Capítulo 6 Seis

Ela olhava os cabelos soltos no espelho. Tinha escolhido não os prender, só daria mais trabalho para tirar os grampos e depois os colocar de volta. O vestido também era mais simples, mas ainda preto e Clementine confessava que sentia saudade de usar cores. Sentia falta de andar pelo jardim, cuidando de suas flores com seus vestidos azuis e amarelos, sentada no chão enquanto a governanta brigava pela sujeira e a voz de Antônio saia dizendo "deixe ela".

A viscondessa suspirou. Antônio sempre tinha sido tão companheiro. Agora sua vida estava nas mãos de outro homem que ela não conhecia, que poderia muito bem a trata-la mal, e ninguém iria fazer nada. Por isso ela estava dando esta última chance a ela. Ela ia se encontrar com aquele estranho, ia estar com ele, ia sentir como era ter feito uma escolha para si pelo menos uma vez em sua vida. Ela estava decidida.

- Joana? - ela chamou enquanto colocava as luvas terminando de descer as escadas quando a ama apareceu - Vou dar uma volta sozinha.

- Mas o jantar milady...

- Eu volto a tempo de me arrumar para o jantar, não se preocupe. - falou e então saiu, indo em direção ao estábulo. Suas mãos tremiam enquanto pegavam seu cavalo e ela respirou fundo uma última vez antes de sair em direção a floresta, em direção onde tinha marcado o encontro.

Não foi surpresa o outro cavalo já estar lá quando ela chegou, mas foi surpresa sentir o que sentiu. Seu estômago deu um nó, sua respiração ficou mais acelerada e suas mãos tremiam mais ainda enquanto segurava a guia de seu cavalo. Ela chegou mais perto, vendo Gabriel em pé, que se virou a ela quando ouviu a movimentação e por Deus, como ele conseguia ser tão lindo? Seus cabelos estavam jogados pra trás e ele vestia apenas uma camisa branca com o colete marrom.

- Achei que não viria - ele disse com a voz macia, dando um sorriso de lado.

- Não faço promessas que não posso cumprir - ela tentou dizer com a voz firme - Vamos? A cabana fica por ali - disse e Gabriel assentiu, montando em seu cavalo e a seguindo.

Era uma curta cavalgada até chegarem a uma cabana que ficava ali. Clementine sabia do lugar pois Antônio tinha a mostrado a ela, que desde então a mantinha limpa e arrumada, pois era seu lugar de paz, era perto da praia e longe o suficiente do casarão, onde poderia ficar sozinha e em segurança quando queria.

- Uau, esse lugar... - Gabriel disse descendo do cavalo e logo indo até o cavalo de Clementine e segurando sua cintura para a descer.

Ela congelou e então sentiu seus pés no chão - Não... precisava...

Ele deu de ombros - Como vamos... ah - ele viu ela tirar uma chave de dentro do bolso do vestido.

- Era pra cá que estava vindo aquele dia da chuva, mas acabei desmaiando antes de chegar.

Eles entraram na cabana e então Gabriel fechou a porta enquanto Clementine acendia as velas, iluminando o lugar que continha uma lareira, que também servia de fogão a lenha, alguns utensílios de cozinha, uma mesa com duas cadeiras, uma poltrona, uma estante com alguns livros e uma cama que parecia bem confortável.

Clementine terminou de acender a última vela ao lado da cama e então se virou, vendo Gabriel parado, ainda em frente a porta fechada. E então o clima mudou, ficou denso, pesado, ela engoliu em seco e então olhou para as mãos, respirando fundo.

- Não precisamos fazer nada Clementine, só de passar um tempo com você já esta bom pra mim - ela ouviu Gabriel dizer e aquilo a incomodou.

- Você não... me quer? - ela disse, levantando a cabeça para o olhar.

Ele riu soprado, andando lentamente até ela - Clementine, não há nenhuma parte sequer de mim que não a quer... mas estou sentindo seu nervosismo... não quero que faça algo que não esteja pronta, que queira esperar o casamento, ou que...

- Gabriel, eu não sou... - ela respirou fundo e então olhou nos olhos dele - Eu já me deitei com um homem antes. Mas só um. Eu... tive... eu...

- Tudo bem - ele levantou as mãos, pegando seu rosto que estava ruborizado - Eu não me importo. Você ainda esta com ele?

Ela negou - Ele... me deixou.

- Oh Clementine, sinto muito. - ele se aproximou mais e Clementine sentiu seu corpo poderoso contra o seu. Ele era bem mais alto, seu rosto ficava na altura de seu queixo e ela levantou a cabeça para o olhar - Agora, eu pergunto, você me quer?

- Eu acho... - ela respirou fundo - eu acho que nunca quis alguém como quero você - disse. Aquela tarde era dela, ela nunca mais veria aquele homem na vida, ela poderia falar o que estava sentindo, afinal, naquela mesma noite ficaria noiva de outro homem.

Gabriel levou as mãos até seus cabelos, passando os dedos pelas madeixas longas, abaixando a cabeça e deixando sua bochecha contra a de Clementine, que agarrou seu colete - Seu cheiro... tem um leve doce de Tangerina... - falou agora com os lábios contra o ouvido dela, que se arrepiou com o tom rouco e baixo. A mão foi até sua cintura, a puxando pra mais perto e Clementine foi até os botões de seu colete, abrindo um por um de forma lenta, sem ele nem perceber - O que esta fazendo comigo Clementine? Quero te ter pra sempre...

- Não pense no pra sempre Gabriel - ela disse em um sussurro, virando a cabeça até seus lábios estarem nos dele, terminando de abrir o colete - Pense no agora. - ela abriu os olhos, encontrando os dele a olhando de volta, e então o fogo os consumiu e os lábios se encontraram em um beijo febril. As línguas se encontraram com vontade e Gabriel colou mais seu corpo ao dela, apertando sua cintura com as mãos, mas ainda estava hesitante, Clementine sentiu - Não precisa ser gentil Gabriel... - ela falou sem fôlego, tirando o colete de seu corpo enquanto Gabriel alisava sua cintura, indo pra cima e pra baixo, até a altura de seus seios e descendo.

- Preciso sim - ele respondeu, a voz ainda grave, os dedos subindo, indo ate o decote do vestido, desamarrando os laços que tinham ali. Clementine não tinha colocado corpete, tinha vindo simples, não queria tantas camadas de roupa naquele momento, então não foi muito difícil de seus seios aparecerem e a parte de cima ficar frouxa em seus ombros. Ela tirou as luvas, as jogando na cadeira próxima junto com o colete de Gabriel enquanto sentia suas mãos em si, enchendo suas palmas, resvalando as digitais em seus mamilos - Parece... errado...

- O que?

- Eu deveria me ajoelhar, e te cortejar, e pedir sua mão... e passar a vida toda te adorando, da forma certa...

Clementine deu um meio sorriso - Ora, é tão lorde assim? Eu sabia que os lordes eram devidos libertinos...

- Você tem algo... algo... ao mesmo tempo que penso isso não consigo tirar as mãos de você.

Ela sorriu outra vez, levando as mãos a sua camisa, abrindo os botões, expondo o peito dele - Você pode se ajoelhar e me adorar agora. - disse sem pudor algum. Não o veria nunca mais, não tinha porque se esconder nas conveniências e etiquetas. Ela queria ser adorada por aquele homem antes de ser jogada nos braços de outro que só estava atrás de seu título e seu dinheiro, que provavelmente a trataria mal, que poderia ser um bêbado, um libertino, alguém que não a respeitasse... e aquele homem ali, a sua frente... a olhava de uma forma... de uma forma que ela sabia que nunca mais seria olhada novamente.

Ela precisava tanto daquilo... Tanto que desfez completamente os laços que faltavam no vestido, deixando cair aos seus pés, ficando nua, respirando fundo, os cabelos caindo até a cintura.

Foi o que precisou para Gabriel pareceu vencer a guerra interna de sua cabeça. Ele pegou seu rosto com as mãos a beijando novamente. Dessa vez era com mais vontade, Clementine sentia seu desejo com mais força, o que a fazia sorrir durante o beijo, tirando sua camisa pelos braços e indo até a calça dele enquanto ele descia a mão até sua cintura e a colocava na cama.

Seus lábios desceram por seu corpo. Clementine tremia. Já tinha sido beijada daquela forma, mas nunca tinha tido tanta vontade de ser beijada daquele jeito. E quando ele chegou ao meio de suas pernas sentiu que ia explodir. Ela não sabia se as deixava mais abertas ou as fechava, se contorcia no lençol e apertava o tecido, fechando os olhos e dando suspiros baixos.

Então Gabriel se afastou, a olhando, terminando de abrir a calça. - Tem mesmo certeza disso? - ele perguntou com a voz mais grossa. E ouvir aquele tom mais baixo fez Clementine tremer ainda mais.

- Sim eu tenho - ela disse quase sem ar quando ele removeu a peça e viu seu corpo nu. Se afastou mais na cama enquanto ele subia beijando seu tornozelo, seu joelho, sua coxa, sua barriga, seus seios, seu pescoço e então sua boca novamente.

Era uma loucura que ela nem conseguia mais raciocinar. Sentiu seu membro contra si. Era maior que o de Antônio, ela tinha reparado quando o viu, mas o queria tanto... já faziam meses desde que tinha se deitado com o marido...

Gabriel se afastou pra a olhar, com o nariz encostado no dela - Se quiser parar é só me dizer - ele disse sem fôlego, entrando devagar. Clementine fechou os olhos, jogando o pescoço pra trás, sentindo o quanto aquilo era maravilhoso - Clementine... - a voz de Gabriel era preocupada e ela só desceu as mãos, apertando sua bunda, fazendo um movimento com o corpo e ele entendeu.

Começou a se movimentar com ela, sentindo e dando prazer, os gemidos ficando bagunçados juntos, o suor fazendo os corpos ficarem colados, os beijos ficando sem direção. Clementine chegou ao prazer primeiro, se surpreendendo com aquilo e Gabriel saiu de dentro dela pra se derramar fora, caindo deitado no lençol logo depois.

Ficaram em silêncio depois, sentindo o que tinha acontecido. Clementine esperou a culpa chegar, mas ela não veio, então apenas sorriu. Tinha feito algo porque queria, mesmo que imprudente.

Mas era hora de voltar pra casa.

Ela se sentou na cama, pegando o cabelo e arrumando em um coque, logo pegando o vestido do chão.

- Clementine... - ela se virou para olhar Gabriel - Já vai?

- Eu preciso voltar, vão sentir minha falta... - falou colocando a cabeça no vestido.

- Quando vou poder te ver de novo? - ele disse se sentando.

Ela sorriu - Quer me ver de novo?

- Claro que quero... preciso resolver uma questão... mas não quero perder você, isso... não foi qualquer coisa pra mim... - disse sério.

Ela deu um sorriso sem dentes, amarrando o vestido - Vamos ver se o destino nos coloca de novo no mesmo caminho... só Gabriel - ela se aproximou, dando um selar nele, pegou as botas que estava no chão e então saiu da cabana, respirou fundo e montou no cavalo, indo de volta ao casarão.

            
            

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