De Afogada a Amada: Uma Segunda Chance
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Capítulo 3

"Késsia!", gritou Arthur, sua voz cheia de um pânico que eu nunca o ouvi usar para mim.

Ele a segurou, o rosto uma máscara de preocupação frenética. "Vou te levar para o hospital. Agora mesmo."

Ele começou a ir em direção à porta, depois parou, lembrando-se de mim.

"Eva, vá ao cemitério sozinha", ele ordenou, sem nem mesmo olhar para mim. "Eu te encontro depois que acomodar a Késsia."

Então ele se foi, me deixando sozinha no apartamento silencioso.

Eu estava de pé junto aos túmulos dos meus pais, o vento frio contra meu rosto. Olhei para suas fotos sorridentes, uma raiva e tristeza familiares crescendo dentro de mim.

"Me desculpem", sussurrei, uma lágrima finalmente escapando e traçando um caminho pelo meu rosto. "Me desculpem por ter decepcionado vocês."

Meu pai tinha sido o segundo em comando do pai de Arthur. Eles eram mais do que colegas; eram irmãos. Meu pai morreu salvando a vida dele em uma missão.

Seu último desejo foi que a família Gouveia cuidasse de mim.

Para cumprir esse desejo, o General Gouveia arranjou meu noivado com Arthur.

Eu era apaixonada por ele há anos. Concordei sem pensar duas vezes.

Mas o coração de Arthur pertencia a outra pessoa: Késsia. Ela tinha sido seu amor de infância, mas o deixou anos atrás por um homem mais rico. De coração partido e cínico, Arthur concordou com o noivado comigo.

Alguns meses atrás, ele ouviu que Késsia estava passando por dificuldades. Ele moveu céus e terras, usou sua influência e a trouxe de volta, dando-lhe um emprego como assistente jurídica em seu escritório.

E minha vida se tornou um inferno.

"Eu passei", disse eu para as fotos, minha voz embargada pela emoção. Tirei a carta de aceitação do meu bolso. Universidade de Brasília. Engenharia.

Eu a segurei para que eles vissem.

Arthur sempre me menosprezou por não ter um diploma universitário. Ele dizia que eu não tinha cultura. Então eu estudei em segredo, por anos, debruçando-me sobre livros tarde da noite depois que ele ia dormir. Eu queria surpreendê-lo. Eu queria ser a mulher de quem ele pudesse se orgulhar.

Quando recebi a carta, meu primeiro pensamento foi recusar. Ficar, casar com ele e construir uma vida juntos.

Agora, a carta parecia uma tábua de salvação. Não havia mais razão para desistir dela.

Fiquei no cemitério até o sol se pôr. Arthur nunca apareceu.

Quando voltei para o apartamento, estava escuro e vazio.

Não fiquei surpresa. Nem mesmo magoada. Apenas me senti... vazia.

Fui ao meu armário e comecei a fazer uma pequena mala. No fundo do armário havia uma caixa trancada onde eu guardava nossas economias e documentos importantes. Abri-a e comecei a organizar o conteúdo.

Contei o dinheiro. De repente, congelei. Um maço grosso de notas de cem reais estava faltando. Era o nosso fundo para o casamento.

Procurei na caixa novamente, meu coração começando a bater forte. Eu sabia que não as tinha perdido.

Nesse momento, a porta da frente se abriu novamente. Arthur e Késsia entraram.

Meus olhos pousaram em Késsia. Ela estava usando um vestido de grife novinho em folha. Um vestido fino e caro que teria custado uma fortuna.

Eu soube instantaneamente para onde meu dinheiro tinha ido.

Arthur me viu segurando a caixa e franziu a testa. "O que você está fazendo? Pare de mexer nisso e vá fazer uma canja de galinha para a Késsia."

Um sorriso frio se espalhou pelo meu rosto. "Acho que fomos roubados."

Seu rosto escureceu. "Não seja ridícula. Eu peguei o dinheiro."

"Você pegou?"

"Késsia estava com frio", disse ele, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. "Ela precisava de um vestido novo. Era para um evento de trabalho. Não é grande coisa."

Minha voz era quase um sussurro. "Você se lembra do que me prometeu?"

Olhei para minha própria jaqueta gasta, os cotovelos remendados. "Você disse que usaríamos aquele dinheiro para me comprar um terno novo para o nosso casamento. Eu economizei por dois anos."

            
            

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