Droga, ela estava agressiva. Será que ela sempre tinha sido daquele jeito? Nick havia imaginado que Izzie se parecesse com Gloria, pela irmã que ela havia sido. Mas, considerando que ele nunca a enxergara como mulher, apenas como uma criança bonitinha e apaixonada, ele nunca havia notado de verdade. Até agora.
Ah, sim, agora ele notava. Ele havia notado tudo nela. E ainda não iria desistir. Não quando ela era a primeira coisa na qual ele pensava todas as manhãs e a estrela de seus sonhos todas as noites.
Especialmente desde aquele beijo incrível que eles compartilharam.
Quem teria imaginado que aquela garotinha bonitinha e chatinha com uma queda óbvia por ele iria se provar a mulher mais sensual e adorável que ele já conhecera? Ele suspeitava ser capaz de beijála por horas. Agora sabia um pouco mais. E poderia beijá-la pela eternidade.
Depois que ela pedira que ele saísse da confeitaria na outra noite, ele resolvera jogar sujo, indo diretamente até Gloria para pedir a ela que lhe desse o telefone da irmã. A cunhada tinha ficado feliz em favorecê-lo. Ela também fora mais do que sincera sobre o modo como Izzie se sentia com relação a Nick nos velhos tempos.
Não que Nick precisasse dela para lhe contar sobre isso. Ele sempre fora bem ciente da situação... assim como todo mundo.
– Não mais – murmurou ele, enquanto estacionava sua caminhonete, que havia adquirido assim que retornara, há duas semanas, atrás da boate. Ele franziu a testa, perguntando-se o quanto estava sendo idiota agora por estar decepcionado por uma garota que tinha sido muito apaixonada por ele quando criança não lhe dar bola mais. Provavelmente bem idiota. Mas não podia evitar.
Saber que a pequena Izzie tinha sido louca por ele fora uma constante durante a adolescência. Um fato. Simplesmente mais um pedaço da realidade dele. Certamente nada que ele jamais tirara vantagem ou utilizara para constrangê-la. Tinha sido algo simplesmente... bonitinho, pensar que havia uma garota por aí rabiscando o nome dele no caderno da escola. Inocente. Singelo.
Deus, ele odiava o fato de aquela garota não olhar para ele agora! Principalmente porque achava não ter feito nada para merecer a frieza dela. Não, ele não a havia reconhecido. Mas também não tinha reconhecido o garoto que entregava jornais e que agora administrava uma banca de revistas na esquina. Ou alguns dos caras com quem já havia jogado basquete no colégio St. Raphael.
Mark, no entanto, achava que ele merecia o desprezo, sim. E não porque não a havia reconhecido, mas porque havia contado com os sentimentos de infância dela para lhe dar uma vantagem com a Izzie adulta.
Diabos, talvez ele estivesse certo. Talvez Nick não devesse tê-la provocado, não devesse ter se mostrado tão seguro com relação a ela. Ele conhecia mulheres o suficiente para saber como elas se sentiam quando a conquista era tomada como certa. Ele devia tê-la levado para jantar antes de beijála como se necessitasse do ar nos pulmões dela para continuar vivendo.
Então ele precisava recomeçar com Izzie. Começar lentamente, do mesmo jeito que faria com qualquer outra mulher que tivesse acabado de conhecer.
Poderia não ser fácil. Porque ela já o havia afetado mais do que qualquer mulher que já conhecera. Ele sonhara com ela durante a semana, pensara nela, desviara de seu caminho para passar pela confeitaria na esperança de trombar nela.
– A mesa foi virada, definitivamente – murmurou ele em voz alta, quando passou pela entradareservada aos empregados nos fundos da boate. – O que, provavelmente, é o que ela quer.
Sim, ela poderia estar jogando com ele por vingança. Mas, de algum modo, Nick não achava que fosse esse o caso.
Ela não fora capaz de esconder seus sentimentos atrás daqueles olhos castanhos incrivelmente expressivos. Embora o tivesse mandado embora depois do beijo, ela ainda o desejava. Mas algo a estava impedindo de fazer qualquer coisa a respeito.
Ele só precisava descobrir o que era.
– Nick, você chegou bem na hora! – O dono da boate, um sujeito robusto e amável com umagargalhada gostosa de Papai Noel, saiu de seu escritório e estendeu a mão. Nick o cumprimentou.
– Senhor Black.
– Pode me chamar de Harry.
– Harry, então. Obrigado mais uma vez pela oportunidade.
O outro homem sacudiu uma das mãos despreocupadamente.
– Seu irmão mais velho é um dos poucos empreiteiros honestos que conheci nesta cidade. Fez umtrabalho maravilhoso a um preço justo. E, se ele diz que você está apto para o trabalho, eu confio nele completamente.
Nick já havia pagado uma cerveja ao irmão, Joe, em agradecimento por arranjar aquela entrevista. Ele queria ter podido pagar um jarro de cerveja.
– Toda a papelada está pronta, suas informações batem exatamente com o que Joe disse – falouHarry, enquanto gesticulava em direção a uma cadeira em seu escritório. – Agora, nossas necessidades com relação a você estão claras?
Nick assentiu.
– Vocês tiveram problemas recentemente?
Harry tamborilou os dedos na escrivaninha e confirmou:
– A Rosa tem causado uma agitação. Os homens querem vê-la e têm havido alguns incidentes.
Nick enrijeceu instintivamente, embora não tivesse conhecido a mulher ainda.
– Incidentes?
– Nada muito sério, graças a Deus. Mas alguns roubos, invasores de camarim. Alguns registrosincômodos. – Harry balançou a cabeça, parecendo desgostoso. – Não consigo imaginar nenhum homem dizendo coisas tão brutas como aquelas para qualquer mulher. Mas ela levou na esportiva, riu. – Olhando incisivamente, ele acrescentou: – Esse é um dos motivos pelo qual contratei você... Ela tende a não levar esses incidentes a sério. E eu quero que outra pessoa os leve.
– Levarei – respondeu Nick, confiante nas próprias palavras.
Harry assentiu, obviamente convencido.
– Fora isso, não há muitos problemas em geral. Um sujeito teria de estar bêbado como um gambáou simplesmente ser burro para achar que poderia ir atrás de uma as garotas, sob o risco de tomar umas pancadas dos seguranças. Mas não permitimos que ninguém fique bêbado como um gambá em meu estabelecimento. – Ele riu à socapa. – E sujeitos burros não podem pagar para entrar nele.
Aquilo não era uma surpresa. Quando Nick fora até lá na semana anterior, ele havia notado a aura luxuosa da boate. Longe de ser decadente ou sombrio, como a maioria dos clubes de strip-tease, aquele lugar era elegantemente confortável, desde a mobília de couro às peças de arte emolduradas nas paredes. Os preços refletiam o ambiente; aquele não era um lugar para se beber cerveja depois do expediente.
– Eu queria apresentar você à Rosa, mas ela telefonou e disse que vai chegar um pouco mais tardehoje. Não creio que vá haver tempo antes da primeira apresentação dela.
Nick enrijeceu, percebendo que logo estaria vendo a mulher por trás da máscara. De algum modo, durante os últimos dias, quando estava tão concentrado em Izzie, ele não deixara o pensamento da stripper sensual lhe invadir a mente. No entanto, ao saber que estava prestes a vê-la outra vez, ele não pôde evitar se lembrar do jeito como ela o fizera se sentir no último fim de semana.
Excitado. Ávido. Desejoso.
Assim como qualquer mulher nua sensual depois de um longo período de seca. – Ela é uma coisa! Eu percebi no último fim de semana.
Harry Black deu de ombros.
– Sim, ela é realmente atraente, mas tem algo de especial nela mesmo quando não está no palco.Tem uma cabeça boa... é esperta. Mas isso não significa que eu não me preocupe com ela. Ela poderia se meter em encrencas.
Nick certamente conseguia compreender isso. Considerando o quanto se sentira atraído por ela, ele era capaz de enxergar como um homem muito mais desesperado poderia reagir à performance sensual dela.
– Ela não vai gostar de eu estar contratando alguém para cuidar especificamente dela – alertouHarry. – Então vamos deixar isso entre nós, certo? Até onde ela sabe, você é apenas mais um segurança.
– Tudo bem. – Na verdade, estava mais do que bem. Ele desejava o mínimo de interação possívelcom a mulher que deveria estar protegendo. Não que ele estivesse verdadeiramente preocupado sobre o efeito que ela causava nele... fora coisa de momento, só isso.
Ele estava dizendo isso a si mesmo há dois dias. E também estava ignorando o fato de que nenhuma das strippers que vira naquela noite causara tanta taquicardia em seu coração lento. Só ela.
Conhecê-la iria resolver isso, ele tinha certeza. Ela usava uma máscara, o que significava que o visual dela se resumia ao que havia do pescoço para baixo. Ela teria olhos apagados, ou dentes tortos, ou um nariz adunco. Ou uma voz de caminhoneiro. Ou soltaria roncos quando estivesse rindo.
Haveria algum problema. Algo que iria quebrar o encanto. E seria o fim do interesse dele. Sem dúvida nenhuma.
ROSA ESCARLATE viu o homem de cabelos escuros vestido de preto no instante em que espiou pelas cortinas no palco. E, no instante em que o viu, reconhecendo-o imediatamente por causa da altura e do poder de seu corpo nas sombras, seu coração começou a bater mais forte.
Ele havia voltado. Por ela.
Era a primeira noite em que ela estava de volta à boate desde o último domingo à noite, quando o
vira pela primeira vez durante sua performance mais recente no palco. Inexplicavelmente, ela suspeitava que fosse a primeira noite de volta dele também. Quando perguntou para as outras dançarinas a respeito dele, todas negaram ter visto tal sujeito na boate durante as últimas cinco noites.
Ela o havia atraído de volta. E, exatamente como ele, o pensamento de que ele pudesse estar ali na multidão outra vez esta noite havia conseguido atraí-la também.
Não que ela precisasse de muita coisa para atrair alguém. Ela amava o que fazia. Certamente ganhava vida enquanto se movimentava sob um holofote. O fato de as roupas estarem caindo do corpo enquanto ela o fazia era totalmente circunstancial.
Ela sinceramente não se importava.
– Ele voltou – sussurrou ela, quase saltitando na ponta dos pés, tão empolgada que mal conseguia se manter de pé.
Não apenas empolgada. Aliviada.
Porque, embora o tivesse visto apenas a distância, já se sentia incrivelmente atraída por ele. Ele havia sido uma distração maravilhosa do outro homem que vinha ocupando seus pensamentos ultimamente.
O único que ela não podia ter.
Ela começou a sorrir, sentindo-se, pela primeira vez em dias, um pouco otimista. Trabalhar na boate era sua única saída, sua única fuga da vida que quisera tanto evitar ao retornar para Chicago. Ela amava aqueles finais de semanas secretos, pecaminosos.
E, agora que havia percebido que havia outro homem, mais um, capaz de lhe causar um tipo de desejo instantâneo e ávido dentro dela, Izzie Natale sentia que aqueles fins de semana iriam simplesmente demorar a chegar.
– Você não é o único homem em Chicago, Nick Santori – sussurrou ela, enquanto a equipe terminava de limpar o palco para seu número solo que era sua marca registrada.
Quando ela vira o anúncio pedindo dançarinas para uma boate de Chicago destinada a cavalheiros pela primeira vez, Izzie não se iludira sobre as implicações do cargo. Ela não era uma jovem bailarina ingênua que aparecera para um teste de dança só para ficar chocada diante da ideia de tirar as roupas para um monte de homens.
Izzie havia tirado suas roupas para muitos homens. Algumas vezes, até mesmo para grupos deles.
Não era como se as Rockettes dançassem vestidas com um monte de peças. E, durante os três meses em que atuara com Companhia de Dança Moderna de Manhattan, ela fizera duas performances de nu artístico.
A dança que ela fazia no Leather and Lace não era exatamente artística. Mas ela não ficava exatamente nua também. Afinal, nunca tirava sua calcinha fio-dental.
Sim, sua plateia em Chicago estava atrás de excitação sexual em vez de estímulos culturais. Mas, honestamente, a julgar pelo modo como alguns aficionados por dança moderna vinham para os bastidores e tentavam conquistar as dançarinas, ela imaginava que as motivações eram, em essência, exatamente as mesmas.
Dançar era dançar. Após o prognóstico terrível que recebera após a cirurgia por causa do ligamento cruzado anterior torcido, ela não se importava com o local onde estava se apresentando, ou com o que estava vestindo ao fazê-lo.
Honestamente, agora, depois de ter sentido o gostinho, ela percebeu que não poderia ter escolhido local melhor. Porque ali, escondida, atrás de uma máscara de veludo vermelho, ela estava livre para ser tudo que Izzie Natale da famosa confeitaria da Rua Taylor não era.
Sexual. Desinibida.
Livre.
Antes de ela ao menos arrastar a mente para ficar em prontidão, foi apresentada à plateia e a música começou. Izzie seguiu para o placo, dançando para si e somente para si, como sempre fazia, deixando as pétalas caírem pelo caminho. Ela permanecia acima de tudo, alheia até mesmo ao dinheiro que estava sendo arremessado ao palco; a equipe iria recolhê-lo quando ela terminasse. Ela também ignorava os arfares e olhares ávidos da multidão.
Exceto o olhar ávido de um homem. O dele ela queria ver, embora fosse se mostrar tarefa difícil, com ele parado na área mais escura do lugar e com ela quase cega pelo holofote. Mas, quando a coreografia a obrigou a se movimentar para a direita, na frente do palco, mais perto do bar e dele, ela arriscou e deu uma olhada.
E quase caiu do palco.
Ai meu Deus, ai meu Deus, ai me Deus! Ela perdeu o ritmo da música e se embaralhou nos próprios pés. Também precisou retirar algumas pétalas e mudar alguns compassos cedo demais para tentar encobrir sua falha.
Porque, naquele lampejo breve, quando a luz o atingiu bem em cheio, ela reconheceu o rosto, aqueles ombros, aquele cabelo.
Era Nick Santori quem estava ao lado do bar. Nick era o mesmo estranho moreno e sombrio que tinha feito o sangue dela bombear nas veias, latejar entre as pernas, tanto na semana passada, quando ela o vira ali pela primeira vez, quando alguns instantes atrás, quando ela dera uma olhada nele outra vez.
O desgraçado. Será que ela nunca iria se livrar dele? Será que nenhum homem um dia iria fazê-la experimentar aquele sentimento louco/excitado/ávido toda vez que estivesse nas imediações? E o que, diabos, ele estava fazendo ali, afinal?
Pior... o que ele iria fazer se descobrisse que ela, a mulher que o havia expulsado da confeitaria dois dias atrás, era a Rosa Escarlate?
Com a mente dominada pelas ramificações da presença de Nick, Izzie finalizou seu número. Assim que acabou, disparou para trás das cortinas e enfiou os braços em um roupão curto de seda que estava pendurado nos bastidores. Mal notando a presença dos membros da equipe, que imediatamente seguiram para rearrumar o palco para mais dançarinas típicas, ela desceu correndo a escadaria que dava para seu camarim particular.
Normalmente, todas as dançarinas dividiam um, e Izzie não era nenhuma diva que exigia um espaço particular. Porém, o dono do Leather and Lace insistira em lhe dar um cômodo particular, do tamanho de um armário de casacos, por levar muito a sério a proteção da identidade de Izzie. Uma vez que ele percebera o quanto o "mistério" em torno da Rosa Escarlate melhorava a reputação da boate, e trazia mais clientes, ele promovera a ela um camarim exclusivo.
Antes que ela pudesse entrar, ouviu a voz dele:
– Aí está você! Espere um segundo, quero que você conheça alguém.
Ela não estava em condições de conhecer ninguém, especialmente um dos primos de Harry ou um de seus velhos amigos de pescaria. Sempre havia alguém pronto para recorrer às velhas amizades ou relações de parentesco para conhecer as dançarinas.
Vendo pelo lado positivo, Harry era tão protetor quanto um papai urso, e as apresentações nunca iam além daquele aperto de mão breve ou de um autógrafo – a despeito do que alguns homens que ele trazia pareciam querer outra coisa.
Grudando-se a um sorriso impessoal por trás da máscara que ela ainda não tinha tirado, Izzie se virou.
– Este é Nick Santori. Acabei de contratá-lo para reforçar nossa segurança.
Izzie desabou contra a parede. Se não estivesse lá, ela simplesmente teria caído sobre o piso de ladrilhos, mas felizmente o ombro pousou em um painel duro de madeira em vez disso e a manteve em posição vertical.
Era mais do que o coração dela aguentava. Percorreu seu corpo e pousou em algum lugar perto de seu estômago, que agora estava revirando de ansiedade.
– Esta é...
– Rosa – interrompeu ela rapidamente, cortando Harry antes que ele pudesse dizer seu nome verdadeiro. Ela pigarreou, buscando o tom rouco e sensual que sempre usava quando cumprimentava os fãs nos bastidores do Radio City. Aquele bem diferente da voz que Nick tinha ouvido na confeitaria há dois dias. – Prazer em conhecê-lo.
Ele estendeu a mão. Ela a segurou. O tempo não parou nem nada assim, e o piso não curvou sob os pés dela. Mas, droga, o toque dele era gostoso.
Ele tinha mãos grandes. Mãos fortes. Mãos competentes de um soldado. Elas eram capazes de força bruta. No entanto, igualmente capazes, ela sabia, de cuidados ternos. Como quando as mãos dele a ajudaram a colocar seu vestido horroroso de dama de honra no lugar, e então delicadamente a ergueram à pista de dança e de volta à valsa tantos anos atrás.
– O irmão de Nick, Joey Santori, mandou-o para cá. Você se lembra dele, não lembra? Ele feztodo do trabalho no andar de cima. Você o conheceu no mês passado.
Sim, ela o havia conhecido... e tinha sido muito mais complicado do que este encontro com Nick, que quase não conseguia ver nada do rosto dela por causa da máscara. Ela mal teve tempo de se enfiar atrás de um biombo antes de ficar cara a cara com o irmão mais velho de Nick.
Agora ela precisava se perguntar... será que Joe a vira? Será que a reconhecera? E será que agora estava bancando o senhor Protetor da Vizinhança ao enviar o irmão caçula para vigiar a garota que morava no quarteirão?
É possível.
Deus a poupasse dos homens italianos.
Uma vantagem: ele não havia contado para Tony. Porque de jeito nenhum seu cunhado superprotetor iria deixar de discutir sobre o novo emprego de Izzie. Ele iria até ela com um sermão de irmão mais velho sobre como ela simplesmente precisava desistir agora, imediatamente, se não o quanto antes. Ou isso ou contaria a Gloria, que teria um colapso escandaloso sobre o que os vizinhos e seus rapazes doces e influenciáveis, pequenos maníacos selvagens, na opinião de Izzie, iriam pensar.
– Harry, ajude! Tem um diretor de empresa à porta dizendo que tinha reserva para dez pessoas –berrou uma voz desvairada, do topo das escadarias. A recepcionista que ficava no balcão de entrada desceu três degraus ruidosamente e o viu, o alívio evidente no rosto dela. – Você precisa subir aqui.
Resmungando, Harry deu de ombros para Nick como se pedisse desculpas.
– Perdão. Nunca falha. É o seguinte, por que você não conversa com a... Rosa... e pega uma ideiade como é a rotina e agenda das dançarinas, e então me encontra lá em cima em meia hora?
Nick assentiu enquanto ambos observaram Harry se afastar. Bem, Nick observou Harry. Izzie observou Nick.
Ela não havia notado no início, estava exausta demais, mas Nick parecia tenso. Os músculos do pescoço dele estavam duros como pedra, o maxilar estava projetado rigidamente. Sob a camiseta preta pecaminosamente apertada, os ombros largos estavam enquadrados em postura militar e as mãos estavam cerradas nas laterais do corpo. Interessante.
Se ela tivesse que adivinhar, diria que ele não estava particularmente feliz em conhecê-la. Era como se ele desgostasse dela abertamente... o que não fazia muito sentido.
O único motivo que ele poderia ter para já não gostar dela era tê-la reconhecido de algum modo.