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Capítulo 5
Os dias seguintes ao baile passaram em um turbilhão de festas e encontros sociais, mas Evelyn não conseguia tirar o duque de sua mente. Cada vez que ele a cruzava em uma sala, seu olhar parecia penetrar nela de uma forma que fazia com que ela se sentisse desnudada, exposta, mesmo quando ele nada dizia. Mas o que mais a intrigava era o que se escondia por trás daquele olhar gelado, como se fosse possível ver uma dor profunda, uma tristeza que ele guardava com tanto cuidado.
Ela sabia que seu pai havia acelerado os preparativos para o casamento. Cada vez mais, ela se via sendo preparada como um item em uma prateleira, esperando ser vendido ao melhor comprador. Mas Evelyn não estava disposta a aceitar isso sem lutar. Havia algo dentro dela que se recusava a ser dominada, e isso a motivava a procurar respostas, especialmente sobre o duque.
Foi então que, em uma tarde nublada de quinta-feira, Evelyn recebeu um convite inesperado. Não era para mais uma reunião social ou um evento da alta sociedade, mas um convite direto do próprio Duque de Wessex. Ele a convidava para uma reunião privada, sem outros convidados ou formalidades. A carta era breve, mas direta:
"Lady Evelyn, gostaria de conversar com você em particular. Há algo que precisamos discutir. Estarei em minha propriedade na próxima sexta-feira e espero sua presença. Atenciosamente, Duque de Wessex."
O convite a deixou desconcertada. O que ele queria discutir com ela? A ideia de estar sozinha com o duque, sem as barreiras sociais que normalmente os separavam, a fazia sentir um misto de excitação e apreensão. Mas, como sempre, ela não podia se permitir recuar. O jogo estava apenas começando.
Na manhã seguinte, Evelyn partiu para a propriedade dos Blackthorne, um imponente casarão que ficava a algumas horas de sua casa. Ao chegar, o contraste entre o esplendor da mansão e o silêncio que a envolvia a fez se sentir pequena, quase insignificante diante da grandeza daquele lugar.
Ela foi conduzida por um servo até uma sala ampla, com janelas de vidro que ofereciam uma vista impressionante dos jardins. Lá, ela encontrou o duque esperando. Ele estava em pé, com as mãos atrás das costas, olhando para o horizonte, mas ao ouvir seus passos, se virou para recebê-la.
- Lady Evelyn, fico feliz que tenha aceitado meu convite - disse ele, com sua voz firme e controlada. - Por favor, sente-se.
Evelyn não sabia o que esperar, mas algo no ar parecia diferente daquela vez. Ele não estava tão distante como nas outras ocasiões, mas sua presença ainda era inebriante, difícil de ignorar.
- O que você queria discutir, Duque? - perguntou ela, tentando manter a compostura, embora uma parte de si estivesse inquieta.
Alexander a observou por um momento, como se estivesse decidindo o que dizer. Então, ele deu um passo em direção a ela, a intensidade de seu olhar tornando-se mais palpável.
- O que você quer, Lady Evelyn? - A pergunta era direta, mas havia algo mais profundo em suas palavras. Ele não estava apenas perguntando sobre os seus desejos em relação ao casamento, mas sobre algo mais, algo que ela não conseguia identificar.
Evelyn ficou em silêncio por um momento, surpresa com a intensidade da pergunta. Ela não estava acostumada a ser desafiada assim, e, por um momento, ela considerou a ideia de responder com a mesma franqueza. Afinal, o que ela queria? O que ela realmente desejava?
- Eu quero a liberdade - disse ela, antes que pudesse pensar nas consequências de suas palavras. - Quero poder escolher meu próprio destino, e não ser forçada a seguir uma rota que me foi imposta.
O duque não reagiu imediatamente, mas seus olhos brilharam com algo que Evelyn não soubera definir. Havia uma compreensão ali, algo que fez seu coração bater mais rápido, como se ele soubesse exatamente o que ela sentia.
- Eu entendo - disse ele, de forma quase imperceptível. - Mas às vezes a vida nos força a jogar um jogo que não escolhemos. E, no seu caso, Lady Evelyn, você está no meio desse jogo, e não há muito que possa fazer para mudar as regras.
Evelyn sentiu uma pontada de frustração. Ela sabia que ele estava certo, mas a ideia de ser uma peça nas mãos de outros a fazia se revoltar. Ela não podia se resignar a esse destino sem lutar.
- Eu não sou uma peça, Duque. Eu sou uma mulher, com escolhas, com pensamentos próprios. Não posso me submeter ao que esperam de mim sem mais nem menos.
Ele a observou por um momento, e Evelyn sentiu como se ele estivesse lendo cada um de seus pensamentos. Ela não sabia por quê, mas sentia que, por algum motivo, ele a entendia mais do que qualquer outra pessoa.
- Talvez você tenha razão - respondeu ele, com uma suavidade inesperada. - Mas, por enquanto, devemos jogar conforme as regras, não é?
Evelyn olhou para ele, intrigada e desconfiada ao mesmo tempo. O que ele queria dizer com aquelas palavras? O que estava acontecendo entre eles? Ela não sabia, mas algo dentro de si dizia que ela ainda tinha muito a descobrir.
- Você está certo sobre uma coisa - disse ela, a voz firme. - Mas, saiba, Duque, que a verdade sempre acaba vindo à tona. E quando isso acontecer, ninguém será capaz de nos impedir de seguir o caminho que escolhermos.
O duque sorriu levemente, e, por um breve momento, Evelyn percebeu que ele estava mais humano do que ela pensava. Mas a verdade ainda estava fora de alcance, e ela sabia que seria um longo caminho até descobri-la.
- Vamos ver, então, Lady Evelyn - disse ele, com um tom quase desafiador. - O jogo da verdade começou.