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Aquela noite, Sophie mal conseguiu dormir. Cada vez que fechava os olhos, o sonho voltava - a floresta, o lobo, a voz sussurrando seu nome. Era como se ela estivesse sendo chamada para algo que não entendia, mas que sentia no fundo do peito.
Na escola, tudo parecia normal à primeira vista, mas Sophie não conseguia deixar de se sentir desconectada. Cada olhar lançado a ela, cada sussurro, parecia carregado de algo mais. A cidade de Vale Noturno estava lentamente revelando seus segredos.
Durante o intervalo, Ivy apareceu de repente, com uma expressão grave que Sophie não costumava ver nela. "Precisamos conversar."
Sophie seguiu Ivy até um canto mais isolado do pátio, onde o som das conversas e risadas desaparecia, deixando apenas o murmúrio da brisa e o cheiro de folhas secas.
"Eu tenho algo para te contar", Ivy disse, olhando ao redor para se certificar de que ninguém estava ouvindo. "É sobre você. E sobre os outros."
Sophie franziu a testa, ansiosa para saber o que Ivy queria dizer. "Eu não entendo, Ivy. O que está acontecendo comigo? O que são esses sonhos? E por que... por que Dorian e Cael estão me observando?"
Ivy respirou fundo e pareceu hesitar por um momento. "Eu não queria te assustar, mas você precisa saber. Existe uma profecia antiga. Uma que fala sobre uma garota que teria o poder de unir ou destruir os três povos - lobos, vampiros e bruxas. E eu... eu acho que você é essa garota."
Sophie deu um passo para trás, como se tivesse levado um soco no estômago. "Isso é... isso é ridículo. Eu sou só uma garota normal. Não tenho nada a ver com lobisomens ou vampiros!"
Ivy segurou suas mãos com força, olhando-a nos olhos. "Sophie, você tem algo dentro de si. Algo que eu não consigo explicar totalmente. Mas quando você chegou aqui, eu senti isso. E sei que os outros também sentiram."
"Então é isso?", Sophie perguntou, sua voz tremendo. "Eu sou uma espécie de... peça-chave nesse jogo deles? Você me trouxe para isso?"
Ivy balançou a cabeça, sua expressão sombria. "Não, eu não sabia disso quando te conheci. Mas agora que sei, não posso deixar você se perder nisso sozinha. Eles... Cael e Dorian... eles têm suas próprias agendas. E você precisa tomar cuidado. Eles não são quem parecem ser."
Sophie sentiu o peso das palavras de Ivy. Ela olhou para sua amiga, querendo acreditar nela, mas, ao mesmo tempo, uma parte de si se rebelava contra a ideia de ser parte de uma profecia. Ela só queria entender o que estava acontecendo, entender sua própria vida.
"E o que eu faço agora? Como eu... escolho?", Sophie perguntou, sentindo uma pressão crescente em seu peito.
Ivy respirou fundo e olhou para o céu, como se buscando forças em algum lugar distante. "Você não tem escolha, Sophie. Mas você pode escolher o que fazer com esse poder. Com essa magia. Apenas lembre-se: Cael e Dorian são dois lados de uma moeda. Um vai te proteger, o outro... vai te levar para um caminho mais sombrio."
"Então, eu sou a decisão?", Sophie perguntou, o nó na garganta ficando mais apertado. "Eu tenho que decidir quem vai vencer?"
"Sim." Ivy respondeu com um suspiro pesado. "E cada escolha vai trazer consequências. Você só precisa saber uma coisa... ninguém é totalmente bom ou totalmente ruim. Todos têm algo a esconder. Mas você tem a chave para mudar o futuro."
Sophie sentiu o peso das palavras de Ivy cair sobre ela como uma onda. Como se, de alguma forma, ela estivesse prestes a se afogar no mar desconhecido de Vale Noturno. Mas, ao mesmo tempo, algo em seu interior se acendeu. Uma centelha de curiosidade, uma vontade de entender o que estava por trás de tudo isso.
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No final da tarde, quando a escola se esvaziava e as sombras começavam a tomar conta da cidade, Sophie foi atraída até a floresta. Aquele era o lugar onde tudo parecia começar. E lá, no limite entre a cidade e o desconhecido, ela encontrou Cael. Ele estava encostado em uma árvore, os olhos brilhando na penumbra.
"Eu sabia que você viria", ele disse com um sorriso, mas seus olhos estavam sérios, quase sombrios.
Sophie parou a poucos passos dele, a respiração falha. "O que você quer de mim, Cael?"
"Eu não quero nada de você", ele respondeu, caminhando até ela com passos firmes. "Mas você vai precisar de mim. Mais do que imagina."
"Eu não entendo... o que está acontecendo? O que é isso tudo?", Sophie perguntou, sua voz um sussurro, mas a pergunta carregando um peso profundo.
Cael olhou para ela com uma intensidade que a fez sentir um calafrio. "Sophie, você não tem escolha. Você está no centro disso tudo. E nós... os lobos, os vampiros, as bruxas... estamos todos conectados a você. Você tem um papel a desempenhar aqui, e você não pode escapar dele."
"Eu não quero ser parte de nada disso. Não quero ser uma... peça de um jogo sobrenatural", ela respondeu, o tom firme, mas o medo ainda se fazendo presente.
Cael sorriu suavemente. "Eu sei. Mas às vezes o destino escolhe por você."
Naquele momento, Sophie sentiu uma presença atrás de si. Quando se virou, Dorian estava ali, como uma sombra, com os olhos vermelhos brilhando na escuridão.
"Você ainda não decidiu quem vai confiar, Sophie?", ele perguntou com uma voz suave, mas carregada de um poder silencioso. "Cael tem uma visão de mundo. Eu tenho a minha. Mas quem você escolher vai determinar tudo."
Sophie ficou ali, no meio deles, sentindo o peso de suas palavras e o magnetismo entre os dois. De um lado, Cael, com sua força e lealdade; do outro, Dorian, com sua calma e mistério. Ela sabia que estava no centro de algo muito maior do que ela mesma, e agora, mais do que nunca, sabia que suas escolhas seriam tudo.
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