O Sangue do Meu Filho: A Mais Cruel Traição
img img O Sangue do Meu Filho: A Mais Cruel Traição img Capítulo 3
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Capítulo 3

O sangue de Lia gelou nas veias. Sentiu o corpo tremer.

A oferta de Gonçalo para levar Vasco a passear. A desculpa do hospital. Tudo uma farsa para enganar o menino, para o levar para fazer testes para o filho de Beatriz.

A raiva explodiu dentro dela.

"Seu monstro! Como te atreves? O Vasco é uma criança! Ele dedicou-te a vida dele, ajudou-me a pagar as tuas supostas dívidas, sofreu por tua causa! E tu usas-o assim?"

Gonçalo respondeu com uma calma cruel, que a fez estremecer.

"Não faças um drama, Lia. O Martim está doente. Uma doença rara. O Vasco pode salvá-lo. É um pequeno sacrifício."

"Pequeno sacrifício? Ele é teu filho! Tu és um pai negligente, um mentiroso!" Lia gritava, as lágrimas a escorrerem-lhe pelo rosto.

Gonçalo agarrou-a pelo braço, com força.

"Cala-te! Não tens o direito de me acusar." Dois homens grandes, que pareciam seguranças, surgiram ao lado dele.

Nesse momento, uma enfermeira saiu apressada do quarto onde Vasco estava.

"Doutor, o menino Martim teve uma crise. Precisa de uma transfusão urgente. E o menino Vasco... teve uma reação alérgica a um dos contrastes do exame. Também precisa de atenção."

Gonçalo largou Lia.

"O quê? Como assim?"

Um médico aproximou-se. "Senhor Vaz, o Martim precisa de sangue O negativo. Temos pouco. E o seu filho Vasco... parece que tem um tipo de sangue muito raro, AB negativo, que também é compatível com o Martim, caso a medula não seja. Mas ele próprio está instável."

Gonçalo olhou para Lia. Um brilho calculista acendeu-se nos seus olhos.

"Lia... tu tens sangue AB negativo, não tens? Lembro-me de quando o Vasco nasceu."

Lia recuou, horrorizada.

"Tu não te atreverias."

"O Martim precisa de sangue, Lia. E tu vais doar. Ou então," ele aproximou o rosto do dela, a voz um sussurro venenoso, "garanto-te que o bem-estar do Vasco será seriamente comprometido."

Ameaçá-la com o próprio filho.

Lia sentiu o desespero tomar conta de si. Não tinha escolha. Pelo Vasco.

"Eu dou," disse ela, a voz embargada. Um riso amargo escapou-lhe dos lábios. "Mas vais pagar por isto, Gonçalo."

Levaram-na para uma sala. A agulha entrou-lhe no braço. A dor era física, mas a dor na alma era mil vezes pior.

O sangue dela, o sangue raro que Gonçalo agora cobiçava para o filho da amante, começou a fluir.

Gonçalo observava, impaciente.

"Mais rápido. Tirem mais."

"Senhor, ela não pode doar tanto de uma vez," avisou a enfermeira.

"Eu pago o suficiente para que ela possa. Tirem o que for preciso para o Martim."

Lia fechou os olhos. Concentrou-se apenas em Vasco. Tinha de o salvar. Suportaria qualquer coisa por ele.

Antes de perder a consciência devido à quantidade de sangue retirado, ouviu a ordem final de Gonçalo.

"Certifiquem-se de que o sangue dela vai primeiro para o Martim. Ele é a prioridade."

Traição final.

Quando Lia acordou, Vasco estava ao seu lado, a chorar baixinho. A sua mãozinha segurava a dela com força.

"Mamã... doeu muito?"

Lia sentiu o coração partir-se.

"Desculpa, meu amor. Desculpa não te ter protegido."

Vasco abanou a cabeça. "Tu protegeste-me, mamã. Tu és forte."

Lia abraçou-o.

"Vamos embora daqui, Vasco. Para sempre. Longe dele."

A porta abriu-se e Gonçalo entrou. O seu rosto estava tenso.

"Ouvi dizer que estás a pensar em ir embora."

            
            

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