Grávida de um Adorável Mentiroso
img img Grávida de um Adorável Mentiroso img Capítulo 5 Um passado que não perdoa
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Capítulo 6 Tensão Latente img
Capítulo 7 Quando um homem ama uma mulher img
Capítulo 8 Cruzando Limites img
Capítulo 9 O Limiar do Inesperado img
Capítulo 10 A Noite das Promessas img
Capítulo 11 Decisões à Beira img
Capítulo 12 À Beira do Abismo img
Capítulo 13 A Fragilidade do Vínculo img
Capítulo 14 Despertar de um Sonho img
Capítulo 15 A Espera Insuportável img
Capítulo 16 O Chamado de Lisana img
Capítulo 17 O Vazio img
Capítulo 18 Ecos de uma Partida img
Capítulo 19 Fragmentos de Dor e Esperança img
Capítulo 20 Espelhos Quebrados img
Capítulo 21 A Dupla Realidade img
Capítulo 22 Da obsessão ao renascer do amor img
Capítulo 23 Entre jogos e ausências img
Capítulo 24 Respostas no ar img
Capítulo 25 O Rastro Silencioso img
Capítulo 26 Após a Porta Fechada img
Capítulo 27 Desvanecimento img
Capítulo 28 O Peso do Arrependimento img
Capítulo 29 Fragmentos do Caos img
Capítulo 30 A Armadilha de Clara img
Capítulo 31 Lágrimas e Confissões img
Capítulo 32 Amanhecer da Esperança img
Capítulo 33 Caminhos entrelaçados img
Capítulo 34 O Envelope Branco img
Capítulo 35 Limites Difusos img
Capítulo 36 O Preço da Verdade img
Capítulo 37 Rupturas e confrontações img
Capítulo 38 O peso das decisões img
Capítulo 39 O Segredo de Mateo img
Capítulo 40 O Acesso ao Clube img
Capítulo 41 A Noite da Elite img
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Capítulo 5 Um passado que não perdoa

O relógio marcava dez da noite quando Clara finalmente se deixou cair na cadeira da pequena sala de jantar de seu modesto apartamento. O ambiente estava na penumbra, iluminado apenas pela luz fraca de um abajur cuja cúpula começava a amarelar com o tempo. Do lado de fora, a chuva batia insistentemente contra as janelas, seu som rítmico misturado ao zumbido baixo do refrigerador.

Clara massageou as têmporas, tentando aliviar a tensão acumulada após uma exaustiva jornada no hospital. Suas mãos estavam ásperas devido ao uso constante de desinfetante, e uma leve dor nas costas lembrava as longas horas de pé. Apesar do cansaço físico, sua mente não encontrava descanso. Desde que lera a mensagem de Lisana naquela manhã, uma sensação de inquietação a acompanhava como uma sombra persistente.

O apartamento, embora pequeno, era seu refúgio. As paredes, pintadas em um tom creme desbotado, estavam decoradas com fotos da família e alguns quadros baratos comprados em um mercado local. Uma planta murcha no canto mostrava as tentativas frustradas de Clara de trazer um pouco de vida ao espaço. Mas, naquela noite, nem mesmo seu santuário parecia acolhedor; ao contrário, sentia-se claustrofóbico.

O telefone vibrou sobre a mesa, quebrando o silêncio com um som agudo que a fez sobressaltar-se. Clara olhou para a tela iluminada, onde o nome de Lisana piscava insistentemente. Um calafrio percorreu sua espinha. Ela não sabia o que esperar daquela ligação, mas tinha a sensação de que não seria nada bom.

Respirou fundo, tentando se acalmar, e deslizou o dedo pela tela para atender a videochamada.

- Clara! - saudou Lisana com um entusiasmo exagerado, seu rosto perfeitamente maquiado preenchendo a tela. Seus cabelos caíam em ondas suaves sobre os ombros, e sua maquiagem estava impecável, como sempre. Mas havia algo em seus olhos, um brilho calculado, que fazia Clara se sentir vulnerável mesmo através da tela.

- Olá, Lisana - respondeu Clara, esforçando-se para soar tranquila. Seu coração batia forte, mas sabia que não podia demonstrar fraqueza. Lisana era como uma predadora, sempre à espreita, pronta para aproveitar qualquer sinal de fragilidade.

- Fico tão feliz em te ver - continuou Lisana, inclinando levemente a cabeça com aquele sorriso que misturava calor e superioridade. Era um sorriso que Clara conhecia bem, um sorriso que prometia problemas disfarçados de boas intenções. - Me conte, como você está?

Clara tentou manter um tom neutro, embora sentisse que o ar na sala ficava mais pesado a cada palavra de Lisana.

- Bem, eu acho. Foi um dia longo, mas estou bem. E você?

- Ah, você sabe, sempre ocupada - respondeu Lisana, fazendo um gesto despreocupado com a mão. Atrás dela, o luxuoso salão de sua casa era visível: um espaço amplo e bem iluminado, com móveis modernos e detalhes decorativos que refletiam um gosto caro. Um contraste doloroso com o modesto apartamento de Clara. - Mas fiquei surpresa quando o doutor Rivas mencionou que você estava trabalhando no hospital.

Clara sentiu os ombros se retesarem. Ela havia tentado manter seu trabalho discreto, evitando qualquer conexão com Lisana ou seu mundo.

- Sim, bom... Estou grata pela oportunidade. Foi uma mudança importante.

Lisana arqueou uma sobrancelha, seu sorriso se tornando ligeiramente mais afiado.

- Imagino que deve ser um grande desafio, não é? O hospital pode ser um lugar tão... fascinante. Cheio de histórias, de pessoas interessantes.

As palavras de Lisana tinham um tom dúbio que Clara não podia ignorar. Havia algo na entonação que a deixava em alerta, como se Lisana estivesse sondando, procurando algo específico.

- Sim, há muito para aprender. Tem sido uma experiência enriquecedora - disse Clara, esforçando-se para manter a compostura.

Lisana inclinou a cabeça, como se avaliasse cada palavra de Clara.

- Você sempre foi tão dedicada, Clara. Fico feliz em ver que está progredindo. Embora deva admitir que fiquei um pouco surpresa por você não ter me ligado para agradecer.

O comentário foi como um golpe no estômago de Clara.

- Lisana... claro que sou grata pela sua ajuda. Não quis incomodá-la com isso.

Lisana soltou uma pequena risada, elegante e quase sarcástica.

- Incomodar-me? Por favor, Clara, somos amigas. Você não precisa se preocupar com isso.

Clara sentiu o ar ao seu redor ficar mais frio. Sabia que, por trás do sorriso de Lisana, havia algo muito mais sombrio.

- Mas, falando de amigas, há algo que acho que precisamos discutir - continuou Lisana, com um tom mais sério.

Clara sentiu o coração acelerar.

- O que você quer dizer?

- Você sabe que eu não gosto de deixar pontas soltas - disse Lisana, com um olhar penetrante que perfurava Clara como um bisturi. - E sinto que há algumas questões do passado que precisam... de um pouco de clareza.

O suor começou a se formar na nuca de Clara. Não era a primeira vez que Lisana falava em termos vagos, mas desta vez havia algo mais em sua voz, algo que fazia o medo se instalar profundamente em seu peito.

- Lisana, se isso tem a ver com...

- Tem a ver com muitas coisas - interrompeu Lisana, com um sorriso que parecia saborear o momento. - Mas não se preocupe, não estou aqui para te culpar. Só quero garantir que estamos na mesma página.

Clara engoliu em seco, tentando encontrar as palavras certas.

- Farei o que você precisar.

- Isso era o que eu esperava ouvir - disse Lisana, sorrindo satisfeita. - Só preciso de um pequeno favor.

Clara sentiu todo o corpo se retesar.

- Que favor?

- Há um paciente no seu hospital... Mateo Torres. Quero que se aproxime da esposa dele. Conquiste sua confiança. Só isso, por enquanto.

O coração de Clara batia tão rápido que parecia prestes a explodir. Ela não conseguia entender por que Lisana estava interessada naquela família, mas sabia que aquilo era apenas o início de algo muito mais sombrio.

A videochamada terminou pouco depois, mas Clara permaneceu olhando para a tela apagada do telefone. Lá fora, a chuva continuava caindo com força, mas Clara mal conseguia ouvi-la. Sua mente estava inundada de pensamentos, cada um mais aterrorizante que o outro. Sabia que o que Lisana pedira não era um simples favor. Era o começo de uma teia de intrigas que poderia desmoronar tudo o que ela havia construído.

Levantou-se da cadeira, cambaleando levemente. Olhou pela janela, para as ruas desertas iluminadas por postes piscantes, e um pensamento tomou conta de sua mente: não havia como escapar de Lisana.

                         

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