Tarde Demais Para Amar: O Arrependimento do Magnata
img img Tarde Demais Para Amar: O Arrependimento do Magnata img Capítulo 1
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Capítulo 1

A doença da minha mãe piorava a cada dia.

Os médicos diziam que o tratamento era caro, muito caro.

Eu não tinha dinheiro.

Meu emprego como garçonete mal pagava nossas contas.

O desespero me consumia.

Sofia Mendes, 18 anos, um sonho de ser estilista, mas a realidade era cruel.

Minha mãe era tudo para mim.

Um dia, uma amiga me falou de Ricardo Oliveira.

Um magnata da construção, rico, poderoso.

Dez anos mais velho que eu.

Ele procurava uma acompanhante de luxo.

A proposta era indecente, mas o dinheiro salvaria minha mãe.

Eu aceitei.

Meu coração estava em pedaços, mas eu precisava ser forte.

Ricardo Oliveira me recebeu em seu escritório luxuoso.

Ele era alto, imponente, com um olhar que me intimidava.

Eu esperava um homem frio, calculista.

Mas ele foi gentil, até demais.

Perguntou sobre minha mãe, sobre meus sonhos.

Sua voz era calma, quase carinhosa.

"Não se preocupe com nada, Sofia. Cuidarei de tudo."

Ele disse, e por um momento, acreditei.

Ele me deu um apartamento elegante, roupas caras, um carro com motorista.

Eu me senti uma princesa num conto de fadas distorcido.

Ele sabia que eu era de origem humilde, do Rio de Janeiro.

Sabia dos meus sonhos de moda.

"Você tem talento, Sofia. Posso te ajudar com isso também."

A gentileza dele me confundia.

A reputação dele era de um homem implacável nos negócios.

Mas comigo, era diferente.

Ricardo me cobria de mimos.

Flores, jantares em restaurantes chiques, joias.

Um dia, passamos pela Urca, e apontei para uma pequena confeitaria charmosa que eu adorava na infância.

"Que lugar lindo," eu disse, com nostalgia.

No dia seguinte, ele me entregou as chaves.

"É sua," ele disse, sorrindo. "Para você fazer o que quiser."

Eu não podia acreditar.

Uma vez, tive uma febre alta.

Ele tinha uma viagem crucial para Dubai, negócios de milhões.

Cancelou tudo para ficar ao meu lado, cuidando de mim.

Ele media minha temperatura, me dava remédios, contava histórias para me distrair.

"Você é especial, Sofia," ele sussurrava.

No meu aniversário de 19 anos, ele prometeu: "No seu próximo aniversário, vamos ver o nascer do sol em Fernando de Noronha."

Eu me apaixonei.

Acreditei que ele me amava, que tínhamos um futuro.

A culpa por ser uma acompanhante diminuía, substituída por uma esperança tola.

Eu flutuava nessa bolha de felicidade.

Ricardo era meu príncipe encantado.

Ele me tratava como uma rainha.

Seus amigos da alta sociedade me olhavam com desdém, cochichavam que eu era só um passatempo.

Mas o carinho de Ricardo me fazia ignorar tudo.

Eu acreditava nele, na força do nosso "amor".

Eu planejava nosso futuro, a viagem para Noronha, talvez até uma família.

Eu era jovem, ingênua, e ele era meu primeiro grande amor, ou assim eu pensava.

A doença da minha mãe estava controlada, graças ao dinheiro dele.

Eu me sentia em dívida, mas também amada.

Então, Isabella Rossi retornou da Itália.

Eu estava no apartamento, experimentando um tecido novo, sonhando com minha primeira coleção.

A campainha tocou.

Uma mulher deslumbrante, elegante, com um ar de superioridade, estava parada na porta.

"Sofia Mendes?" ela perguntou, a voz fria como gelo.

"Sim," respondi, intimidada.

"Sou Isabella Rossi. O grande amor da vida de Ricardo."

Meu mundo desabou.

Ela entrou sem ser convidada, analisando cada canto do apartamento com desprezo.

"Bonitinho. Ricardo sempre teve um gosto peculiar para suas... distrações."

Isabella sentou-se no sofá de veludo, cruzou as pernas longas.

Ela estudara alta-costura na Itália, era uma socialite influente.

"Ricardo e eu temos uma história longa, querida. Essas coisas que ele faz por você... são apenas um eco do passado."

Ela abriu a bolsa de grife, tirou um cheque.

"Cinco milhões de reais. Para você sumir da vida dele. Voltar para o seu... lugar."

O valor era astronômico. Mais do que suficiente para garantir o tratamento da minha mãe por anos, para eu estudar onde quisesse.

Mas meu coração doía. Não pelo dinheiro, mas pela humilhação.

Eu hesitei. Uma parte de mim queria acreditar que Ricardo me amava de verdade.

"Você acha que é especial?" Isabella riu, um som cruel.

"Vamos fazer um teste, então."

"Ligarei para Ricardo agora," Isabella disse, pegando o celular.

"Vou dizer que meu carro quebrou na Linha Vermelha, à noite. Que estou com medo."

Ela me olhou, desafiadora.

"Você vai mandar uma mensagem para ele, dizendo que passou mal, que está numa emergência de hospital."

Meu estômago revirou. Eu não queria fazer aquilo.

"Quem ele vai socorrer primeiro, Sofia?"

Eu tremia, mas peguei meu celular.

Meu dedo pairou sobre o nome de Ricardo.

Isabella discou o número dele, colocou no viva-voz.

A voz de Ricardo soou, preocupada. "Isa? O que aconteceu?"

"Ricardo, meu carro quebrou na Linha Vermelha, estou sozinha, com medo," ela disse, a voz embargada, uma atuação perfeita.

"Estou indo para aí agora mesmo, Isa! Não saia daí!" Ricardo respondeu, sem hesitar.

Ele desligou.

Isabella sorriu, vitoriosa.

Meu celular caiu da minha mão.

A mensagem não enviada brilhava na tela.

Eu não precisava enviar. A resposta já estava clara.

Meu coração se partiu em mil pedaços.

A ilusão, o conto de fadas, tudo se desfez.

Eu era uma idiota.

Isabella se levantou, caminhou até mim.

"Viu só? Ele sempre virá por mim."

Ela pegou o cheque, colocou na minha mão trêmula.

"A confeitaria na Urca? Ele me deu uma igualzinha quando começamos a namorar."

Cada palavra era uma facada.

"A promessa de Fernando de Noronha? Era o nosso lugar especial. Ele me levou lá no meu aniversário de 20 anos."

Lágrimas escorriam pelo meu rosto, silenciosas, quentes.

"E cuidar de você com febre? Ele fez o mesmo por mim, quando peguei uma gripe forte depois de uma viagem."

Eu era uma substituta. Um eco. Uma sombra.

A dor era insuportável.

Eu me sentia suja, usada, patética.

"Ele te usou para me fazer ciúmes, para me mostrar que podia seguir em frente. Mas ele nunca me esqueceu."

Isabella me olhava com uma mistura de pena e triunfo.

Eu peguei o cheque.

Minhas mãos tremiam tanto que quase o rasguei.

Cinco milhões. O preço da minha dignidade, da minha ilusão.

"Eu... eu vou embora," consegui dizer, a voz embargada.

Eu não tinha mais forças para lutar.

Ela tinha vencido. Ricardo nunca me amou.

Eu era apenas um brinquedo conveniente.

Usei parte do dinheiro para garantir o tratamento completo da minha mãe.

O restante, eu guardaria.

Lembrei da bolsa de estudos para Design de Moda em Lisboa.

Eu havia recusado por causa de Ricardo, por acreditar no nosso "amor".

Agora, era minha única saída, minha chance de recomeçar.

Isabella caminhava para a porta.

Ela parou, olhou para mim, encolhida no sofá, chorando.

Um copo d'água estava na mesinha ao lado.

Ela pegou o copo, e com um gesto deliberado, virou um pouco, deixando a água respingar em mim.

"Ops," ela disse, com um sorriso cínico. "Não chore tanto, querida. Borra a maquiagem."

Ela saiu, me deixando ali, molhada, humilhada, destruída.

A raiva começou a borbulhar por baixo da dor.

Eu não seria uma vítima para sempre.

Limpei as lágrimas com as costas da mão.

Peguei meu celular, procurei o email da escola de Lisboa.

A oferta da bolsa ainda estava lá.

"Prazo para aceitação: final do mês."

Hoje era dia 20. O aniversário de Ricardo era dia 25.

Eu tinha cinco dias.

Liguei para o número do professor responsável pela bolsa.

"Professor Almeida? É Sofia Mendes. Do Brasil."

"Sofia! Que surpresa! Decidiu aceitar nossa oferta?"

"Sim, professor. Eu aceito. Quando posso começar?"

"As aulas começam no próximo mês. Pode vir quando quiser se preparar."

"Estarei aí no dia 26," eu disse, a voz firme, decidida.

Eu iria embora. Para longe de Ricardo, de Isabella, daquela vida de mentiras.

Eu construiria meu próprio futuro.

            
            

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