Ódio e Paixão: Laços Quebrados
img img Ódio e Paixão: Laços Quebrados img Capítulo 5
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Capítulo 5

O apartamento que o Senhor Antônio alugou era minúsculo, com dois quartos pequenos, uma sala conjugada com a cozinha e um banheiro. Cheirava a tinta fresca e a desespero. Era um mundo de distância da fazenda, mas também era uma nova prisão. A cuidadora, uma senhora chamada Fátima, era eficiente, mas vinha apenas durante o dia, de segunda a sexta. As noites e os fins de semana eram meus.

Eu me adaptei à nova rotina com uma resiliência nascida do cansaço. Eu acordava cedo, ajudava Fátima a cuidar da minha mãe, ia para a escola, voltava, estudava enquanto ouvia os sons incompreensíveis que minha mãe fazia, preparava o jantar, dava os remédios e a colocava na cama. Meu corpo doía constantemente, mas minha mente estava focada em um único ponto: o vestibular.

Minha mãe odiava o novo ambiente. Ela, que tinha se acostumado com o luxo da fazenda, agora estava presa em um apartamento apertado, com móveis baratos. A frustração dela se manifestava em acessos de raiva. Um dia, eu estava tentando dar a sopa para ela, e ela, com um movimento brusco, virou o prato, derramando o líquido quente na minha roupa e no chão.

Ela começou a gritar, sons desconexos e furiosos. Eu entendi a essência do que ela queria dizer. Ela apontava para a porta, para a janela, para si mesma.

"Fazenda... casa... Antônio..." ela balbuciava.

Ela queria voltar. Ela exigia a vida que tinha perdido, o status de senhora da fazenda. Ela não conseguia aceitar a nova realidade.

Eu respirei fundo, limpando a sopa do chão.

"Mãe, essa é a nossa casa agora," eu disse, com a voz firme, mas exausta. "Não vamos voltar para a fazenda. O Senhor Antônio não nos quer mais lá."

A verdade crua a atingiu. Seus olhos se encheram de lágrimas de raiva. Ela começou a se debater na cadeira de rodas, batendo os braços nos apoios, gritando aqueles sons indecifráveis. Era um ataque de fúria impotente. Ela me olhava como se eu fosse a culpada pela sua desgraça.

Eu me afastei, encostando na parede da cozinha. A mulher na minha frente não era mais a minha mãe. Era uma estranha, uma criança furiosa presa em um corpo de adulto quebrado. O amor e a obrigação se misturavam dentro de mim com um ressentimento amargo. Eu tinha que cuidar dela, era meu dever. Mas cada dia ao seu lado era um lembrete constante da vida que eu estava perdendo, do sonho que estava sendo adiado. A raiva dela era um veneno que eu era forçada a engolir todos os dias.

                         

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