Rosa Escarlate - A Dançarina Exótica
img img Rosa Escarlate - A Dançarina Exótica img Capítulo 6 6
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Capítulo 6 6

ELE NUNCA devia ter ido até lá. Nunca deveria ter entrado em uma salinha com uma mulher que já fazia a cabeça dele girar e o corpo retesar em expectativa. Uma mulher que ele deveria estar protegendo de sujeitos que já a haviam ameaçado.

Nick estivera lidando bem com as coisas até agora. Mesmo enquanto observava as dançarinas se apresentarem, enquanto estava observando a apresentação dela, ele se sentira no controle da situação. Sim, ela o afetava. Qualquer homem que não fosse afetado pela Rosa Escarlate só podia ter sido castrado ou ter nascido sem libido. Mas o efeito que ela causava era puramente físico, não mental, não emocional. Na cabeça dele, ele ainda só enxergava uma mulher. Desejava uma mulher. E essa mulher era Izzie Natale.

Ele estava se sentindo tranquilo e confiante quando Harry o levara ao andar de baixo para conhecê-la. Um pouco daquela confiança desaparecera quando ele se aproximara dela o suficiente para sentir o perfume sutil e delicado que ela usava, tão em desacordo com o ambiente e com a profissão dela. A tranquilidade dele pulara pela janela quando ela o conduzira ao pequeno camarim, onde ele se sentira como um urso preso em uma cabine telefônica.

E agora... isto... vê-la no espelho?

Loucura.

Ele a havia visto quase nua no palco e ela o surpreendera. Agora, de pertinho, ela o enlouquecia. Mesmo vestindo algo que poderia se passar por roupa em uma praia ensolarada, ela era tão sedutora quanto havia sido durante sua dança nua.

Ela era alta e curvilínea, delicada e de tirar o fôlego. Os seios fartos estavam contidos por um sutiã que abarcava a parte de baixo, mas deixava a parte superior quase nua. O decote caía sobre a costura e as pontas morenas e rijas dos mamilos investiam de encontro à renda branca, exigindo atenção.

Todos os homens no ambiente no andar de cima haviam visto os seios dela há alguns minutos, mas agora, de perto, Nick era capaz de apreciar verdadeiramente a perfeição deles. O quão perfeitamente eles se encaixariam nas mãos dele, o quão deliciosos os mamilos dela seriam de encontro à língua dele.

Nick inspirou fundo, deixando sua atenção se voltar mais para baixo. O olhar roçou sobre o umbigo, sobre a cintura delgada. E se demorou nos quadris generosos destacados pelas marquinhas brancas, as tiras da calcinha, fixadas de cada lado. O elástico da calcinha patinava pela pele clara, de aparência frágil, logo abaixo do quadril. Um pequeníssimo tufo de belos cachos castanhos espiava por sobre o topo deles, a sombra escura atrás da seda branca sendo tudo o que ele podia ver do restante.

Aquilo era mais do que ela havia revelado na dança, e todas as células masculinas no corpo dele reagiram à visão gloriosa. O batimento cardíaco dele desacelerou, e ele engoliu em seco, a boca inundando de desejo. Sua ereção saltou em fúria contra o zíper para se libertar.

A bancada interferia no restante da visão, deixando-o dopado de curiosidade enquanto sua mente preenchia as lacunas com o que ele não estava vendo. Aquelas longas pernas. Ela possuía pernas que poderiam envolvê-lo duas vezes, pelo que ele conseguira reparar durante a dança.

Era fácil demais se imaginar erguendo-a sobre aquela superfície robusta e longa, abrindo as pernas dela e então colocando uma cadeira para sentar-se entre elas. Ele a empurraria para trás, então colocaria os joelhos dela sobre seus ombros. Mergulhando a cabeça para uma exploração mais completa, ele proveria aquelas belas curvas e as dobras reluzentes que elas escondiam. Ele iria satisfazê-la completamente, devorá-la até o próprio rosto ficar molhado com a umidade da excitação dela. Ele acalmaria seu desejo e então se concentraria apenas nela, dando a si um longo tempo antes de olhar para cima para observar o prazer no rosto dela quando o orgasmo a atingisse.

Mas, na visão, ele não via o rosto mascarado de uma estranha. Era o rosto de Izzie. Aquela estranha o excitara. Izzie era a mulher que ele desejava para fazê-lo se sentir completo.

Ele precisava sair dali. Agora. Porque, mesmo com Izzie o dispensando, mesmo não tendo absolutamente nada entre eles, ela ainda era a mulher que ele realmente desejava. Aquela com quem ele sonharia esta noite, tendo se aliviado em uma ejaculação agora ou não.

Ele poderia ir para a cama com aquela estranha... e poderia até mesmo ser bom. Mas não daria fim ao desejo dele. E com certeza iria complicar as coisas em seu novo emprego.

Logicamente, ele sabia de tudo isso. O bom filho dos Santori que não conseguia se imaginar levando uma mulher como aquela para conhecer sua família tradicional já deveria ter se mandado dali há muito tempo.

Alguma coisa o fez ficar. Talvez fosse o outro Nick. Aquele que se tornara predatório no campo de batalha e entediado no mundo real. Aquele que fora dispensado pela mulher relutante que ansiava e que estava cara a cara com uma mulher disposta que ele desejava.

Os olhares de ambos se encontraram, os dela um tanto escondidos atrás daquela máscara que ela ainda usava. Os lábios estavam sensualmente curvados em um sorriso sensual e o queixo, erguido em puro desafio visual.

Nick não conseguia evitar. Ele começou a sorrir também, um sorriso contraído, perigoso, que poucos teriam reconhecido no rosto de um dos afáveis garotos dos Santori.

– Não acho que o biombo funcione muito bem – conseguiu dizer Nick, a voz gutural.

– Eu diria que depende de quais são minhas intenções.

Mais esperto, ele perguntou:

– Se não é para lhe dar privacidade ao se trocar, para que você quer que ele sirva?

O sorriso se expandiu, um brilho de prazer aparecendo naqueles olhos escondidos.

– Talvez simplesmente aumentar a expectativa. É incrível como é muito mais excitante ver umpouco... mas não tudo.

– Você mostra quase tudo no palco.

– Quase – reconheceu ela. – Mas, se você notou, principalmente a pele e as pétalas, e só umpequeno vislumbre no final.

Ele cerrou o maxilar.

– Eu percebi.

– Aquilo fez você querer mais? O vislumbre deixou você com desejo de dar uma olhada... o que,por sua vez, deixou você ávido por um toque?

O que o deixaria insano por uma provada.

Ele não respondeu; não precisava. Ela viu a resposta no rosto dele. Como se cansada do jogo, ela saiu de detrás do biombo, ainda usando apenas três coisas: a calcinha minúscula, o sutiã sumário e a máscara de veludo vermelho que era maior do que as outras duas peças.

– Por que você não tira isso? – perguntou ele, necessitando ver o rosto dela. Ele precisava encontrar nela algo que o desanimasse, assim ele poderia subir para onde o chefe o estava aguardando. Assim, ele poderia tirá-la cabeça e voltar a controlar sua libido.

Arqueando uma sobrancelha questionadora, ela apontou para o sutiã, ato que o surpreendeu, lhe arrancando uma pequena risada. Porque, diabos, sim, ele gostaria de vê-la sem o sutiã, bem de perto, mas sabia que não poderia deixar isso acontecer. Não se quisesse manter seu emprego. Não se quisesse ter o tipo de vida que seus irmãos possuíam.

Não se quisesse fazer as coisas funcionarem com Izzie.

– Não. Estou falando disso. – Ele fez um meneio de cabeça em direção à máscara.

– Acho que não.

– Você realmente leva esse anonimato tão a sério?

– Mais do que você imagina.

Ela se aproximou mais e Nick honestamente não sabia o que o agradava mais: sentir o calor quando ela se aproximava, ou vê-la dos dois modos, ao vivo e refletida no espelho. A calcinha da mulher não era apenas minúscula, era tipo tanga, e ele podia ver as curvas suculentas do traseiro dela no espelho. As mãos cerraram diante do desejo de preenchê-las com aquelas curvas. Ela pegou a mão esquerda dele e a ergueu.

– Nenhuma aliança.

Ele balançou a cabeça.

– Então não tem ninguém... especial?

Ele hesitou um segundo antes de responder. Uma semana atrás, a resposta teria sido um "não" inequívoco. Agora ele não tinha tanta certeza. Nick se salvaguardou:

– Essa pessoa especial é uma questão que está no ar no momento.

Ela fez um beicinho reluzente e molhado contra o veludo vermelho que lhe envolvia a boca.

Ele queria mordê-lo. Sugá-lo e lamber a corpulência ali, e então colocá-la no colo e explorar todas aquelas curvas e ângulos delicados do corpo dela.

– Também estou solteira – murmurou ela, lambendo os lábios como se tivesse lido os pensamentosdele. – E, francamente, em meu ramo de trabalho não tenho muita utilidade para encontros e conversinhas para conhecer melhor.

Ele suspeitava saber para onde ela estava indo. Com alguma outra mulher, qualquer outra mulher,

ele buscaria sinais, se perguntaria se ela estava tentando conquistá-lo. Mas essa seria muito franca sobre o que desejava.

Ela levantou a mão, trilhou as pontas dos dedos pelo ombro dele, as unhas arranhando o algodão da camisa dele. Ele sentia o toque em todos os lugares. O perfume dela o dominava. O calor dela gritava para ele em um convite sexual puro.

E ela deixou ainda mais claro:

– Quero fazer sexo com você.

O coração dele falhou. A calça encolheu na virilha e, se a mulher olhasse para baixo, saberia que ele poderia acolhê-la muito facilmente. Várias vezes, se ela assim o permitisse.

Antes que Nick pudesse dizer qualquer coisa, ela prosseguiu rapidamente:

– Apesar do que você possa pensar, já que acabamos de nos conhecer, não estou fazendo essa sugestão sutilmente. Conforme Harry poderia confirmar... Não tenho o hábito de deixar homens entrarem em meu camarim. Você é, na verdade, o primeiro com quem fiquei a sós desde que comecei a trabalhar aqui.

Interessante. Ela soava como se estivesse preocupada se ele questionaria sua moral ou pensaria que ela não tinha valor. Ele havia conhecido mulheres desprezíveis. Mas, pela sua experiência, eram mulheres com baixa autoconfiança e autoestima mais baixa ainda, que se agarravam ao sexo com qualquer um em um esforço de alimentar seus egos e preencher seus corações vazios.

Ele já sabia que Rosa não era desse jeito. Ela era incrivelmente autoconfiante. Podia erguer um dedo e ter qualquer homem do andar de cima pronto a lhe oferecer qualquer coisa que ela desejasse... e ela sabia disso. Não precisava de devoção física para lhe alimentar a autoestima. Na verdade, ele suspeitava de que fosse a autoestima inabalável dela a responsável por fazê-la tirar a roupa em um ambiente lotado de homens e ainda assim permanecer tão completamente fora do alcance de todos eles.

Ela podia tirar a roupa para eles, atraí-los, seduzi-los... mas nunca se rebaixava a um nível que dissesse que ela sempre iria dar a eles o que desejassem.

Mas, agora, era exatamente o que ela estava fazendo. Oferecendo-se... para ele.

– Estou lisonjeado – disse ele, o tom rouco.

Ela o tocou, passando as pontas dos dedos pelo cós da calça dele, puxando a camiseta um pouquinho.

– Mas não vai acontecer.

A mão dela parou.

– Você disse que não era comprometido.

– Essa não é a única questão.

– Você está atraído por mim.

Ele não podia negar algo tão óbvio.

– Nós trabalhamos juntos.

Dando de ombros de maneira despreocupada, ela se aproximou mais, deslizando um pé descalço entre os dele, de forma que sua perna roçasse a coxa dele.

– Trabalhar juntos é o que torna isso muito... conveniente.

Ela inclinou a cabeça para o lado, olhando em direção à bancada de aparência robusta, e Nick soube que ela estava imaginando um cenário muito semelhante àquele que preenchera a mente dele mais cedo.

Seria surpreendentemente fácil erguê-la sobre aquela superfície, colocar-se entre as pernas dela e mergulhar no corpo dela. Ou virá-la, deitar-se em cima dela e tomá-la por trás. Os olhos de ambos se encontrariam no espelho... mas ele não veria a paixão nas profundezas deles. Ele mal conseguia descobrir a cor dos olhos dela por trás do tecido da máscara. E de uma coisa ele tinha certeza: nunca faria amor com a mulher enquanto ela estivesse usando aquela coisa.

– Desculpe, Rosa. Você é muito atraente e sensual, mas simplesmente não é a pessoa que estoubuscando agora – disse ele. – Já fiz essa coisa dos encontros de uma noite só e já estou farto disso.

– Quem falou que será uma noite só? – As palavras dela foram irreverentes. O tom rouco, não.

A ideia de ter mais de uma noite com ela o atraía. Mas não mudava o básico da coisa: ela não era o tipo de mulher com quem ele precisava se envolver agora. Nem mesmo se fosse algo puramente sexual.

– Tenho certeza de que há centenas de homens lá em cima que aceitariam seu convite em umsegundo.

– Não quero nenhum deles – murmurou ela. – Quero você.

– Você nem mesmo me conhece.

– Não preciso conhecer você para querer sexo com você.

– Não funciono desse jeito.

Ela emitiu um som de descrença.

– Você nunca fez sexo selvagem, inflamado e desinibido com alguém só para se sentir bem?

– Só para relaxar, sim – murmurou ele, sem esforços para ser delicado. – Mas só porque o tempoe a conveniência exigiam que fosse assim. Não faço desse jeito mais.

– Eu poderia tornar tão gostoso para você. – Ela levantou a mão outra vez, desta vez colocandosobre o próprio quadril nu.

Nick não pôde evitar apertá-la.

– Não duvido.

– Deixe-me fazer – pediu ela. – Vamos ver o quão bom pode ser.

Ele enrijeceu o maxilar e afastou a mão que a tocava.

– Eu sei o quão bom poderia ser. Não duvido que poderíamos nos devorar de maneira insana e um fazer o outro chegar ao orgasmo uma dúzia de vezes em uma hora.

Os olhos dela se fecharam atrás da máscara. Ele podia ver a pulsação dela tremulando no pescoço. Ainda falando naquele sussurro rouco, grave, ela perguntou:

– E o que poderia haver de tão ruim nisso?

Não poderia haver nada de ruim. Na verdade, seria incrível. Mas ele se sentiria péssimo depois. E estava tão certo disso quanto estava certo de que seu irmão Mark nunca iria permitir que ele se esquecesse de que tinha nascido 12 minutos antes de Nick.

Algumas coisas eram indiscutíveis.

Como o fato de que ele não podia fazer sexo com aquela mulher esta noite e, no dia seguinte, ainda olhar nos olhos de Izzie, a mulher que ele sentia que podia ser a certa para ele por todos os motivos certos. Então, olhando para seu relógio, ele encontrou uma ponta de determinação e disse:

– Harry está me aguardando no andar de cima. Vejo você mais tarde.

Sem dar a ela a oportunidade de tentar detê-lo, ele se virou e saiu do camarim. A julgar pelo jeito como algo saiu voando daquela salinha uma vez que a porta foi fechada detrás dele, Nick soube que havia deixado uma mulher muito furiosa em seu encalço.

– ENTÃO... COMO vai você, irmãozinho? – Nick ouviu uma voz feminina perguntar assim que ele se sentou em uma baia no Santori's, no dia seguinte. Era início da tarde de domingo e a multidão que ia à igreja ainda não havia aparecido para o tradicional almoço de domingo, então ele aproveitou a calmaria par almoçar. Olhando para cima, viu a cunhada, Gloria, irmã mais velha de Izzie.

Elas não se pareciam muito. Gloria era bonita, especialmente para uma mãe de três filhos de 30 e poucos anos, mas ela não tinha o visual extravagante de Izzie. Seu rosto era doce, não dramático; a boca, delicada, não sensual. Não tinha o corpo incrível de Izzie. Nem havia herdado o desejo da irmã de fugir dali.

Gloria personificava o mundo no qual havia crescido. Trabalhava no negócio dos pais, havia estudo ali na região. E se casado com um rapaz italiano que morava no mesmo quarteirão. Tinha ido trabalhar nos negócios da família dele. E logo começara a produzir um monte de bebezinhos italianos que eram a cara do pai.

Embora ambos fossem cabeças-duras e voláteis, e tivessem ficado conhecidos por berrar na rua quando se exaltavam, Tony e Gloria eram absolutamente loucos um pelo outro. Eles tinham o tipo de casamento que qualquer um gostaria de ter. O tipo que ele teria sorte em ter... assim que descobrisse se realmente desejava aquilo.

Sem saber que o que ele queria estava se provando um verdadeiro incômodo, transformado em algo ainda mais incômodo pela distração muito sexy chamada Rosa Escarlate. Ele fora capaz de evitá-la durante o restante da noite anterior, enquanto trabalhava na boate, mas todas as vezes que os olhos deles se encontravam, ela o fazia se lembrar de que sabia que ele estava atraído por ela.

– Nick? – incitou Gloria. – Está tudo bem?

– Estou bem. Onde estão os garotos? – perguntou ele, olhando por cima do ombro dela em buscade seus sobrinhos mais velhos, ou o carrinho com o mais novo.

– Eu passei pelos fundos... Tony Jr. e Mikey estão na cozinha com o pai. – Ela levantou a voz,sem nunca tirar os olhos da porta vaivém que dava para a cozinha. – E é bom não estar dando doces do jarro do avô se quiser viver mais um dia.

Da cozinha, veio o som da risada grave de Tony. Nick apostaria dinheiro que os garotos já estavam ligadões por causa do pote secreto de balas de goma do avô.

– E o bebê?

Gloria franziu a testa, olhando em direção à porta do restaurante.

– Deve chegar a qualquer momento. É complicado trazer os meninos sem Tony aqui para meajudar. De jeito nenhum que eu poderia lidar com os três. Então ele ficou com a tia Izzie. – Sorrindo aliviada, Gloria fez um sinal com a cabeça: – Aí estão eles.

Algo naquela cena de Izzie empurrando um carrinho de bebê restaurante adentro fez o estômago de Nick se contorcer. Não porque ela parecia uma mãe nata... mas porque ela parecia triste. Nitidamente desconfortável.

Ele teve que rir. A mulher era tão diferente de todo mundo ali! Talvez fosse por isso que ele não conseguia tirá-la de sua cabeça.

– Ei, Iz, como vai indo com meu principezinho?

– Ele vomitou no meu cabelo. Duas vezes.

Gloria se precipitou e pegou o garoto de 3 meses no carrinho, aninhando-o bem pertinho de si.

– Awwww, o que você fez com ele?

– Eu disse a ele que, se vomitasse em mim outra vez, eu o levaria ao zoológico e o jogaria na jaulados ursos – murmurou Izzie. – O que você acha que fiz com ele?

Gloria deu tapinhas nas costas do bebê.

– Tudo bem, a tia Izzie só esta mal-humorada porque não tem um rapazinho legal a quem aninhar...muito menos quatro, como a mamãe tem.

Nick quase engasgou com a água que bebia com aquela provocação. Se Gloria estivesse encarando a irmã, teria visto o raio mortal que havia saído dos olhos de Izzie. Aparentemente ela o ouvira... porque de repente aquele raio mortal se virou em direção a ele.

Nick estendeu as mãos, as palmas expostas, em um gesto universal de paz:

– Não me jogue em uma jaula de ursos.

O olhar furioso dela desapareceu e ela deu um meio-sorriso.

– Não me provoque.

– Cuidado, Nick – avisou Gloria, ainda concentrada no bebê –, nossa Izzie não é a doçura da qualvocê se lembra. Você não vai querer se meter com ela.

Ah, sim, ele queria se meter com ela. Meter as mãos nos cabelos dela e a língua na boca de Izzie, e os braços em volta do corpo, e as pernas entre as coxas dela. Principalmente, queria se enveredar na vida dela... e que a vida dela se enveredasse à dele. Pelo menos o suficiente para ela lhe dar uma chance de recuperar parte daquele interesse que ela outrora sentira por ele.

Antes que Izzie pudesse dizer qualquer coisa, a porta se abriu e mais membros da família entraram. Os pais dele e o irmão Joe, com a esposa e o bebê a tiracolo, seguiam na frente. Havia amigos da vizinhança logo atrás. Em seguida, muitos primos, tias e tios, os quais vinham ao restaurante todos os domingos para uma grandiosa refeição familiar.

O corpo inteiro de Izzie ficou tenso, o que Nick pôde perceber a um metro e meio de distância. Ela não queria fazer parte daquilo, não se sentia parte daquilo. E Nick, mais do que qualquer um no ambiente, compreendia. Então, sem dizer uma palavra, ele se levantou, pegou a mão dela e a puxou para sua mesa.

Ela resistiu.

– O que...

– Venha, vai ficar tudo bem – sussurrou ele quando a puxou para se sentar ao seu lado. – Vou lhedizer quem reconheço, você me diz quem você reconhece e vamos enfrentar isso juntos.

Ela o encarou, os olhos arregalados, a boca tremendo. Assemelhando-se a um cervo preso numa armadilha, ela parecia prestes a fugir. Parecia incapaz de lidar com alto tão inócuo, porém doloroso, como uma reunião de vizinhança.

– Tudo bem – repetiu ele.

            
            

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