/0/13436/coverbig.jpg?v=c2790b66b17a561cae25f6abf1b3328b)
Davi, por outro lado, nunca teve aquele fogo interno que toda investigação exigia. Desde sempre preferiu o escritório, os papéis e os dados inseridos no computador. Terno e gravata, mesmo nos dias mais quentes. Os colegas o chamavam de senhor excel. Pergunta pro senhor excel. Burocracia era com ele, diziam quando queriam se livrar de alguma responsabilidade mais pontual e menos aventureira. Até ficaram surpresos quando o chefe deu a ele o caso Ximenes. Quando Davi soube que lideraria a outra ponta da investigação com Pedro, não dormiu por dois dias.
Pela tarde, Davi deixou sua mesa organizada. Cada caderno – amava fazer anotações – no seu devido lugar. Desligou o computador e vestiu o blazer sob o olhar do seu chefe. Na rua, o calor atingia os trinta e cinco graus. Bateu à porta de uma das últimas casas no centro da cidade. O calor estava ficando insuportável. Bateu de novo. Viu a cortina na janela se mexer. Insistiu com mais dois toques pesados. Tentou olhar na janela e viu um vulto se esgueirar e desaparecer. Tentará no próximo dia. Ele não carregava o perfil de um homem que derrubava portas. Talvez Pedro estivesse com mais sorte e encontrado alguma coisa que ajudasse a resolver o caso. Sentou ao volante e ligou. O telefone chamou até cair na caixa postal.