A Chef Esquecida: Agora, Ela Brilha
img img A Chef Esquecida: Agora, Ela Brilha img Capítulo 5
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Capítulo 5

Sofia encontrou Lorena perto da entrada do terraço, exatamente como Marcos descrevera.

Lorena estava ao telefone, a voz baixa e irritada.

"...eu sei, Afonso, mas o Marcos vai resolver. Ele sempre resolve."

Ela desligou e virou-se, surpreendida ao ver Sofia.

"Tu? O que fazes aqui? Pensei que já estivesses a caminho de... seja lá para onde vais."

"O Marcos pediu-me para te fazer companhia até ele chegar. Parece que estás com problemas."

Lorena riu, um som desagradável.

"Problemas? Eu não tenho problemas. O Marcos é que os resolve por mim."

Nesse momento, um homem corpulento aproximou-se delas. Afonso Monteiro.

O rosto dele era uma máscara de fúria.

"Lorena Teles! Onde está o meu dinheiro?"

Lorena encolheu-se, a arrogância a desaparecer.

"Afonso, calma. O Marcos está a chegar. Ele vai explicar tudo."

"Eu não quero explicações! Quero o meu dinheiro!"

Ele avançou, e Lorena, num movimento rápido, empurrou Sofia para a frente.

"É ela! Ela é a noiva do Marcos! É ela que tem o dinheiro!" gritou Lorena.

Sofia tropeçou, apanhada de surpresa.

Afonso agarrou-a pelo braço, os dedos a apertarem com força.

"Então é contigo que eu tenho de falar?"

Sofia olhou para Lorena, que recuava em direção à multidão, um sorriso vitorioso no rosto.

Traída. Usada como isca. De novo.

Afonso arrastou Sofia em direção à balaustrada do terraço.

"Se o Marcos não pagar, tu vais pagar por ele!"

Sofia debateu-se, mas ele era demasiado forte.

Olhou para baixo. A queda era de vários metros. Pedras. Escuridão.

O seu coração batia descontroladamente.

Onde estava Marcos?

Ouviu a voz dele, ao longe, mas cada vez mais perto.

"Largue-a! Eu pago! Eu pago o que for preciso!"

Afonso hesitou, olhando por cima do ombro.

Marcos aproximava-se a correr, o rosto pálido de pânico.

Mas não era pânico por Sofia.

Ela viu os olhos dele passarem por ela e fixarem-se em Lorena, que observava a cena de uma distância segura.

"Lorena, estás bem?" gritou Marcos, a voz cheia de preocupação por ela.

Nesse instante de distração, Sofia agiu.

Puxou o braço com toda a força, desequilibrando Afonso.

Ele cambaleou, largando-a.

Mas o impulso levou Sofia em direção à beira do terraço.

Sentiu o corpo a inclinar-se sobre o vazio.

Um grito escapou-lhe.

No último segundo, sentiu uma mão a agarrar-lhe o pulso.

Marcos.

Ele puxou-a para cima, o rosto uma mistura de alívio e raiva.

"Estás louca? Quase caías!"

Mas antes que Sofia pudesse dizer alguma coisa, ele virou-se para os seguranças que tinham chegado.

"Prendam aquele homem! E tirem os fotógrafos daqui! Não quero escândalos!"

A sua prioridade era clara: silenciar o escândalo, proteger a sua imagem e a de Lorena.

Sofia, trémula e em choque, era secundária.

Ela olhou para a mão dele, que ainda segurava o seu pulso com força.

A mão que a salvara. A mão que a empurrara para o abismo tantas vezes.

No hospital, o diagnóstico foi uma concussão ligeira e várias contusões.

Marcos ficou ao seu lado, a preocupação agora mais evidente.

"Podias ter morrido, Sofia."

"E tu terias ficado muito triste, não é?" A voz dela era sarcástica.

Ele suspirou. "Não fales assim. Claro que ficaria."

Ele tentou acariciar-lhe o rosto, mas Sofia desviou-se.

"Não me toques."

A repulsa era física.

"Sofia, eu sei que estás chateada. Mas foi um susto para todos."

Ele tirou um cartão de crédito do bolso. Platinum.

"Toma. Compra o que quiseres. Um carro novo. Joias. O que te apetecer."

Compensação. Sempre a mesma tática.

Sofia riu, um som oco.

"Guarda o teu dinheiro, Marcos. Não há nada que ele possa comprar."

Nos dias seguintes, Marcos tentou uma ofensiva de charme.

Flores. Jantares caros. Promessas.

Num evento de gala da sociedade vinícola, ele fez um discurso.

Falou sobre amor, lealdade, e sobre a mulher maravilhosa ao seu lado.

Sofia.

A plateia aplaudiu.

Ela sorriu, um sorriso vazio para as câmaras.

Por dentro, sentia-se morta.

Mais tarde, nessa noite, ele voltou a falar do casamento.

"Vamos marcar a data, Sofia. Quero que sejas minha esposa. Para sempre."

Ele segurou-lhe as mãos, os olhos a brilhar com uma sinceridade que ela sabia ser falsa.

"Tu és a única para mim, Sofia. Sempre foste."

Ela olhou para ele, para o homem que amara durante uma década.

O homem que a destruíra, pedaço por pedaço.

E soube, com uma certeza gelada, que já não sentia nada por ele.

Apenas um imenso, profundo desprezo.

                         

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