A Chef Esquecida: Agora, Ela Brilha
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Capítulo 2

"Uma nova vida?" Sofia repetiu, a voz ainda fraca. "O que queres dizer com isso, Tiago?"

"Quero dizer que te admiro há muito tempo, Sofia. Desde aquele festival. O teu talento é imenso. Mereces mais do que tens tido."

Havia uma sinceridade na voz dele que a surpreendeu.

"Lisboa pode ser um novo começo. Tenho contactos, investimentos. Podemos abrir algo teu, algo que reflita a tua alma."

A alma dela. O que restava dela?

"Mas há condições, Sofia," continuou Tiago, o tom agora firme. "Quero exclusividade profissional. E quero que venhas de mente aberta, pronta para deixar o passado para trás."

Deixar o passado para trás. Era tudo o que ela mais queria.

"Eu aceito," disse Sofia, sem hesitar.

A decisão estava tomada.

Os dias seguintes no hospital foram um borrão de dor física e emocional.

Marcos ligava raramente. Mensagens curtas.

"Lorena está a reagir bem ao tratamento. Estou a tratar de tudo. Descansa."

Nenhuma pergunta sobre ela. Nenhuma preocupação genuína.

Carlos apareceu uma vez. Trazia flores.

"Ele não te merece, Sofia," disse ele, os olhos tristes. "Sempre te disse."

Sofia apenas acenou. Sabia que ele tinha razão.

Quando finalmente teve alta, sentia-se um fantasma.

O apartamento que partilhava com Marcos parecia frio, impessoal.

Ele não estava lá para a receber.

Uma semana depois, Marcos regressou. Bronzeado, sorridente.

Como se nada tivesse acontecido.

"Meu amor, que saudades!" Ele abraçou-a, mas Sofia não sentiu nada.

"Tenho uma surpresa para ti."

Ele levou-a ao vinhedo da família, um lugar que antes fora especial para ambos.

No meio das videiras, sob um arco de flores, ele ajoelhou-se.

Tirou uma caixa de veludo do bolso. Um anel de diamante enorme.

"Sofia Azevedo, queres casar comigo?"

A cena era digna de um filme romântico.

Mas para Sofia, era uma farsa cruel.

Ele queria comprar o seu silêncio, a sua complacência, com um anel e uma promessa vazia.

Antes que ela pudesse responder, um grito veio de perto.

"Marcos! Ai, Marcos, ajuda-me!"

Lorena. Claro.

Apareceu a mancar, o rosto pálido, agarrada ao braço de uma empregada.

"Acho que torci o tornozelo. Ai, que dor!"

Marcos levantou-se de um salto, a preocupação a tomar conta do seu rosto.

Correu para Lorena, esquecendo-se de Sofia, do anel, do pedido.

"O que aconteceu, meu anjo? Calma, estou aqui."

Ele pegou Lorena ao colo com cuidado, como se ela fosse feita de porcelana.

Lorena olhou para Sofia por cima do ombro de Marcos.

Um sorriso subtil, triunfante, brincava nos seus lábios.

"Desculpa, Sofia. Acho que estraguei o momento." A voz dela era falsamente arrependida.

Marcos levou Lorena para casa, deixando Sofia sozinha no vinhedo.

O anel ainda estava na caixa aberta, no chão.

Brilhava sob o sol, um símbolo da sua humilhação.

Ela não o apanhou.

            
            

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