Ela Renasceu para o Sucesso
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Capítulo 5

A manhã seguinte amanheceu cinzenta e úmida, o céu refletindo a tensão dentro de mim. O café da manhã foi em silêncio absoluto. Minha mãe e Clara trocavam olhares cheios de expectativa. Eu podia sentir a eletricidade no ar. Hoje era o dia.

O som familiar da bicicleta do carteiro se aproximando fez meu coração dar um salto.

"A correspondência!" Clara exclamou, quase pulando da cadeira.

Minha mãe se levantou, seu rosto uma máscara de triunfo.

"Deixa que eu pego, querida. Você precisa manter a calma."

Eu me levantei também.

"Não precisa se incomodar, mãe. Eu pego."

As duas me fuzilaram com o olhar.

"Sente-se, Ana. Isso não é da sua conta," minha mãe ordenou.

"Na verdade," eu disse, caminhando em direção à porta, "acho que é da minha conta, sim."

O carteiro, seu Joaquim, já estava no portão com um envelope pardo na mão. O selo da Escola de Música do Rio de Janeiro era inconfundível.

"Bom dia, Ana! Entrega especial para você!" ele disse com um sorriso.

Antes que eu pudesse responder, minha mãe me empurrou para o lado e arrancou a carta da mão do seu Joaquim.

"Obrigada, Joaquim. Pode ir," ela disse, ríspida, dispensando o homem.

Ela se virou para mim, segurando o envelope como um troféu. Clara estava logo atrás dela, os olhos brilhando de cobiça.

"Me dê a carta, mãe," eu disse, minha voz perigosamente calma.

"Esta carta não é para você," ela respondeu, seu tom igualmente baixo. "Houve um engano na lista. A vaga é de Clara. Nós vamos apenas... corrigir o erro."

"Corrigir o erro?" repeti, uma risada sem humor escapando dos meus lábios. "Você quer dizer falsificar, roubar e mentir."

A palavra "roubar" atingiu Clara.

"Nós não estamos roubando nada!" ela gritou, sua voz esganiçada. "Você não merece! Eu mereço! Mamãe sabe disso!"

"A mamãe sabe de muitas coisas, não é, Clara?" eu disse, olhando diretamente para minha mãe. "Ela sabe como esconder dinheiro, como mentir sobre o passado, como destruir a própria filha por ganância."

O rosto da minha mãe perdeu a cor.

"Cale a boca! Você não sabe do que está falando!"

"Eu sei exatamente do que estou falando."

Tentei pegar a carta de sua mão. Ela a segurou com força, e o envelope começou a rasgar. A disputa se tornou física. Eu agarrei o pulso dela, e ela, em troca, me arranhou no braço com as unhas.

Clara, vendo a situação sair do controle, tentou me puxar para trás pelo cabelo. Eu me virei e a empurrei com força. Ela tropeçou e caiu no chão, começando a chorar histericamente, como sempre fazia.

"Ela me bateu, mamãe! Ela me agrediu!"

"Sua monstra!" minha mãe gritou, vindo para cima de mim com o rosto vermelho de ódio.

Enquanto isso, do outro lado da rua, escondido atrás de uma árvore, Pedro estava gravando tudo. Ele me deu um sinal discreto, confirmando que a câmera estava ligada. Eu sabia que a viatura policial que o Sargento Silva prometeu também não estava longe.

Minha mãe me segurou pelos ombros e me sacudiu com violência.

"Você vai estragar tudo! Tudo! Depois de todo o meu esforço para dar um futuro decente para esta família, você aparece para arruinar! Você sempre foi um estorvo! Desde o dia em que nasceu!"

Suas palavras eram veneno puro, destiladas de anos de amargura.

"Um futuro decente? Ou um futuro construído sobre as mentiras que você contou a vida inteira? Sobre o dinheiro do meu pai? Ou melhor... sobre o dinheiro do pai da Clara?"

O tapa veio rápido e forte. Meu rosto ardeu. O som ecoou na pequena sala.

Eu não reagi. Apenas a encarei, sentindo o gosto metálico de sangue na minha boca.

"Isso mesmo," eu sussurrei. "Mostre a todos quem você realmente é."

Ela levantou a mão para me bater de novo, mas parou. Seus olhos estavam selvagens.

"Eu vou acabar com você, Ana," ela ameaçou, sua voz um rosnado baixo e assustador. "Você vai se arrepender de ter nascido. Eu vou te mandar para um lugar onde nem o diabo vai te achar. Você nunca mais vai ver a luz do dia ou cantar suas musiquinhas estúpidas."

A ameaça era real. A procuração. A passagem só de ida. Pedro estava certo.

Naquele exato momento, o telefone da casa começou a tocar.

O som estridente cortou a tensão como uma faca.

Nós três congelamos.

Sabíamos quem era.

O Professor Almeida. Da Escola de Música.

O olhar de minha mãe para mim foi de puro ódio. O jogo tinha acabado de subir de nível. E ela sabia que eu não ia facilitar.

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