Capítulo 2 A Rebeldia de Evelyn

Capítulo 2

O som dos cavalos troteando sobre o cascalho ecoava pela estrada vazia. Evelyn Ashford, com o rosto ainda pálido da reunião anterior, cavalgava sozinha nos extensos jardins de sua casa, seu cavalo negro respondendo com graça à sua mão firme. O vento que batia contra seu rosto parecia ajudá-la a afastar os pensamentos que insistiam em se infiltrar em sua mente.

Ela nunca imaginara que seu destino seria moldado pela mão de outra pessoa. Nunca imaginara que, aos dezenove anos, estaria sendo arranjada para um casamento que não escolhera, com um homem que nem sequer conhecia. O Duque de Wessex era um completo estranho, e a ideia de ser esposa dele era mais absurda do que qualquer romance de seu próprio imaginário.

Quando ela chegou perto da pequena clareira no fundo dos jardins, parou o cavalo abruptamente e saltou para o chão. A terra úmida de um fim de tarde de outono grudava nos botins enquanto ela caminhava, de cabeça erguida, com um ar desafiador. Se o destino tentava aprisioná-la, ela resistiria. Seu espírito não poderia ser domado por um simples acordo entre cavalheiros.

A sensação de liberdade era tudo o que Evelyn sempre quisera. Ela lembrava-se das tardes passadas na companhia dos livros que lia à escondida, de como as histórias de heroínas destemidas a encantavam. Se tais mulheres poderiam lutar por seus próprios destinos, então ela também poderia.

Enquanto caminhava, um pensamento se infiltrou em sua mente. O duque... O que ela sabia sobre ele, além de sua fama de frieza e poder? Nada. Ele era um homem de muitos mistérios, e Evelyn, curiosa e teimosa, não permitiria ser levada ao altar sem descobrir mais.

- Lady Evelyn! - a voz de sua mãe cortou o silêncio da tarde, interrompendo seu momento de reflexão. - Preciso de você imediatamente!

Evelyn se virou, respirando fundo. A última coisa que queria agora era enfrentar mais uma pressão sobre a decisão que não havia tomado, mas ela sabia que não havia escapatória. Com um gesto impaciente, ela retornou para a casa, tentando não mostrar a frustração que sentia.

Ao entrar no salão principal, sua mãe a aguardava com um olhar ansioso, como sempre, mas foi seu pai quem falou primeiro.

- Você vai se casar com o Duque de Wessex, Evelyn. Não há mais discussão. O acordo foi feito, e a honra da nossa família depende disso.

O tom de seu pai era definitivo, e isso fez o sangue de Evelyn ferver. Mas ela não queria demonstrar fraqueza. Seu olhar, agora mais firme, encontrou o de seu pai, e, por um breve momento, o ambiente ficou pesado.

- Não. - Sua voz saiu mais firme do que esperava. - Não me casarei com ele.

Os olhos do conde estreitaram-se. Ele estava acostumado à obediência de sua filha, mas esta declaração desafiadora o pegou de surpresa. Sua expressão tornou-se fria, calculista.

- Você não tem escolha. - A voz do conde soou como uma sentença. - Não temos dinheiro, nem posição para desafiar o duque. Você vai fazer isso, e o fará pelo bem da família.

A tensão no ar era palpável, mas Evelyn não se deixou intimidar. Seus olhos brilharam com a coragem que ela mal sabia que ainda possuía.

- Eu escolho meu próprio destino, pai. Não posso ser vendida como uma mercadoria, não importa o quanto a situação seja difícil.

O silêncio entre eles foi cortante. A mãe de Evelyn, que até aquele momento observara em silêncio, agora interveio.

- Você é uma tola, Evelyn. Não entende a gravidade da situação. Não estamos em posição de escolher.

Mas Evelyn não podia ceder. Não podia deixar que a força de uma convenção social a subjugasse. Ela sentiu a chama da rebeldia acender dentro de si.

- Eu não farei isso. - Sua voz estava tremendo, mas resoluta. - Não será meu destino.

Antes que alguém pudesse responder, Evelyn se virou e saiu pela porta com passos rápidos e decididos, o som de seus sapatos ecoando pelos corredores silenciosos.

No entanto, quando se deitou à noite, com a cabeça cheia de pensamentos turbulentos, Evelyn não pôde deixar de se perguntar o que aconteceria a seguir. Ela sabia que não poderia lutar contra tudo e todos, mas a ideia de se entregar a um casamento sem amor a consumia.

A resposta não estava em um simples "não", mas em algo mais profundo. Algo que ela ainda não sabia como moldar, mas sabia que teria que descobrir. O duque... Ele seria uma muralha ou uma oportunidade?

Ela fechou os olhos, tentando dormir, mas, no fundo, sabia que a batalha estava apenas começando.

            
            

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