Mas o problema era que Eloise estava em casa. Como uma sentinela impiedosa, ela não apenas barrara a entrada de Ivy, como também a deixara ali fora, sob o sol escaldante, por horas a fio, não permitindo sequer que ela fosse embora.
Lágrimas escorriam pelo rosto de Ivy quando ela, com a voz embargada e o rosto marcado pelo calor, murmurou: "Kathy, sei que fui uma tola, mas só fiz isso porque me importo. Você ama Julian tão profundamente. Como eu poderia ficar parada sem fazer nada? Só queria que te deem mais uma chance, só isso."
As palavras, embora envoltas em emoção, não conseguiram atravessar a muralha de frieza que Katherine havia erguido.
Por dentro, sentimentos conflitantes se agitavam, mas seu semblante permanecia inalterado.
Isso tudo não tinha nada a ver com ela. Era apenas mais uma tentativa desesperada de agarrar os restos do poder e da influência da família Nash.
Sem querer prolongar o vexame nem provocar mais confusão na casa alheia, Katherine se aproximou e ajudou a mãe a se levantar. "Vamos embora. E não venha mais aqui."
Nesse momento, Eloise apareceu com um sorriso sarcástico nos lábios e o tom carregado de veneno: "Já vão embora? Ah, não parem o show agora. Meu pai é um banana mesmo - sempre cai em vitimismo. Se você chorar só mais um pouquinho, quem sabe ele convence Julian a deixar você continuar vivendo às nossas custas como uma parasita."
O sangue de Katherine gelou.
Durante os três anos de casamento com Julian, ela nunca aceitava nada que não fosse dela. Mesmo assim, as provocações de Eloise nunca cessavam.
Na tentativa de manter a paz, ela aguentava sem reclamar, mas toda essa tolerância só trazia mais humilhação.
Agora, ela se recusava a suportar isso calada.
Colocando-se protetoramente na frente da mãe, ela olhou diretamente para Eloise. "Me diga uma coisa. O que eu te fiz, exatamente? Como cunhada, por que vive tentando sabotar meu casamento? Está tentando esconder alguma coisa ou é só implicância mesmo?"
A expressão de Eloise se contorceu de irritação. "Cunhada? Me poupe. Você se acha demais, não é?"
Katherine inclinou levemente a cabeça e respondeu: "Ah, então isso te incomoda? Será que, lá no fundo, você gostaria de ser a pessoa casada com Julian?"
A cor fugiu do rosto de Eloise. "Você está louca! Quem você pensa que é para falar comigo assim?"
Katherine deu um pequeno sorriso, cheio de significado. "Se estou errada, prove."
Eloise abriu a boca, mas nada saiu. Como provar que não nutria sentimentos pelo próprio irmão?
Ela nunca imaginou que Katherine, sempre quieta e submissa, pudesse disparar palavras tão afiadas. Certamente, essa mulher estava tentando criar um conflito entre ela e Julian!
Dominada pelo ódio, ela ergueu a mão, pronta para desferir um tapa, mas Katherine a interceptou, segurando seu pulso com firmeza.
O grito de dor de Eloise ecoou pelo corredor. "Me solte, sua desgraçada!"
Katherine fitou os olhos furiosos de Eloise, mas sua mente estava presa naquela noite horrível, quando fora forçada a beber e depois violada por um estranho.
Nenhuma mulher poderia superar algo assim como se nada tivesse acontecido. No entanto, por mais que tudo a consumisse por dentro, ela precisava manter o controle. Ela tinha pessoas que dependiam dela, e a influência de Julian não era algo que ela pudesse desafiar.
Respirando fundo, Katherine tentou controlar seus nervos e ficar calada.
Mas Eloise, ainda tomada pela fúria, aproveitou o momento para soltar mais uma flecha envenenada. "Meu irmão nem imagina que você dormiu com aquele velho nojento do Grupo Lewis. Espere só... eu vou acabar com você!"
Katherine não se conteve mais. Com os olhos ardendo de fúria, ela deu um tapa tão forte em Eloise que o som ecoou pelas paredes.
Eloise gritou e, no mesmo instante, começou a chorar.
O som de passos vindos do corredor fez o clima pesar ainda mais.
Julian surgiu na porta, a expressão impenetrável, e o ar no quarto pareceu parar.
Sem se mover, Katherine, que mantinha os olhos fixos nele, soltou o braço de Eloise devagar e recuou um passo.
Eloise, ao vê-lo, chorou ainda mais alto. "Julian, ela me bateu! Você precisa fazer alguma coisa!"
Julian olhou para a marca vermelha estampada no rosto da irmã, depois para Katherine, o tom de voz gélido e cortante: "Como você ousa levantar a mão contra ela?"
Katherine cerrou os punhos, sua voz firme e gelada: "Acha que eu passei dos limites? E o que ela fez comigo, Julian? Devo dar a ela um gostinho do próprio veneno?"
O choro de Eloise engasgou na garganta e o pânico começou a se desenhar em seu rosto.
Julian, agora com o semblante mais sombrio, se virou para a irmã, desconfiado. "O que exatamente ela fez com você?"
"Julian...", Eloise tentou falar.
Mas Katherine a cortou, a voz cortante como uma navalha. "Ela se juntou ao CEO do Grupo Lewis para me armar uma cilada. Fui usada como moeda de troca por cinquenta milhões de dólares. Então me diga, Julian - se sua esposa vale cinquenta milhões, quanto vale a sua irmã? Quinhentos milhões?"