Quando o amor é uma mentira
img img Quando o amor é uma mentira img Capítulo 6 A sensação de se desapaixonar
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Capítulo 11 O que você está fazendo aqui img
Capítulo 12 Lágrimas como tempero img
Capítulo 13 Tudo em excesso faz mal à saúde img
Capítulo 14 Vou visitá-lo com você img
Capítulo 15 Você não vai mentir para mim img
Capítulo 16 Até onde ela seria capaz de ir entre quatro paredes img
Capítulo 17 Senhor A img
Capítulo 18 História sobre cachorros sem-vergonha img
Capítulo 19 Provocações img
Capítulo 20 Tamanho impressionante img
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Capítulo 6 A sensação de se desapaixonar

O semblante de Julian se fechou de forma abrupta, como se uma tempestade tivesse tomado conta do seu rosto.

Naquela noite, ele havia chegado a tempo de evitar uma tragédia. O que ele não esperava era descobrir que Eloise estava por trás de tudo.

Ele sempre sabia que a irmã era mimada e arrogante, mas esse nível de crueldade era novidade.

Eloise começou a entrar em pânico, sua voz subindo enquanto ela disparava: "Eu não fiz nada com você, Katherine! Foi você quem escolheu ir àquele jantar. Você mesma escolheu beber! Só ficou chateada porque meu irmão não queria dormir com você, então se jogou nos braços de outro homem. Agora quer colocar a culpa em mim?"

Katherine soltou uma risada curta. "Se você está tão segura da sua inocência, então vamos chamar a polícia. Que sejam eles a descobrir a verdade."

O ambiente, até então tenso, se tornou sufocante.

A expressão de Eloise congelou.

A simples menção à polícia foi como um tapa invisível. Isso não era uma opção. Por piores que as coisas estivessem, Katherine ainda era esposa de Julian, e um escândalo desses respingaria no nome dos Nash.

Desesperada, Eloise lançou um olhar para Julian, como se esperasse que ele a defendesse.

Mas o que ela encontrou foi um olhar impassível, e ele disse friamente: "Vá cuidar do seu rosto primeiro."

Era o máximo que ele estava disposto a fazer. Ainda que ela tivesse ultrapassado todos os limites, o tapa que levou parecia, aos olhos dele, punição suficiente.

Para Katherine, essas palavras foram mais duras do que qualquer agressão física. Um vazio amargo tomou conta de seu peito.

Na verdade, uma parte dela já havia esperado essa reação do marido. Mesmo que um estranho qualquer tivesse feito aquilo com ela, Julian ainda não a defenderia. Talvez ele até tivesse ficado aliviado com o acontecimento.

O silêncio se instalou por um instante até que uma voz baixa e embargada rompeu o ar.

Entre lágrimas, Ivy murmurou: "Julian, a culpa é minha. Eu falhei como mãe. Se você está com raiva, fique com raiva de mim. Eu vou pedir desculpas a Eloise, está bem?"

Katherine permanecia imóvel.

A cena, em outra época, poderia tê-la abalado. Mas agora? Ela já não sentia mais nada diante desse tipo de humilhação.

Julian sequer olhou para Ivy, mantendo os olhos fixos em Katherine. "Suba. Meu pai quer falar com você."

Ele só estava ali porque seu pai o havia mandado chamar Katherine, não planejando se envolver nesse drama.

Katherine ergueu o queixo, os olhos fixos nele. "Estamos nos divorciando. Qual é o sentido de continuar com esse teatro?"

A resposta de Julian veio no mesmo tom cortante de sempre: "O divórcio ainda não foi finalizado. Quer você queira ou não, ainda se espera que cumpra o que é exigido de você."

Aflita, Ivy deu um leve empurrão em Katherine, como se quisesse evitar outro confronto.

Ver a resistência clara de Katherine deixou Julian ainda mais irritado.

"Não me faça perder a paciência", ele avisou.

Katherine apertou os lábios com força, se virou e subiu, sem olhar para trás.

Agora, ela conhecia a sensação de se desapaixonar.

Houve um tempo em que apenas vê-lo já bastava para fazer seu coração acelerar, um tempo em que uma única palavra dele era capaz de iluminar seus dias mais escuros. Mas agora? Agora, ela o observava falar e não sentia absolutamente nada - nem raiva, nem tristeza, nem sequer esperança.

Eles subiram as escadas lado a lado.

Julian caminhava ao seu lado como uma sombra, exatamente como o casamento deles - vazio, opressor e sem um raio de luz.

O perfume dele, que um dia lhe fora tão familiar e reconfortante, agora apenas a fazia querer se afastar. E foi o que ela fez, tentando criar um pouco de espaço entre eles.

Julian percebeu e lhe lançou um olhar de soslaio. As palavras dela, ditas minutos antes, ainda ecoavam em sua mente.

Ela não era sempre assim. No início, parecia a esposa perfeita - obediente e sorridente, sempre no lugar certo, na hora certa.

Mas, para Julian, tudo soava falso.

Katherine era exatamente o tipo de mulher que ele desprezava - encantadora na superfície, mas manipuladora nos bastidores, usando o pai dele para forçá-lo ao casamento. No fundo, desprezo não era o suficiente para definir o que ele sentia.

Ao chegar ao segundo andar, Julian estendeu a mão, segurando a dela.

O calor repentino da palma dele a surpreendeu.

"É só para manter as aparências. Não tire conclusões erradas."

Katherine não respondeu.

Eles já tinham encenado esse papel tantas vezes antes, e cada vez soava mais forçado.

Katherine respirou fundo, tentando manter a expressão firme.

Então Julian murmurou um aviso: "Nem pense em mencionar o que aconteceu com o CEO do Grupo Lewis. Você sabe muito bem quem pagaria o preço se isso viesse à tona."

Cada palavra dele causava repulsa nela.

Katherine tentou soltar a mão, mas ele a apertou com mais força. Num impulso de raiva, ela cravou as unhas na palma dele.

Julian estremeceu por um segundo. A dor foi aguda, mas também passageira, deixando para trás apenas a fúria.

Ela retrucou: "Fique tranquilo. Não vou correr para o seu pai contando tudo. Foi só uma noite, né? Recebi meu pagamento e ainda me diverti - não foi nada de mais."

Ao ouvir isso, Julian ficou imóvel.

            
            

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