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Capítulo 7
O inverno se arrastava lentamente pela cidade, e com ele vinha a promessa de um evento que Evelyn não podia ignorar. A temporada de bailes estava no auge, e, como sempre, a alta sociedade aguardava ansiosa pelo baile de máscaras que aconteceria na casa dos Montcliffs, uma das famílias mais proeminentes de Londres.
Evelyn havia recebido o convite com uma mistura de excitação e apreensão. Era um evento extravagante, onde os convidados podiam esconder suas identidades sob máscaras elaboradas, e onde as regras sociais eram momentaneamente abandonadas. A ideia de dançar e conversar sem ser reconhecida por todos ao redor a fascinava, mas, ao mesmo tempo, ela sabia que este seria mais um palco para ela e o duque, e ela não sabia o que esperar da interação entre eles sob o disfarce das máscaras.
Na manhã do baile, Evelyn foi ajudada a se vestir por suas damas de companhia. O vestido que ela usaria era um delicado tom de azul-marinho, com detalhes em prata, que contrastava com a cor dourada de sua máscara de penas. Era simples, mas refinado, e lhe dava uma sensação de liberdade que ela raramente sentia em suas roupas habituais. Quando terminou de se preparar, o espelho refletiu uma versão dela mesma que parecia mais ousada, mais misteriosa.
Quando chegou à casa dos Montcliffs, o salão estava iluminado por candelabros dourados que projetavam sombras dançantes nas paredes. O som de uma música suave preenchia o ambiente, enquanto os convidados circulavam em trajes deslumbrantes, suas máscaras ocultando suas identidades e deixando o ambiente ainda mais enigmático. Evelyn sentiu o coração acelerar enquanto ela adentrava o salão. Ela era, mais uma vez, uma observadora, uma participante distante daquele mundo que parecia não pertencer a ela.
Ela procurou por Alexander, mas o salão estava cheio demais, e ela não conseguiu encontrá-lo de imediato. Então, com a máscara cobrindo parte de seu rosto, ela se perdeu na multidão, permitindo-se ser parte do evento sem a pressão constante das expectativas. Era uma liberdade momentânea, e ela queria aproveitá-la.
Foi quando, ao se afastar para um canto mais tranquilo, ela o viu. O Duque de Wessex estava parado perto de uma das colunas, com sua máscara dourada refletindo a luz das velas. Ele estava de costas, conversando com um grupo de homens, mas Evelyn reconheceu a postura rígida e o olhar distante. Havia algo nele que a atraía, como sempre.
Ela se aproximou lentamente, e, quando estava a poucos passos dele, Alexander se virou, como se sentisse sua presença. Seus olhos se encontraram, e Evelyn não pôde deixar de sentir um arrepio percorrendo sua espinha. Sob a máscara, eles eram estranhos, mas de alguma forma, ainda se reconheciam.
- Lady Evelyn? - A voz dele era suave, mas carregada de um tom questionador. - Ou devo chamá-la de... mistério? - Ele sorriu levemente, e Evelyn percebeu que ele parecia se divertir com a situação. A tensão entre eles, que antes estava presa a palavras não ditas, parecia agora mais uma brincadeira. Mas ela sabia que não podia se deixar enganar por esse jogo.
- Talvez você deva me chamar de mistério, Duque - ela respondeu, mantendo a mesma leveza em sua voz. - Afinal, quem pode saber o que se esconde por trás de uma máscara?
Alexander a observou por um momento, seu olhar se tornando mais penetrante. Havia algo diferente em seus olhos, algo que a fazia questionar se ele estava apenas brincando ou se as palavras dele estavam carregadas de algo mais.
- Eu sei quem você é, Lady Evelyn - ele disse, baixinho, quase como um segredo entre os dois. - A máscara não pode esconder o que está em seus olhos.
Ela não sabia o que ele queria dizer com isso, mas a intensidade das palavras dele fez seu coração bater mais rápido. Talvez fosse o jogo da máscara, talvez fosse o fato de estarem ali, escondidos atrás de seus disfarces, mas ela sentiu que havia algo mais profundo naquele momento.
- E você, Duque? - Ela perguntou, sorrindo por trás da máscara. - Quem você é, por baixo dessa fachada de duque perfeito?
Ele deu uma leve risada, e Evelyn percebeu que ele não era tão imune a esse jogo quanto parecia.
- Eu sou apenas um homem, Lady Evelyn. - Ele deu um passo mais perto dela. - E sob a minha máscara, não sou o que todos imaginam. Mas talvez, neste momento, seja melhor que todos mantenham suas máscaras, não é?
Evelyn sentiu a tensão aumentar, mas ao mesmo tempo, uma curiosidade crescente. O que ele queria dizer com isso? O que ele escondia atrás da sua própria máscara?
- Talvez você tenha razão - ela disse, olhando-o de forma desafiadora. - Mas, por enquanto, deixemos nossas máscaras no lugar. Há muito mais a ser revelado nesta noite, não é?
Ele a olhou com uma intensidade que fez Evelyn sentir um calor inesperado em seu peito. A noite estava apenas começando, e os dois estavam apenas começando a explorar o que as máscaras poderiam esconder e revelar.
Enquanto a música tocava, os dois se afastaram, sendo atraídos por diferentes grupos de pessoas, mas o jogo entre eles continuava. Mais do que nunca, Evelyn sentia que o duque não era apenas o homem imponente e distante que ela conhecia. Havia camadas nele que ela ainda não compreendia, e ela estava disposta a descobrir o que se escondia sob a máscara de Wessex.