Quando o amor é uma mentira
img img Quando o amor é uma mentira img Capítulo 9 Eu sairei do caminho sem fazer escândalo
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Capítulo 11 O que você está fazendo aqui img
Capítulo 12 Lágrimas como tempero img
Capítulo 13 Tudo em excesso faz mal à saúde img
Capítulo 14 Vou visitá-lo com você img
Capítulo 15 Você não vai mentir para mim img
Capítulo 16 Até onde ela seria capaz de ir entre quatro paredes img
Capítulo 17 Senhor A img
Capítulo 18 História sobre cachorros sem-vergonha img
Capítulo 19 Provocações img
Capítulo 20 Tamanho impressionante img
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Capítulo 9 Eu sairei do caminho sem fazer escândalo

O coração de Camille disparava como se quisesse fugir do peito, enquanto um frio incômodo se instalava em seu estômago. "Laurence, você não acha que estamos indo longe demais?"

Ela tinha certeza de que, se Julian desse à família Nash o neto tão esperado, sua filha Eloise perderia de vez o pouco prestígio que ainda conservava.

Mas Laurence, como sempre, não estava disposto a recuar. "Eu sei que é inapropriado, mas aquele moleque não me deixou escolha. Apenas faça o que pedi. Quanto antes resolvermos isso, melhor será para todos."

...

Assim que Eloise voltou do hospital e descobriu que Camille havia cedido ao plano da governanta residente, não conseguiu conter a indignação. "Mãe! Como você pôde aceitar algo assim? Se aquela oportunista realmente engravidar de Julian, o que será de Louisa? Ela é quem deveria se casar com meu irmão!"

Camille lhe lançou um olhar sagaz, a boca curvada em um sorriso enviesado. "Não finja que sua preocupação é toda por causa de Louisa. Você só está usando isso como desculpa para se aproximar do irmão mais velho dela, não é?"

Eloise corou de imediato, o rubor denunciando que sua mãe acertara em cheio. "Louisa ainda seria uma escolha muito melhor do que Katherine. E, se eu me casar com alguém da família Wright, isso traria benefícios para mim... e para você também."

Camille, que já havia analisado cada possibilidade com precisão cirúrgica, se permitiu um sorriso malicioso. "Relaxe, querida. Eu tenho tudo sob controle."

...

Katherine já havia aprendido a conviver com o azar que insistia em rondá-la, mas nem mesmo ela poderia imaginar que o divórcio se transformaria num labirinto tão complexo.

Depois daquela visita, a saúde de Laurence vinha piorando a olhos vistos. O médico da família praticamente se instalara ali, repetindo como um disco arranhado que Laurence não aguentaria mais um choque emocional.

Katherine sabia bem a que "choque" ele se referia.

No entanto, Julian agia como se tudo estivesse em perfeita ordem. Ele mergulhava no trabalho como forma de escapar da realidade, evitando qualquer menção ao divórcio na tentativa de proteger o pai.

Alguns dias depois, a nova governanta, escolhida pessoalmente por Camille, chegou.

Em casa, Katherine estava ocupada preparando mais uma refeição nutritiva, como vinha fazendo desde que a saúde de Laurence se agravara.

Enquando o aroma reconfortante da sopa recém-feita ainda pairava no ar, a governanta entrou na cozinha, elogiando com entusiasmo forçado. "O senhor Nash tem muita sorte por ter se casado com alguém tão dedicada. Mas o pai dele disse que tudo está indo bem por lá. Você pode ficar tranquila e aproveitar esse tempo para se reconectar com o seu marido."

A frase, dita de forma tão casual, caiu como um balde de água fria no coração de Katherine. Estava claro que essa mulher havia sido plantada ali por Laurence - uma espiã sorridente, disfarçada de aliada.

Depois de vestir seu uniforme, a governanta voltou à cozinha, ainda tentando soar prestativa. "Já está anoitecendo. Devo preparar um lugar para o senhor Nash no jantar?"

Katherine hesitou, sem saber como responder.

Desde que ela assinara os papéis do divórcio, ela e Julian não haviam dividido sequer uma refeição. Era improvável que essa noite fosse diferente.

Quando ela estava prestes a inventar alguma desculpa qualquer, ouviu o clique suave da porta da frente se abrindo.

Sua cabeça girou instintivamente. A luz do salão iluminou a figura alta e impecável de Julian, recortada contra a penumbra da entrada.

O paletó sob medida, a postura elegante, o rosto tão simetricamente belo que parecia esculpido à mão - tudo nele exalava uma frieza intocável.

Katherine se lembrou involuntariamente de um comentário que lera certa vez na Internet: "Com uma beleza dessas, quem se importa se ele for ruim na cama? Eu ficaria com ele mesmo assim."

Katherine sacudiu a cabeça, afastando o pensamento absurdo.

Julian pendurou o paletó, caminhou até a pia e arregaçou as mangas para lavar as mãos. A visão da nova governanta não o surpreendeu nem um pouco - claramente, ele já sabia.

Aliviada por dentro, Katherine transferiu a comida para a marmita enquanto pensava em uma desculpa plausível para sair.

O aroma da refeição parecia ter despertado algo em Julian.

Após tantas noites jantando fora, o cheiro de comida de verdade, quente e feita com carinho, atiçou seu apetite.

Ele lançou um olhar demorado para as mãos dela, atento a cada movimento.

Katherine percebeu e ergueu os olhos, encontrando o olhar dele. "Isto é para Laurence. Se estiver com fome, peça à governanta que prepare algo para você."

O olhar de Julian deslizou até a panela ainda quente no fogão.

Sem hesitar, Katherine começou a empacotar tudo com precisão, deixando apenas uma fina camada de sopa no fundo.

Julian franziu levemente as sobrancelhas, como se não acreditasse que ela estava mesmo negando até a última colher.

Katherine abriu um sorriso doce, quase debochado. "Você queria um pouco de sopa?"

Antes que ele respondesse, ela inclinou a panela e despejou o líquido no ralo com um gesto lento e decidido. "Pronto. Problema resolvido."

O maxilar de Julian se contraiu, mas ele se conteve.

Katherine sabia que esse momento de triunfo lhe custaria caro.

Agora que uma espiã morava sob o mesmo teto, qualquer passo em falso poderia pôr tudo a perder. E contar com Julian para tomar alguma atitude estava fora de questão.

À noite, sem conseguir dormir, ela vestiu um casaco e foi silenciosamente até o escritório.

Preocupada, mas com a voz firme, ela começou: "Eu posso lidar com seu pai. Mas precisamos de um motivo que ele não possa contestar. Talvez seja hora de trazer sua amante para casa. Diga a ele que você se apaixonou por outra pessoa, e eu sairei do caminho sem fazer escândalo."

            
            

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