Rosa Escarlate - A Dançarina Exótica
img img Rosa Escarlate - A Dançarina Exótica img Capítulo 4 4
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Capítulo 4 4

O quê? Ele não a havia olhado torto. Simplesmente pousara em cima dela sobre uma pilha de biscoitos. E fora incapaz de se levantar porque ela entrelaçara os membros em volta dele como se estivesse se afogando e Nick fosse um salva-vidas tentando salvá-la. Ele começou a sorrir.

– Izzie.

– Izzie. A ex-gordinha irmã de nossa cunhada se transformou em uma mulher muito sexy, que agoraestá de volta à cidade, trabalhando na confeitaria.

– Na confeitaria dos pais dela, logo acima no quarteirão?

– A própria.

– Ela está aqui em definitivo? – perguntou ele, já imaginando como as coisas de repente poderiamter se tornado tão perfeitas.

– Não sei. Ela está de volta ao lar há alguns meses, desde que o pai de Gloria sofreu um derrame.Com a chegada do bebê, Gloria não pôde ajudar muito, e a irmã do meio é advogada.

– Então a caçula voltou para casa para tomar conta de tudo. – Não era surpresa. Os Natale seassemelhavam muito aos Santori: a família significava tudo.

Quase parecia bom demais para ser verdade. Ele finalmente encontrara alguém que não apenas fazia seus nervos faiscarem e seu jeans ficar apertado, mas que também vinha com um selo de préaprovação da vizinhança. Ela estava linda. Estava agressiva. O sorriso dela quase fez o coração dele parar. Ela fora apaixonada por ele desde sempre, e ele obviamente ainda a afetava, a julgar pelo modo como ela fora embora bufando.

E ela não era uma stripper sem rosto, escondida atrás de uma máscara.

Chega disso. A Rosa Escarlate era a fantasia de todos os homens. A essa altura da vida, Nick desejava a realidade. Ele estava pronto para o mesmo que seus irmãos possuíam. E havia acabado de tropeçar em uma mulher de verdade que, ele sentia, podia enlouquecê-lo totalmente de desejo e ser alguém de quem ele poderia verdadeiramente gostar.

– Acho que estou com vontade de comer um docinho fresco – murmurou ele, sorrindo enquantoolhava pela janela, para o céu riscado de alaranjado pelo sol poente. Izzie já não estava mais visível... Ela obviamente não estava desesperada para comer pizza.

Talvez ele entregasse uma para ela.

– A julgar pelo jeito como ela disparou daqui, é melhor você pensar duas vezes.

Nick deu de ombros. Ele não estava preocupado. Afinal, Izzie tivera uma paixão por ele certa vez... Ela praticamente o perseguia. Ele só precisava lembrar-lhe disso. E informá-la de que estava pronto para ser fisgado por ela.

– JURO, BRIDGET, você devia ter visto a expressão dele. Foi como se uma mulher tivesse dado um fora nele pela primeira vez. – Izzie nem mesmo olhava para a prima enquanto falava. Ela estava ocupada demais socando uma imensa bola de massa, imaginando o rosto de Nick Santori enquanto o fazia.

Embora já tivessem passado quase 24 horas desde que ela o encontrara, Izzie não tinha parado de pensar nele. Que desgraçado por invadir o cérebro dela outra vez, quando ela se esforçara para esquecê-lo ao longo dos últimos anos! Desde que fora embora de Chicago para seguir seus sonhos de bailarina, ela ficara se convencendo de que a paixão por ele tinha sido uma coisa boba, infantil.

Vê-lo outra vez a fizera se lembrar da verdade: ela desejava Nick antes mesmo de compreender o que era aquilo que ela queria. Agora que ela sabia o que significava o formigar entre as pernas e a lassidão nos seios, o desejo era quase doloroso.

– A vovó não dizia sempre que o segredo da massa folheada era não sová-la demais? – observoua prima, soando silenciosamente divertida.

Izzie a fuzilou, sentada do outro lado da cozinha da confeitaria, com um olhar.

– Você quer fazer isto?

Bridget, que tinha um visual delicado e era bonita, colocou uma mecha de seus longos cabelos castanho-claros atrás da orelha.

– Você é a confeiteira. Eu sou a contabilista. – Ela deu um gole em sua enorme caneca de café. –Então, por que você foi embora? Você o desejava desde sempre.

– Talvez. Mas eu não quero o sempre de um modo geral – lembrou à prima, enquanto enfarinhava o balcão e começava a trabalhar a massa com um rolo. – Você sabe que não quero isto por mais tempo além daquele que sou obrigada. – Ela olhou ao redor da cozinha, onde estava trabalhando sozinha para finalizar os pedidos de sobremesas para os restaurantes clientes. Incluindo o dos Santori.

Não que fosse ela a pessoa a entregar os pedidos deles... de jeito nenhum. O sujeito das entregas ficaria a cargo disso em breve.

– Eu sei. Você vai embora outra vez assim que o tio Gus estiver bem o suficiente para voltar aotrabalho. – Bridget não soou muito feliz a respeito, o que Izzie compreendia. A prima doce e bemhumorada era filha única e praticamente fora adotada por Izzie e as irmãs. Elas cresceram muito próximas.

Izzie sentia falta dela também. Mas não o suficiente para permanecer ali. Assim que o pai se recuperasse, e a mãe não precisasse mais ficar cuidando dele em casa em período integral, Izzie iria embora para sempre. Se ela iria retornar a Nova York e tentar recuperar a carreira na dança, disso não sabia ainda. Mas seu futuro não incluía um cargo de longo prazo como a Garota da Farinha da Rua.

E também não incluía se tornar a amante de qualquer sujeito que os pais dela enxergassem como o motivo perfeito para Izzie ficar por ali e gerar bebês. Até mesmo um amante tentador como Nick.

– Então... como vai a vida? – perguntou ela à prima, desejando mudar de assunto. – Como está otrabalho?

Bridget se inclinou para frente, apoiando os cotovelos no balcão.

– Acho que não sou muito boa. Meu chefe obviamente não confia em mim; há alguns arquivos queele não me deixa nem mesmo olhar.

– Você não foi contratada para manter a contabilidade em dia?

Bridget, que tinha ido trabalhar há três meses em uma loja local de carros usados logo ali na vizinhança, assentiu:

– Eles fazem uma bagunça. Mas, toda vez que peço para ter acesso aos registros antigos, elepraticamente dá tapinhas na minha cabeça e me manda voltar para minha mesa como uma boa garotinha.

Izzie presumia que a prima estivesse dizendo que o chefe lhe dava tapinhas na cabeça figurativamente. Porque, embora Bridget não fosse esquentada como Izzie e as irmãs dela em nenhum aspecto, ela também não era fácil. Podia levar um tempo para perder a paciência, mas Izzie já havia vistos lampejos de raiva em sua prima irlandesa-italiana doce como açúcar. O chefe dela obviamente não tinha conhecido a verdadeira Bridget ainda. Porque ela era a pessoa mais silenciosamente obstinada que Izzie já conhecera... conforme qualquer pessoa que já tentara vencê-la em uma partida de Banco Imobiliário já havia atestado.

– Por que você não pede demissão?

A prima ergueu a caneca, inclinando a cabeça de forma que suas longas franjas caíram por sobre os lindos olhos cor de âmbar. Parecia que ela estava escondendo alguma coisa. E, se Izzie não estava enganada, aquilo era um rubor nascendo nas bochechas dela.

Um rubor. Caramba, Izzie nem mesmo sabia se ela se lembrava de como era corar. A última vez em que as bochechas dela ficaram coradas por qualquer coisa além de maquiagem fora quando ela se queimara depois de ficar muito tempo se bronzeando no deque de um navio de um cruzeiro, há um ano.

Tentando esconder um sorriso, ela murmurou:

– Quem é ele?

A prima quase deixou a caneca cair.

– Hein?

– Ah, qual é, eu sei que tem um cara nessa história.

– Hum... bem.

– Pelo amor de Deus, você está olhando para uma mulher que costumava marcar dois encontrospor noite, então simplesmente conte.

Rindo, a prima contou.

– Há esse novo vendedor.

– Um vendedor de carros usados? – perguntou Izzie ceticamente.

Franzindo a testa, Bridget questionou:

– Você quer ouvir ou não?

Izzie fez uma mímica de "lábios selados" sobre a boca.

– O nome dele é Dean – continuou Bridget. – Dean Willis. E Marty o contatou há cerca de um mês.Ele é tão fofo, tem cabelos louros desgrenhados e imensos olhos azuis... bem, presumo que sejam grandes. Eles parecem maiores por causa dos óculos grossos que ele usa.

Ela observava Izzie, como se esperando por um comentário. Izzie de algum modo deu um jeito de evitar fazer algum.

– Ele já vendeu mais carros do que qualquer um porque ele é simplesmente tão... calado. Fácil deconversar. Modesto. – Suspirando um pouco, Bridget acrescentou: – E tem o sorriso mais lindo do mundo!

Izzie nunca tinha ouvido a prima falar assim sobre um homem. Devia ser sério mesmo.

– Então... você saiu com ele?

Bridget balançou a cabeça e suspirou novamente, só que muito mais alto.

– Ele nunca nem mesmo notou que estou viva.

Bufando, Izzie respondeu:

– Eu duvido disso. Você é adorável.

Bridget exibiu o lábio inferior em um beicinho.

– Ursinhos de pelúcia fofinhos são adoráveis. Eu quero ser... outra coisa.

Sexy. Era obviamente o que Bridget tinha em mente. Izzie espiou a prima, cogitando fazer uma transformação nela. Bridget tinha o básico, só precisava destacá-lo um pouco. Mas Izzie não achava que Bridget precisava de muita coisa. Ela era tão discretamente bela, tão delicada e feminina... e o sujeito seria um idiota por querer mudá-la.

Então, mais uma vez, ela havia conhecido uma tonelada de caras, e poucos deles eram inteligentes de fato.

– Então o convide para sair. Faça com que ele note você.

– Eu não conseguiria.

– Só para tomar um café.

A prima mordeu o lábio.

– O que foi?

– Bem, ele me convidou para sair de fato uma vez, mas fiquei tão afobada e nervosa que disse a ele que eu não bebia café.

Erguendo uma sobrancelha e olhando diretamente para a caneca de tamanho industrial diante do rosto da prima, Izzie resmungou:

– Mas não era um encontro – acrescentou Bridget. – Pelo menos, eu acho que não. – Soandofrustrada, ela completou: – Talvez eu devesse fazer injeções de colágeno. Eu soube que homens gostam de lábios fartos.

Ridículo. A beleza de Bridget era do tipo natural e não precisava de porcarias falsas como aquelas que Izzie vira outras dançarinas fazerem consigo mesmas. Mas, antes que pudesse dizer isso, ou ameaçasse arremessar a mão lotada de recheio de cheesecake de ricota em Bridget caso ela fizesse algo tão estúpido, ela ouviu a campainha da porta da frente tocar.

Olhando para o relógio, Izzie conteve um xingamento. Eram quase 17h, uma hora depois do horário de fechamento. Ela deveria ter se esquecido de trancar a porta depois que seus funcionários de meio período foram embora, e algum cliente aparecera para fazer um lanchinho.

Ela duvidava que houvesse muita coisa sobrando para servir. As manhãs eram o período mais movimentado, com clientela e transeuntes entrando para comprar doces e muffins. Durante o horário de almoço, quando a Natale's servia sanduíches leves e saladas juntamente a sobremesas clássicas, eles ficavam lotados também. Desde que Izzie surgira com a ideia de oferecer internet wi-fi gratuitamente para todos com laptops, alguns clientes se sentavam a uma das mesinhas de café e permaneciam até a hora de fechar. Eles bebiam muito café... e comiam muitos doces. Por volta de 16h, normalmente o balcão da Natale estava vazio, conforme esse cliente tardio logo viria a descobrir.

– Olá? – chamou uma voz.

Agarrando uma toalha, Izzie limpou as mãos e a jogou sobre o ombro.

– Já volto – disse à prima, enquanto seguia pelo pequeno corredor até o café. – Desculpe, estamosfechados para... – As palavras morreram nos lábios de Izzie quando ela viu quem estava do outro lado do mostruário de vidro, tão lindo que ela quase cobriu os olhos para se proteger de toda a glória dele.

– Eu sei. – Ele deu de ombros levemente. – Mas a porta estava destrancada, então pensei quepoderia aproveitar a oportunidade para vê-la caso você estivesse aqui.

Nick estava parado dentro do café sombrio, iluminado pelo sol de fim de tarde que adentrava pela vitrine da frente. A luz refletia nos olhos escuros dele, conferindo-lhes um brilho dourado que parecia irradiar calor. Ela podia senti-lo dali.

– Você me encontrou – murmurou ela.

– Você não precisou exatamente deixar uma trilha de migalhas, doçura... este lugar está aqui háséculos.

– Não me chame de doçura – rebateu ela.

Ele estendeu as mãos, as palmas expostas. – Desculpe.

Mandando o próprio coração continuar a bater normalmente, Izzie atirou a toalha no balcão, então cruzou os braços para encará-lo.

– Você está tentando me dizer que sabia que eu estaria aqui porque você sabia quem eu era? Tente outra vez.

Nick pigarreou, desviando o olhar. Encolhendo-se envergonhado de um jeito fofo, ele disse:

– Não, eu não reconheci você no início.

Então ele a reconhecera depois que ela fora embora?

– Mark me disse quem você era.

O babaca.

– Desculpe por não ter reconhecido você. Faz muito tempo.

Não tempo suficiente para que ele fosse apagado da mente dela, isso era certo. Ela reconheceria Nick Santori se trombasse nele vendada durante um apagão. Porque o perfume dele estava gravado em seu cérebro. E o corpo dela reagia de um jeito instintivo toda vez que ele estava por perto, de um jeito que não reagia a mais ninguém, nem mesmo a homens de quem ela fora íntima.

Ele a deixava trêmula, desejosa, fraca e ávida, tudo ao mesmo tempo. Sempre deixara, por algum motivo desconhecido.

– Sim. Faz muito tempo – murmurou ela, passando para lavar as mãos na pequena pia atrás dobalcão.

Droga, ela odiava o fato de ele deixá-la perturbada. Já havia conhecidos outros homens bonitos. Havia ido para a cama com outros homens bonitos. Talvez nenhum deles fosse tão forte e másculo, ou tão sensual. Mas ela havia saído com atores e milionários lindos que desejavam mostrar que saíram com uma dançarina profissional capaz de levar a perna acima da cabeça. Nenhum deles a afetara do jeito como este, que ela nunca nem mesmo beijara, a afetava.

– Preciso correr, Izzie – disse uma voz. – Não quero... atrapalhar.

Izzie quase tinha se esquecido de que Bridget estava na cozinha. Ao ver o sorriso no rosto da prima, ela suspirou de maneira frustrada e longamente. Pretendia utilizar Bridget como um pretexto ou, no mínimo, como um cinto de castidade de 1,65 metro, para mantê-la longe de atitudes estúpidas, como espalhar recheio de cheesecake sobre o corpo inteiro de Nick e então lamber tudo lentamente. Mas a prima a estava socorrendo, antes de seguir em direção à saída.

– Bom ver você, Nick – disse ela.

Os três caíram então em uma conversa breve e casual, como a maioria das pessoas que havia crescido na vizinhança normalmente fazia. Exceto que Izzie ainda não tinha redescoberto aquela camaradagem com todas as pessoas com quem tinha crescido. Enquanto os dois conversavam, Izzie tentava recuperar a tranquilidade, obrigando-se a olhar para aquele sujeito do mesmo jeito que olhava para todos os outros. Como nada especial.

Sem chance. Ela não conseguia fazê-lo. Ele era especial.

Aquilo tinha que ser porque ele havia sido o primeiro homem que ela desejara. E o fato de nunca tê-lo fizera a intensidade da atração crescer. Sem um ápice, sem a explosão quando finalmente o possuísse e então o tirasse da cabeça, ela permaneceu em um processo lento de fervura do desejo por Nick durante anos.

Então o possua e tire-o da sua cabeça.

Ah, a ideia era tentadora. Muito tentadora. Parte dela desejava desesperadamente convidá-lo para ir com ela ao hotel mais próximo e tomá-la até ela não conseguir nem fechar as pernas mais. Se ela tivesse garantias de que ele o faria, e que então se esqueceria do ocorrido, sem nunca esperar um repeteco e que nunca, nunca, contaria uma palavra a ninguém, ela cogitaria seriamente.

Mas não seria assim. Nem em um milhão de anos. Ela sabia que ele nunca nem mesmo a beijaria quando ela era menor de idade, nem mesmo se ela o sequestrasse e o mantivesse preso. O que, para ser honesta, ela havia feito... no casamento.

Ele era um Santori. Com toda a carga que o nome ostentava. A criação dele, a família e o próprio código moral significavam que ele nunca teria um encontro sexual descompromissado com a irmã caçula de sua cunhada. A filha do amigo do pai dele. A garota que morava no fim do quarteirão. De jeito nenhum.

Ele era o tipo de sujeito que teria de estar namorando a mulher com quem dormia. Namoro, no estilo da vizinhança, com mãozinhas dadas, partidas de minigolfe, pizza no restaurante da família dele e doces no restaurante da família dela. Pacote completo. Que piada! Não que ele a tivesse convidado para sair de fato. E se convidasse? Bem... aquilo poderia tê-la empolgado certa vez... anos atrás, quando ela realmente achava que a confeitaria, a família e o bairro de Little Italy eram todo o mundo do qual precisava. Agora, no entanto, aquilo só a deixava triste porque, conforme ela já havia percebido, namorar Nick era igual a se amarrar. E amarras poderiam muito bem sufocá-la.

– Bem, vejo você amanhã – disse Bridget, assim que saiu.

Izzie nem mesmo notou que Bridget e Nick tinham acabado de conversar. Amaldiçoando a prima para que continuasse a socorrê-la, Izzie pigarreou, prestes a dizer a ele que precisava voltar ao trabalho.

Ele falou primeiro:

– Então... você me perdoa?

– Sim, claro, não foi nada de mais – respondeu ela, dando de ombros de maneira forçada.

Um sorriso ínfimo se formou nos lábios maravilhosos dele e os olhos escuros brilharam. – Nada de mais? Você pareceu bem furiosa.

Droga. Ele percebera.

– Eu não estava furiosa. Estava mais para... divertida.

– Claro. Foi por isso que fiquei com um hematoma no peito bem onde você me empurrou.

O queixo dela caiu e ela imediatamente começou a cuspir negações. Então viu o enorme sorriso dele.

– Você é um idiota.

– E um babaca – respondeu ele, o sorriso desaparecendo, embora a piscadela tenha permanecido.– Eu realmente falo sério, Iz, desculpe por não ter reconhecido você. – Dando a volta no balcão para vê-la melhor, ele lançou um olhar vagaroso sobre ela. De baixo para cima. E então para baixo outra vez. – Mas você precisa me dar um desconto. Está bem diferente.

– Não sou mais viciada em bolinhos – rebateu ela.

– Você não era gorda.

– Eu era uma bolinha de meias cor-de-rosa.

Ele balançou a cabeça.

– É que você estava com rostinho de criança da última vez que a vi. Uma menina. Agora vocêestá... crescida.

– Absolutamente certo.

Ele não disse nada por um momento, ainda a observando enquanto se inclinava contra o balcão. A posição fazia a camiseta cinza dele se grudar mais aos ombros e peito, destacando o tamanho dele. Deus, ele era grande! Mas, ainda assim, era estreito nas cinturas e esbelto nos quadris. Foram os quadris que capturaram a atenção dela, o jeito como o jeans desbotado e sem o cinto caía, o tecido macio abraçando os ângulos e contornos do corpo dele.

Realmente não era justo um homem ser tão perfeito.

– Então... sobre nossa conversa na noite passada.

Quando olhava para ele, dominada pelo calor dele, ela mal conseguia se lembrar do próprio nome. Muito menos de qualquer conversa.

– Hein?

– O que você diz? Vai me dar seu telefone?

Deus, o que ela não teria dado para ouvir aquelas palavras dele há dez anos! Ou, diabos, até mesmo dois meses atrás... se ela por acaso tivesse dado de cara com ele na Times Square e ele tivesse proposto um encontro sensual de uma noite só em nome dos velhos tempos. Ninguém em Chicago jamais teria de saber o que houvera. Ela teria pulado sobre a oferta como um apostador em cima de um bilhete de loteria gratuito.

– Acho que não.

– Vamos lá, você sabe que pode confiar em mim. Não sou um estranho perseguindo você. Nós nosconhecemos desde que éramos crianças.

Diabos, ele a conhecia desde que ela era criança. Desde a época em que o conhecera, Izzie só enxergara o homem sensual, quente e glorioso. Mesmo que ele não tivesse mais do que 14 anos.

– Só uma noite, em nome dos velhos tempos?

Ele era tão tentador. Porque os velhos tempos dos quais ela se recordava eram aqueles quentes das fantasias dela. E o incidente no casamento. Ele acabara entre as pernas dela em ambos os casos.

– Bem...

Ele se movimentou novamente, aproximando-se mais, como se percebendo que ela estava vacilante. Repousando a mão sobre o balcão, perto da dela, ele murmurou:

– Sem pressão. Podíamos simplesmente pegar uma pizza.

            
            

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