O Sangue do Meu Filho: A Mais Cruel Traição
img img O Sangue do Meu Filho: A Mais Cruel Traição img Capítulo 2
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Capítulo 2

"Mamã, vamos mesmo embora?" perguntou Vasco na manhã seguinte, enquanto Lia fazia as malas. Eram poucas as coisas que tinham.

Lia ajoelhou-se à frente dele.

"Sim, meu amor. A mamã vai pedir o divórcio ao pai. Vamos começar uma vida nova, só os dois."

Os olhos de Vasco brilharam com uma mistura de medo e esperança.

"Não vamos voltar a ver o pai?"

"Não, querido. Não vamos."

Gonçalo não apareceu nos dias seguintes. Lia via, pelas redes sociais de Beatriz, que ele continuava a sua vida de luxo. Fotos em iates, jantares românticos, presentes caros para Martim.

Cada foto era uma faca a remexer na ferida de Lia. Anos de sacrifício, de pão duro e água, enquanto ele esbanjava com outra. Vasco a crescer sem nada, a ajudar a mãe a catar azeitonas para terem o que comer, enquanto o outro menino, Martim, tinha tudo do bom e do melhor.

A raiva crescia dentro dela.

Uma semana depois, Gonçalo apareceu de surpresa. Vinha com um ar casual.

"Vasco, queres ir dar um passeio com o pai? Vamos ao parque de diversões."

Vasco olhou para Lia, hesitante.

Lia sentiu um arrepio.

"Não, Gonçalo. O Vasco fica comigo."

A expressão de Gonçalo mudou subtilmente. Um brilho estranho passou-lhe pelos olhos.

"Como queiras."

Nesse momento, o senhorio, um homem idoso e simpático, bateu à porta.

"Menina Lia, vim só confirmar se sai mesmo no final do mês. Já tenho outros interessados."

Lia tentou disfarçar. "Sim, senhor Antunes. Está tudo tratado."

Gonçalo olhou de Lia para o senhorio, desconfiado.

"Então, Vasco, fica para a próxima," disse Gonçalo, forçando um sorriso. "Porta-te bem." Deu um toque na cabeça do filho e saiu.

Assim que Gonçalo desapareceu, Lia desabafou com o senhor Antunes.

"Vou-me divorciar, senhor Antunes. Vou-me embora com o meu filho. Não aguento mais."

O senhor Antunes abanou a cabeça, com tristeza.

"Fazes bem, minha filha. Esse homem nunca te mereceu. Se precisares de alguma coisa..."

"Obrigada, senhor Antunes."

Lia voltou para dentro, para acabar de empacotar as últimas coisas. Ia para a sua vila natal, para casa dos pais.

De repente, deu pela falta de Vasco.

"Vasco? Vasco!"

Procurou-o pela casa minúscula. Nada. Correu para a rua.

"Vasco!"

O pânico começou a instalar-se.

Uma vizinha veio à janela.

"Ó Lia, o teu menino não foi com o pai? Vi-os a sair há pouco. O Gonçalo disse que o ia levar ao hospital, que o menino não se estava a sentir bem."

Hospital? Mas Vasco estava bem!

Lia sentiu um terror gelado. Correu para o hospital da cidade.

Perguntou por Vasco na receção. Mandaram-na para a pediatria.

Enquanto corria pelo corredor, ouviu a voz de Gonçalo. Vinha de um quarto entreaberto.

"...sim, doutor, os testes de compatibilidade são urgentes. O meu filho, Martim, precisa de um transplante de medula. E o Vasco... o Vasco pode ser o dador."

Lia parou, petrificada. A voz de Beatriz soou, melosa.

"Oh, Gonçalo, és um herói. Salvar o meu Martim..."

A verdadeira intenção. Levar Vasco para testes, sem o seu consentimento. Usar o próprio filho como uma peça de substituição para o filho da amante.

Gonçalo saiu do quarto, deparando-se com Lia.

Ele não pareceu surpreendido. O seu rosto era uma máscara de frieza.

"Lia. Que fazes aqui?"

"O que é que tu fizeste, Gonçalo? Onde está o Vasco?"

"Ele está bem. Está a fazer uns exames. É para o bem do Martim."

"Para o bem do Martim? E o Vasco? Ele é teu filho!"

Gonçalo riu, um som seco e cruel.

"Legalmente, ele é meu filho. E eu decido o que é melhor. O Martim precisa dele."

            
            

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