Capítulo 8 Me faça sentir algo

Alicia soltou uma risada curta e seca antes de, de maneira deliberada, retirar da bolsa duas facas elegantes, um frasco de spray de pimenta e uma variedade de dispositivos de autodefesa.

O som do metal e do plástico se espalhou pela sala, deixando Hank momentaneamente sem palavras.

"Senhorita Bennett, meu chefe só quer devolver seus pertences, não... sequestrá-la", ele finalmente disse, olhando para o arsenal diante de si com uma mistura de incredulidade e diversão.

Alicia, corada de constrangimento, murmurou: "Certo... desculpe."

Então, ela se inclinou para alcançar a bainha da saia que usava para pegar uma pequena arma de choque, presa à sua coxa.

Hank, tentando conter o riso, observou a cena com os lábios se contraindo.

De todas as mulheres que já tentaram se aproximar de Caden, ansiosas por conquistar um lugar ao lado dele, nenhuma tinha aparecido tão preparada para a batalha. Ele tinha visto inúmeros vestidos sofisticados, mas Alicia era a primeira que combinava elegância com uma coleção de armas, como se estivesse pronta para enfrentar Caden num confronto direto.

Com uma risada baixa, Hank finalmente compreendeu o fascínio de Caden por ela, sentindo que ela era uma companheira à altura de seu chefe, destemida e determinada.

Após receber o sinal de dentro, Hank abriu a porta. "Pode entrar agora."

Alicia respirou fundo, tentando manter sua compostura. Ela havia se preparado mentalmente para o encontro, jurando a si mesma que se deixaria abalar.

No entanto, assim que cruzou a porta e viu o homem sentado atrás da mesa, todo o seu autocontrole desmoronou num instante.

Não, não era possível!

"Caden?" O nome escapou de seus lábios em um sussurro trêmulo. Percebendo o tom de surpresa e fraqueza em sua própria voz, Alicia rapidamente endireitou a postura, tentando recuperar a compostura. "O que está fazendo aqui?"

Usando um terno impecável que acentuava sua presença marcante, Caden levantou os olhos de maneira preguiçosa, como se estivesse apenas esperando por ela.

"Por que eu não estaria aqui?", ele respondeu com a mesma calma de sempre, seu tom casual, mas carregado de autoridade.

A mente de Alicia girava. Por que diabos ele estava tão calmo? Enquanto ela lutava contra o choque, ele permanecia relaxado, como se estivesse no controle o tempo todo.

Desesperada por acreditar que tudo isso era um grande mal-entendido, Alicia buscou o celular em sua bolsa, pronta para verificar o endereço mais uma vez.

Caden a observou com um sorriso malicioso brincando nos lábios. "Não, você não está no lugar errado."

De repente, a sala pareceu esfriar drasticamente. As mãos de Alicia, trêmulas e úmidas, começaram a se fechar involuntariamente ao redor do celular.

Quando finalmente ela olhou para ele, as palavras saíram hesitantes: "Então... naquela noite..."

Caden não vacilou, mantendo seu olhar fixo nela. "Sim, era eu."

Não... Ela não podia acreditar nisso!

Alicia sentiu como se o chão tivesse sumido sob seus pés.

Enquanto ela lutava para compreender o que havia acabado de ouvir, Caden se recostou na cadeira, observando cada nuance de suas reações com interesse, e perguntou, sua voz arrastada e provocativa: "Ainda tem dúvidas?"

Com um movimento calculado, ele revelou uma aliança, que brilhava sob a luz suave do escritório.

Reconhecendo o objeto, Alicia se lançou em direção para pegá-lo, mas Caden, antecipando seu movimento, ergueu o braço fora do alcance dela.

O movimento abrupto fez com que Alicia caísse diretamente contra o peito dele, o que a deixou sem fôlego por um instante.

O cheiro familiar dele a envolveu, trazendo de volta lembranças desconfortáveis.

"Tão desesperada para me abraçar?", Caden provocou, sua voz suave, mas cheia de ironia.

Alicia corou violentamente, o calor subindo pelo seu pescoço até as orelhas. Instintivamente, ela tentou se afastar, mas o braço de Caden caiu sobre seus ombros, a mantendo presa no lugar.

"O que foi? Perdeu o interesse pela aliança?", ele continuou, o tom zombeteiro sublinhando a armadilha clara em suas palavras.

A mente de Alicia estava numa corrida frenética. Era obviamente uma armadilha.

Ela sabia que, sem essa aliança, Joshua continuaria a atormentá-la. Porém, nas mãos de Caden, as implicações poderiam ser ainda piores.

Diante da situação, Alicia se viu encurralada, precisando pensar numa maneira de sair dessa armadilha. Depois de uma breve pausa para refletir, ela encarou Caden, sua voz fria e determinada: "O que tenho que fazer para conseguir a aliança?"

Os olhos de Caden brilharam com um toque de malícia, enquanto ele observava o rosto corado dela com diversão. Um sorriso carregado de intenção apareceu em seus lábios. "Sente-se primeiro."

Ele deu um tapinha sugestivo em sua própria coxa, o que fez o estômago de Alicia revirar de repulsa.

Ela o olhou com desprezo claro em seu rosto. "Eca, não seja nojento."

"Ah, parece que você não está disposta a negociar de verdade, minha querida cunhada", ele respondeu lentamente, claramente se deliciando com o desconforto dela.

Apertando os dentes com frustração, Alicia se aproximou de má vontade.

Antes de se sentar, ela perguntou com a voz rígida: "Se eu me sentar, você vai me dar a aliança?"

"Sente-se", ele repetiu com desdém.

Porém, Alicia se recusava a ser manipulada tão facilmente. "Não farei nada até você me prometer."

Caden começou a girar a aliança entre os dedos, a levantando em direção à janela aberta, como se estivesse prestes a jogá-la.

Desesperada, Alicia cedeu e, sem pensar duas vezes, caiu pesadamente no colo dele.

O calor do corpo de Caden atravessou o tecido fino de sua saia, gerando uma sensação desconfortável em sua pele.

Sua pulsação acelerou e a proximidade opressora a fazia sentir que cada segundo era uma tortura. "Caden, pare de brincar e me entregue a aliança!"

Caden percebeu que ela estava no limite, seu sorriso oscilando levemente.

Seu tom se suavizou, mas a provocação maliciosa nunca desapareceu dos seus olhos. "Me faça sentir algo e te darei a aliança."

A mente de Alicia girava num turbilhão de frustração. "Eu sou sua cunhada!"

"Exatamente", ele respondeu sem vacilar, como se isso só tornasse a situação mais excitante.

O rosto de Alicia ficou vermelho de raiva, o calor subindo até suas bochechas enquanto ela lutava contra a sensação de impotência.

Percebendo sua irritação crescente, Caden curvou os lábios num sorriso perigoso.

Ele sabia exatamente como provocar a reação que queria, atingindo seus pontos fracos com precisão.

Mas Alicia não se deixou abater e disse, uma faísca de ousadia brilhando em seus olhos: "Tudo bem, mas preciso vendar você."

Caden arqueou uma sobrancelha, intrigado. "Interessante... Vamos ser criativos, então?"

"Você prefere colocar a venda ou devo eu mesma fazer isso?"

Ele soltou uma risada provocadora. "Faça como quiser."

Sem hesitar, ele tirou a gravata e a lançou para ela.

Alicia a segurou com determinação, tentando controlar o nervosismo que ameaçava tomá-la.

Ela prendeu a respiração e cuidadosamente colocou a gravata sobre os olhos dele, suas mãos tremendo levemente ao amarrá-la.

Embora estivesse envolto na escuridão, Caden permanecia imóvel, permitindo que ela tivesse o controle da situação.

Até então, Caden nunca havia sentido nada por mulher alguma, mas algo naquela noite era diferente. Uma mudança silenciosa, quase imperceptível, parecia ter sido acionada dentro dele, como se algo que sempre estava adormecido tivesse despertado.

Agora, ele queria entender o que exatamente havia mudado.

Alicia respirou fundo, suas mãos se movendo lentamente enquanto roçavam a cintura dele, puxando a camisa dele com cautela. Um calor sutil floresceu sob suas mãos conforme elas deslizavam por baixo do tecido, traçando as linhas do corpo dele.

O toque dela, embora suave, provocou um leve arrepio em Caden, mas ele mantinha seu sorriso interno.

Ela conseguia criar estratégias perfeitas quando se tratava de competir com ele, mas perto de Joshua, perdia todo o senso. Tudo por uma aliança barata e sem valor real?

Para Caden, isso era quase risível.

De repente, os dedos de Alicia tocaram o ponto mais sensível de Caden, sem qualquer aviso.

A sensação explodiu de imediato, como um choque elétrico que atravessou seu corpo, fazendo com que ele estremecesse e as veias de seu pescoço se destacassem.

"Argh!"

Instintivamente, a mão dele agarrou o pulso dela com força.

Mas antes que ele pudesse reagir ou dizer algo, o momento foi abruptamente interrompido por uma batida na porta.

A voz de Hank soou do outro lado: "Senhor Ward, o senhor Joshua Yates tem algo urgente para discutir com você."