Capítulo 5 Ecos do Despertar

As manhãs em Vale Noturno pareciam sempre cobertas por uma névoa tênue, como se a cidade se recusasse a revelar completamente seus segredos à luz do dia.

Sophie acordou com uma sensação estranha no corpo. Como se algo estivesse pulsando sob sua pele - uma energia viva, vibrante, inquieta. Olhou para as mãos. Elas tremiam levemente, e quando respirou fundo, sentiu o ar ao redor se aquecer por um segundo.

Algo estava mudando.

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No colégio, Ivy percebeu imediatamente.

"Você sentiu, não é?" Ela puxou Sophie para o laboratório de ciências, que raramente era usado e oferecia a privacidade que precisavam. "Você está despertando. Seus poderes."

Sophie olhou confusa. "Mas... que poderes? Eu não sou como você."

"Não exatamente", Ivy respondeu, enquanto pegava um pequeno cristal azul do bolso e o colocava na palma da mão de Sophie. "Mas você também não é como eles. Seu sangue... não é comum. Você não é só humana."

O cristal brilhou suavemente ao toque de Sophie, vibrando com uma energia que parecia reconhecer sua essência.

"Isso é magia", Ivy murmurou. "E é sua."

"Mas de onde vem isso? Minha família nunca falou sobre nada assim."

"É possível que nem eles soubessem. Ou que tenham escondido." Ivy a observava com preocupação. "E se você for mais do que apenas o elo entre os três povos? E se for... uma mistura deles?"

Sophie se afastou, como se precisasse de espaço para digerir aquilo.

"Você está dizendo que eu sou... parte bruxa? Parte lobo? Parte vampira?"

"Talvez não tudo ao mesmo tempo. Mas algo em você conecta os três. E agora, com esse despertar, você está começando a sentir isso."

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No mesmo dia, um aviso se espalhou pela cidade: um morador havia desaparecido nos arredores da floresta. Um ataque violento, marcas de garras e... uma névoa escura pairando sobre a cena.

Ivy ficou tensa quando ouviu os relatos. "Isso não é obra de Cael, nem dos lobos do clã dele. Nem Dorian faria algo assim abertamente. Isso é outra coisa."

"Outra coisa como o quê?", Sophie perguntou, já sentindo o arrepio percorrer suas costas.

"Há uma lenda entre as bruxas. Um espírito antigo. Um ser que se alimenta do desequilíbrio entre as raças. Ele acorda quando o elo começa a se formar."

"Você acha que... ele está atrás de mim?"

"Eu acho que ele já sabe que você existe."

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Naquela noite, Cael apareceu na janela do quarto de Sophie, os olhos dourados iluminando a escuridão. "Você precisa vir comigo."

Ela hesitou. "Agora?"

"Tem algo que você precisa ver. Algo que vai mudar tudo."

E ao mesmo tempo, seu celular vibrou. Uma mensagem de número desconhecido:

"Sophie, não vá com ele. Encontre-me no velho cemitério. Confie em mim. - D."

Ela olhou para a janela. Cael a observava com urgência. Mas em suas mãos, a mensagem de Dorian parecia queimar.

Era sempre assim agora. Escolhas. Entre luz e sombra. Entre lobo e vampiro.

Mas e se nenhum deles fosse a resposta certa?

Talvez a resposta estivesse nela mesma.

E talvez, só talvez... ela estivesse pronta para descobrir.

                         

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