem. Subiu e desceu as escadas sem dificuldades e eu bocejei de tão cansada que fiquei.
Ele olhou-me com empatia:
- Deves estar cansada. Vamos escolher o teu quarto e depois vamos até a cozinha para comeres um lanche. O que é que preferes? Perguntou - Temos quinze quartos à tua disposição, todos eles decorados finamente.
Sorri pensativa.
- Posso ter o quarto mais simples da casa, desde que tenha a vista para aquele jardim lindo que vi, ficarei satisfeita. Desde que não seja ao lado do quarto do Evan, é claro! – mordi o lábio inferior.
Ele sorriu para mim, com um brilho no olhar que não consegui decifrar.
- Então já sei qual quarto escolher para ti, vamos.
A casa tinha 3 andares. O quarto estava no primeiro andar. Quando entrei, fiquei feliz, porque o Nigel escolheu exatamente um que se adaptou aos meus gostos. Para quem já partilhou o quarto com mais quinze meninas no orfanato, qualquer cômodo que fosse só meu era perfeito. Sorri contente ao entrar.
O quarto era elegante e, ao mesmo tempo, jovem, decorado em tons de branco, verde e dourado. As cores criaram uma atmosfera fresca e sofisticada para uma adolescente. As paredes eram predominantemente brancas. O dourado aparece em toques sutis, como os puxadores do roupeiro, os pés da mesa de trabalho e molduras decorativas.
O roupeiro, enorme e embutido, ocupa uma parede inteira. As portas são brancas com detalhes em molduras douradas, davam um toque luxuoso e moderno. Por dentro, o roupeiro estava bem organizado, com várias seções e roupas penduradas, gavetas e prateleiras iluminadas por luzes, que com certeza facilitarão a escolha de roupas. De repente, virei-me para o Nigel:
- De quem são estas roupas? O quarto está ocupado por outra pessoa?
Ele balançou a cabeça.
- O jovem mestre já havia ordenado que preparássemos este quarto para a senhorita Alana. Parece que ele acertou. Esta manhã, a estilista acabou de personalizar o seu guarda-roupa para se adequar às suas novas circunstâncias. Afinal de contas, agora será uma universitária, não é mesmo? Além disso, estará sob os cuidados da família Waltz– Como não houve resposta da minha parte, continuou - mas se não for do seu agrado, podemos ver outro quarto.
Estava fascinada com o quarto e perdida a reparar os detalhes.
- Por favor, trata-me por tu, tio Nigel, tenho idade para ser tua neta – sorri, e vi espanto e afeto no seu rosto.
- Só o jovem mestre me trata assim, obrigado, Alana. – Disse com sinceridade.
Fiz um sinal de OK com a mão.
Ao lado, uma ampla mesa de trabalho em branco brilhante estava posicionada junto à janela, aproveitando a luz natural. A mesa tinha gavetas douradas e uma cadeira estofada em verde-claro, criando um espaço de estudo elegante e confortável. Sobre a mesa, havia itens de organização, como porta-canetas dourados e cadernos decorativos, além de um laptop e pequenas plantas em vasos dourados que adicionavam um toque natural e vibrante.
O piso era de madeira clara, com um tapete verde macio ao lado da cama, que tem uma estrutura estofada em verde suave, complementada por almofadas brancas e douradas. Acima da cama, o quadro abstrato em tons de verde e dourado deu um toque artístico ao ambiente. Prendi a respiração quando abri as cortinas e olhei para o jardim, era absolutamente magnífico. Não tinha palavras para descrever o pôr do sol, era de cortar a respiração.
Virei-me emocionada e disse.
- Muito obrigada, tio Nigel, eu amei o meu quarto novo. O verde é a minha cor preferida. Amo a natureza. – Enquanto falava, o meu estômago roncou, e fiz uma careta envergonhada.
- Está na hora de conheceres a Madeleine - disse, se forçando para não rir. – Vamos?
Assenti.
Quando chegamos à cozinha, uma senhora de uniforme preto e branco dava instruções a uma empregada. De repente, o tio Nigel limpou a garganta e ela virou-se na nossa direção.
- Oh! - Levou a mão à boca e caminhou lentamente até mim, emocionada com olhos marejados. – Minha menina, seja bem-vinda, tu tens os olhos e a postura do Ronald, és deslumbrante. Posso dar-te um abraço?
Eu assenti e ela não hesitou em me dar um abraço cheio de carinho, que aqueceu o meu coração. Tinha dificuldade em criar laços com estranhos, mas senti-me bem no seu abraço caloroso.
- Vou preparar um lanche para ti em dois minutos - disse, acariciando o meu rosto com um sorriso afável.
- Então vou deixá-la aos teus cuidados - disse o tio Nigel - Controla-te, Madeleine, ela revirou-lhe os olhos, com cara de poucos amigos.
Um riso escapou dos meus lábios e tive que os apertar. Eles eram engraçados.
Sentei-me numa das cadeiras da ampla cozinha. Tudo fazia jus ao resto da casa. Não havia mais nada a descrever. Por isso, passei a observá-la em silêncio.
A Madeleine era uma mulher de meia-idade, de porte elegante e postura impecável, o seu uniforme discreto estava muito bem ajustado. O seu cabelo estava preso em um coque, refletindo o seu senso de ordem e disciplina. Com um olhar atento e uma expressão serena, ela supervisiona cada detalhe do que fazia. Gostei dela, porque tinha uma presença firme e cordial...
- Come porque senão, não terás apetite à hora do jantar. - Disse enquanto pousava uma bandeja com um
pedaço de quiche, uma fatia de tarde de morango e sumo à minha frente. – O jovem mestre janta sempre às 7:30 e não admite atrasos. Esteja na mesa há horas.
- Obrigada, tia Madeleine - agradeci com um sorriso.
Comi o quiche e bebi o suco. Deixei a tarte, levantei-me e disse-lhe que ia para o meu quarto. À medida que me afastava da cozinha, senti o seu olhar empático nas minhas costas. Esta era a minha nova casa e nova vida. Acho que não teria problemas com o tio Nigel e a tia Madeleine, mas senti um aperto no peito ao me lembrar que iria jantar com o Evan.
Adormeci na banheira e levantei-me confusa, quando olhei em volta e não reconheci a casa de banho.
- Alana... – Chamou Madeleine com urgência na voz, no outro lado da porta.
- Sim, tia Madeleine, desculpa, eu vou já, acho que adormeci na banheira. – disse pulando da banheira, puxei a toalha macia e fui secando o meu corpo às pressas.
- Que susto que me deste, menina! – disse aliviada. - Vou preparar a tua roupa, despacha-te! já são 7:30.
O quê? Estava atrasada. Não podia ser. Desfiz o coque que decidi fazer antes de entrar na banheira, grata por não ter molhado o cabelo, a essa hora seria uma catástrofe lidar com ele. Uma cabeleira farta caiu selvagemmente nos meus ombros, endireitei pequenos cachos na parte de frente, apliquei um batom suave nos lábios.
- Alana, você vai levar um sermão do Evan senão descer agora. - Gritou.
Saí quase a correr da casa de banho, entrei no roupeiro e vesti a roupa íntima. A Madeleine entrou depois com um vestido rosa pastel com um decote em v, até os joelhos, mas como sou alta, ficou um pouco acima dos joelhos.
Ajudou-me a fechar o fecho e eu tentava puxar um pouco mais para baixo, mas não conseguia.
- Está muito curto, não está? - perguntei-lhe, preocupada.
- Não está não, está perfeito, anda, calça-te rápido, menina. – disse com tom de urgência.
Calcei um par de sandália preto com fitas rosa, tinha um salto muito raso. A Madeleine segurou-me pela mão e saímos a correr do quarto, descendo as escadas em segundos. Quando chegamos à sala de jantar com o coração aos pulos, ele já estava sentado à mesa com cara de poucos amigos à minha espera.
- Não digas nada – sussurrou-me a tia Madeleine.
O tio Nigel puxou a cadeira e eu sentei-me, engolindo em seco. Tinha que me atrasar logo no primeiro dia. A tia Madeleine começou a servir o jantar e olhei de esguelha para o Evan. Me observava friamente, senti um arrepio da cabeça aos pés. Começamos a refeição em silêncio, depois de servirem o prato principal, Nigel e Madeleine saíram da sala, deixando-nos a sós.