Tarde Demais Para Amar: O Arrependimento do Magnata
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Capítulo 2

Minha decisão estava tomada.

Lisboa. Design de Moda. Uma nova vida.

Olhei ao redor do apartamento luxuoso que Ricardo me dera.

Tudo ali era uma mentira.

No meu quarto, sobre a penteadeira, estava uma caixa.

Dentro, uma camisa de linho branca que eu estava bordando para Ricardo.

Um presente para o aniversário dele.

Tinha pequenos coqueiros discretos na gola, uma lembrança da promessa de Noronha.

Uma promessa vazia, como tudo o mais.

Peguei a camisa, as agulhas, as linhas coloridas.

Por um momento, quis rasgá-la, queimá-la.

Mas a raiva deu lugar a uma frieza calculada.

Não. Eu não destruiria algo que fiz com minhas mãos.

Guardei a caixa. Ele a receberia.

Mas não como um presente de amor. Como uma despedida.

Comecei a separar as coisas que Ricardo me deu. Joias, roupas de grife, bolsas caras.

Coloquei tudo em caixas. Eu não levaria nada daquilo.

Apenas minhas roupas simples, meus cadernos de desenho, meus sonhos.

Naquela noite, a chuva voltou a cair forte no Rio.

Eu estava na varanda, olhando a tempestade, quando senti um calafrio.

A água da chuva, a humilhação de Isabella, o estresse.

Meu corpo não aguentou.

Comecei a tremer, os dentes batendo.

Uma febre alta me consumiu.

Eu me arrastei para a cama, delirando.

Imagens de Ricardo, de Isabella, da minha mãe doente, tudo se misturava na minha mente.

A dor da traição era física.

No dia seguinte, acordei com batidas na porta.

Era o assessor de Ricardo, um homem chamado Lucas.

Ele sempre fora formal, mas hoje parecia preocupado.

"Sofia? O Sr. Oliveira pediu para buscá-la. Ele está preocupado, você não atende o telefone."

Eu mal conseguia falar.

Ele me ajudou a levantar, me vestiu com algo quente.

"Para onde vamos?" perguntei, a voz fraca.

"Uma festa na casa de um amigo do Sr. Oliveira. Ele quer você lá."

Eu não queria ir. Queria ficar na cama e desaparecer.

Mas eu ainda era, tecnicamente, a acompanhante dele.

Pelo menos até o dia 25.

Entrei no carro, resignada.

Chegamos a uma mansão deslumbrante na Joatinga.

A música alta, as risadas, o cheiro de perfume caro.

Lucas me deixou na entrada e sumiu.

Eu me senti um peixe fora d'água.

Encostei-me perto de uma pilastra, tentando ser invisível.

Ouvi duas mulheres cochichando perto de mim.

"É ela, a nova namoradinha do Ricardo."

"Coitada. Não sabe que a Isabella voltou?"

"Ouvi dizer que Ricardo está usando a novata para fazer ciúmes na Isa. Ele é louco por ela, sempre foi."

"Ele quer a Isabella de volta a qualquer custo. Essa aí é só um peão no jogo dele."

Cada palavra confirmava meus piores medos.

Eu não era nem uma substituta. Era uma ferramenta.

Senti uma mão no meu braço.

Virei-me, assustada.

Era Isabella. Linda, radiante, cruel.

"Vamos, querida. Ricardo está te esperando."

Ela me puxou pelo braço, me arrastando para o centro da festa.

Todos os olhares se voltaram para nós.

Ricardo estava conversando com um grupo de homens.

Quando me viu, seu rosto se iluminou. Um sorriso falso, para o público.

Ele veio até mim, me abraçou pela cintura, me deu um beijo na testa.

"Minha linda Sofia. Estava com saudades."

Seu olhar passou por mim, fixando-se em Isabella, que observava tudo com um sorriso divertido.

Era tudo um teatro. E eu era a atriz principal de um papel que não escolhi.

De repente, Isabella levou a mão ao peito, cambaleou.

"Acho... acho que não estou bem."

Ricardo largou minha cintura no mesmo instante.

Ele correu para Isabella, amparando-a.

"Isa! O que você tem? Vou te levar para um lugar calmo."

Ele a pegou nos braços, como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo.

Passou por mim sem nem olhar.

Abandonada. Descartada. Humilhada publicamente.

As lágrimas vieram, mas eu as segurei.

Não daria esse gosto a eles.

Virei as costas e saí daquela festa, daquela farsa.

A chuva fina começou a cair novamente, misturando-se às lágrimas que eu não conseguia mais conter.

            
            

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