Capítulo 7 Sete

Ela tinha se lavado inteira mas parecia que o cheiro de Gabriel ainda estava em si. Ou era a sua mente que ainda estava naquela tarde... tanto que nem enxergava o que faziam nela, só sentia as mãos em si.

- Pronto milady, está linda - ouviu sua ama dizer então realmente viu seu reflexo no espelho. O penteado era diferente, estava com um coque acima da cabeça, de quando era debutante, e usava um colar e brincos.

- Vão me tirar do luto? - perguntou confusa assim que a governanta entrou no quarto com um vestido azul claro.

- O que acha? - perguntou sorrindo.

- Vou sair do luto? - ela perguntou novamente, se levantando do banquinho onde estava sentada.

- Não pode se apresentar ao seu noivo em luto, vamos abrir uma exceção a essa noite.

Ela deu uma risada sarcasticas - Vocês vão mesmo me empurrar pra ele como uma mercadoria...

- Milady, nós apenas...

- Não, me dê o vestido, não fale mais nada. - disse cortante, colocando o vestido, a ama ajudando a amarrar e a abotoar. Clementine mantinha a mandibula travada mas os olhos estavam cheios de lágrimas, e quando uma caiu ela limpou com força.

Ela se manteve no quarto, olhando pela janela quando a carruagem do pai chegou. O viu descer mas logo saiu dali, tentando acalmar a mágoa e a raiva que brotava em si. Mais uma vez seria jogada em um casamento arranjado. Se martirizava por não ter tido a coragem de fugir. Mas o que seria dela jogada no mundo?

- Senhora... - a ama colocou a cabeça na fresta da porta - Estão de esperando no salão.

Clementine fechou os olhos, respirando fundo e então saiu do quarto. Pareceu uma longa caminha até as escadas, e uma longa descida até o salão. Descendo as escadas ela viu o pai, bem arrumado, um homem ao seu lado com uma mulher e uma menina que devia ter uns quinze anos, ao lado dela um homem, de costas.

Ela colocou os pés no salão e o homem se virou para a olhar.

- Viscondessa de Lohan - seu pai disse com a voz empolgada - Este é o Lorde Guimarães, seu noivo.

Clementine jurou que se tivesse o poder de desaparecer ou de matar alguém com o olhar ela usaria naquele momento. Se sentia suja, enjoada, tonta, magoada, enraivecida.

Tinha sido tudo um plano para a seduzir afinal, porque o Lorde Guimarães em questão, parado bem a sua frente com um sorriso no rosto era com quem ela tinha passado a tarde.

Era o só Gabriel.

                         

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