A Pérola Negra
img img A Pérola Negra img Capítulo 5 Um jantar desastroso
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Capítulo 6 A carta dos vigaristas img
Capítulo 7 O charme do meu tutor img
Capítulo 8 Uma nova Equipe img
Capítulo 9 A Universidade Waltz img
Capítulo 10 Dezoitos anos img
Capítulo 11 O meu primeiro beijo img
Capítulo 12 Brincando com fogo img
Capítulo 13 Ela mexia comigo, já não podia negar. img
Capítulo 14 Um balde de água fria img
Capítulo 15 O resfriado img
Capítulo 16 A muralha img
Capítulo 17 Ansiedade inesperada img
Capítulo 18 Eu não preciso de fugir de ninguém img
Capítulo 19 Preocupação exagerada img
Capítulo 20 O desejo de um abraço img
Capítulo 21 Uma conexão intima img
Capítulo 22 A nova Alana img
Capítulo 23 O reencontro com o meu tutor img
Capítulo 24 Quatro anos depois img
Capítulo 25 Um soco no estômago img
Capítulo 26 Ela desobedeceu-me img
Capítulo 27 Uma noite fora do vulgar img
Capítulo 28 Ciúmes img
Capítulo 29 Ela me desarmava completamente img
Capítulo 30 Um beijo apaixonado img
Capítulo 31 Um segredo img
Capítulo 32 Humilhação img
Capítulo 33 Calúnia img
Capítulo 34 Solidão img
Capítulo 35 Mudança de planos img
Capítulo 36 O dia da Formatura img
Capítulo 37 O dia da Formatura 2 img
Capítulo 38 O dia da Formatura 3 img
Capítulo 39 Ele veio... img
Capítulo 40 O Reecontro Escaldante img
Capítulo 41 O testamento img
Capítulo 42 O testamento 2 img
Capítulo 43 Noivado Invulgar img
Capítulo 44 Era apenas um contrato img
Capítulo 45 O Casamento img
Capítulo 46 Dançando com a Sra. Waltz img
Capítulo 47 A lua de mel img
Capítulo 48 Amargura img
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Capítulo 5 Um jantar desastroso

Havia um silêncio ensurdecedor, na mesa. O silêncio era tão profundo que pesava no ar, quase palpável, fazendo cada respiração soar ensurdecedora. Era uma ausência de som tão intensa que amplificava a tensão e o desconforto, somente o barulho dos meus talheres soava de vez em quando para aliviar os meus nervos. Ele comia como um príncipe, levou a comida à boca e mastigou lentamente, limpou a boca. Estava hipnotizada, com os seus gestos suaves. Fiquei que nem uma idiota em transe observando-o.

- Tem alguma coisa no meu rosto? - perguntou, bebendo um pouco de água.

- Não – respondi de imediato.

Ele pousou os talheres e cruzou as mãos em frente ao peito.

- Estás bem acomodada? – perguntou com um interesse forçado.

- Estou sim, obrigada por me teres acolhido - disse baixinho.

- Não tive outra escolha, não é mesmo? – perguntou em tom irônico.

A pergunta apanhou-me de surpresa, depois continuou - aqueles dois vigaristas, mesmo depois de mortos, conseguiram me chantagear.

Arregalei os olhos, incrédula pelo que acabara de ouvir.

- Não fales assim do meu papá e do seu irmão, eles tiveram bons motivos para me deixar sob a tua tutela. Mas se for um peso para ti, eu peço desculpas, mas vou obedecer às orientações que o meu papá deixou. – disse séria, encarando-o sem pestanejar.

- Então, diz-me como deveria falar deles, o teu pai foi teimoso como uma mula e olha o resultado? – disse, atirando o guardanapo em cima da mesa. Senti os meus olhos marejados, mas não iria chorar na frente dele, não mesmo. Alana, - foi a primeira vez que o ouvi a pronunciar o meu nome. – Para conseguirmos conviver, há certas regras que terás de cumprir para podermos viver, cordialmente, nos próximos anos. Algumas regras da casa, acredito que já te foram informadas pelo Nigel, chegar atrasada nas refeições é inaceitável.

Engoli em seco.

Amanhã poderás descansar, mas o ideal será retomares as aulas. A tua transferência já foi oficializada e, com as notas que tens, foste aceite no curso de engenharia aeronáutica na universidade Waltz. Sabes que só os melhores são selecionados, por isso não quero notas baixas. Além disso, estás proibida de ter amigos do sexo masculino e qualquer tendência que indique um namorico enquanto estiveres debaixo do meu teto terá consequências desagradáveis. Entendeste?

Dois guarda-costas foram designados para a tua proteção dia e noite. Ele recostou-se com os braços cruzados em frente ao peito, aguardando a minha reação.

- O que é isso? É uma prisão? Estás a impor algo que ridículo não achas? - Levantei-me da cadeira, o meu peito arfava com revolta.

- Não, tudo o que eu fizer daqui para frente será para o teu bem, quer gostes ou não. Quando assinei aquele acordo, eu me comprometi a aprimorar-te e a tornar-te a melhor versão de ti mesma. Quando eu assumo uma responsabilidade, eu honro-a até o fim, ainda que tenha que dar a minha vida. O teu pai sabia disso muito bem e usou a teu favor. Por isso, relaxa, estás em boas mãos. - Disse zangado, mas contido. - O Nigel irá levar-te à universidade todos os dias.

Ele levantou e estava prestes a sair da sala, então eu disse:

- Se a minha presença te incomoda tanto, eu posso morar no dormitório da universidade até o dia da minha graduação.

O canto da sua boca levantou.

- E um enxame de jovens com hormonas descontroladas estariam a sobrevoar-te vinte e quatro horas por dia? Está fora de questão, menina.

- Evan, com que cara eu vou chegar na universidade com dois guarda-costas, por que chamar tanta atenção sobre mim?

- Este não será um problema meu. – disse friamente, encarando-me com os seus olhos azuis vivos, algo que tínhamos em comum.

Peguei o meu copo de água e atirei-o ao chão. O meu peito arfava violentamente enquanto sentia a quentura de uma lágrima a descer no meu rosto.

Um vinco se formou na sua testa, mordeu a parte de dentro dos lábios, respirou fundo e perguntou, impaciente:

- O que é que pensas que estás a fazer?

- Estou furiosa com isso tudo, então posso me permitir partir um copo como fizeste esta tarde, não posso? – respondi revoltada.

Ele deu uma risada sarcástica.

- Sabias que ainda tens idade de levar algumas palmadas no rabinho? - disse, olhando para as minhas ancas. – Não me provoca, menina, tu não me conheces.

- Madeleine! - Gritou alto. A Madeleine entrou na sala com ar preocupado. - Certifica que esta menina limpa a sujeira que ela fez. Caco por caco. – disse lentamente, as suas mandíbulas se contraíram.

- Hipócrita! - Gritei.

Saí da sala a correr e refugiei-me na solidão do meu quarto. Li vezes sem conta a carta do papá, a saudade era esmagadora.

"Minha Pérola,

Se estás a ler esta carta, quer dizer que o pior aconteceu, e que já não estou ao teu lado. Perdoa-me por não cumprir o meu papel de pai na íntegra e deixar-te prematuramente, meu amor. A minha paixão pela engenharia aeronáutica deixou de ser ardente desde o dia em que soube da tua existência e quando finalmente te conheci.

O exame de DNA foi mera burocracia, porque eu soube logo que eras minha, e te amei no mesmo instante. Encheste os meus dias de alegrias e tornaste as minhas noites solitárias em um manto de amor e consolo.

Estava disposto a dar-te o mundo, se me pedisses. Mas rapidamente percebi que a vida te roubou a infância, te fazendo ser mais madura que a idade que tinhas e o que mais precisavas não eram as joias que comprei ou as roupas caras. Percebi os princípios lindos que a tua mãe te ensinou. Tudo o que querias era o meu amor. Obrigado por teres entrado na minha vida!

Enfrentarás muitos desafios de agora em diante. Eu confio plenamente nas tuas capacidades. Tens um futuro maravilhoso pela frente, Alana. Não te quero assoberbar com o testamento agora, concentra-te nos teus estudos. Deixo-te em boas mãos. Eu vi o Evan Waltz crescer e a tornar-se num homem diligente com um futuro promissor. Pessoa mais honesta não há. Ele é um gênio e poderá te orientar na tua carreira e, mais tarde, quando assumires o teu patrimônio, ele te vai ajudar a geri-lo. Confia em mim porque eu confio nele a 100%.

Seja forte, meu amor, não te esqueças de quem és Alana White, tu és a minha herdeira. Não deixes o meu legado morrer comigo. Peço que sigas as orientações desta carta e que te mantenhas firme até o dia da leitura do testamento. Aprendendo a ser uma mulher independente com o teu mentor.

Perdoa-me por não te levar ao altar e por não segurar os meus netos no colo. Imploro-te que encontres sem pressa um homem digno de ser teu esposo e que sejas feliz.

Amo-te muito, muito, muito, minha pérola preciosa.

Ronald White"

Eu sei que ele queria o melhor para mim, mas sei que conviver com Evan será um verdadeiro pesadelo. Não entendo por que ele me trata assim. Entreguei-me a um pranto até adormecer.

                         

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