Capítulo 5 Culpe os idiotas dos seus pais

O semblante de Marilee começava a rachar sob o peso da expectativa, mas Alexia nem sequer olhou em seus olhos. Em vez disso, fixou-se em Roger, com a voz carregada de uma indignação fria ao dizer: "A fortuna dos Gibson está desmoronando? É só isso que eu valho para você?"

Roger vacilou. "É o que o contrato pré-nupcial estipula. Isso é tudo a que você tem direito."

Ele havia fechado todas as portas antes mesmo do casamento, garantindo que ela jamais tivesse acesso real à herança dos Gibson.

Percebendo que estava sendo ignorada descaradamente pela rival, Marilee interferiu com a voz afiada: "Você está recebendo mais do que o suficiente, Alexia. Afinal, o que você queria do Roger? Amor ou dinheiro?"

Nem isso bastou para que Alexia a olhasse. "Por uma quantia tão ridícula? Guarde esse troco, pois vai precisar de cada centavo quando o império dos Gibson ruir."

A paciência de Roger, já frágil, se esfarelou de vez. "Não comece, Alexia."

Marilee deixou que as lágrimas emergissem, os olhos brilhando como se seu coração fosse se partir ali mesmo diante de todos. "Por favor, Alexia, não faça isso com Roger."

A atenção dos presentes, até então dispersa, se voltou completamente para Marilee.

Fungadas e soluços ecoavam pelo salão, e com uma mão trêmula, ela tocou o colar com o delicado diamante rosa que repousava sobre o peito. "Talvez você não saiba, mas Roger e eu nos amamos há anos. Ele me deu esse colar no dia do seu casamento, como um símbolo da devoção dele por mim. E aquele jardim de flores exóticas no seu quintal foi construído por Roger só para me ver sorrir. Foi você quem roubou a minha vida. Tudo o que você tem deveria ter sido meu. Não acha que já está na hora de deixar isso para trás e sair discretamente, sem exigir mais nada?"

O silêncio que se seguiu pareceu congelar o ar.

Uma amante pedindo, quase exigindo, que a esposa legítima se retirasse de mãos vazias - era escandaloso até mesmo para os mais cínicos.

Por fim, Alexia se virou, encarando Marilee com uma frieza que cortava como gelo. "Eu roubei sua vida? Fui eu quem procurou a família Jenkins, implorando para ser aceita? Quem se recusou a fazer um teste de DNA, e anunciou aos quatro cantos da cidade que sou a filha deles? Fui eu quem correu atrás do Roger, implorando por um casamento?"

Cada pergunta soava como uma martelada, e a cada palavra, o rosto de Marilee empalidecia ainda mais.

Sem hesitar, Alexia cravou o golpe final, declarando: "Culpe os idiotas dos seus pais."

Nesse momento, o último traço de controle escapou de Marilee. "Se não fosse por eles, você ainda estaria revirando o lixo! Você viveu no luxo por vinte anos, algo que jamais teria conseguido sozinha. Sem eles, você não passaria de uma mendiga!"

Ao ouvir isso, uma risada cortante escapou dos lábios de Alexia. Ela baixou os olhos, fitando as marcas de agulha no próprio pulso - cicatrizes que contrastavam violentamente com a imagem de uma vida confortável. "Se isso é o que chamam de luxo... então acho que perdi alguma coisa. Mas dor? Dor sempre teve de sobra."

Marilee, incrédula, gaguejou com desdém: "Mentirosa. Você foi criada no meio da sujeira, não é nada além de um lixo. Se meus pais não tivessem aparecido, você teria sido arrastada por alguma gangue e deixada apodrecendo numa sarjeta..."

Marileea não teve a oportunidade de terminar a frase, pois o som de um tapa cortou o ar como um raio.

Marilee levou a mão trêmula ao rosto, onde a vermelhidão se formava como uma marca viva.

Alexia, impassível, curvou os lábios em um sorriso gélido. "Não há nada que eu despreze mais do que gente que nunca aprendeu o básico da decência. Com ou sem a família Jenkins, eu continuaria sendo quem sou. Mas você? Sem esse acordo de divórcio, não passa de uma amante sem vergonha."

Sem esperar pela reação da mulher, Alexia sacou o envelope e o atirou com precisão cirúrgica contra o rosto dela. O impacto foi certeiro - a borda atingiu sua testa, arrancando um pequeno corte e um grito surpreso.

"Meu presente de despedida para você."

Marilee cambaleou, os lábios sem cor e o corpo trêmulo, enquanto o choque lhe roubava o último resquício de firmeza.

Alexia observava em silêncio, olhos fixos no rosto dela, que começava a se desmanchar. Quando notou um leve tique nervoso no canto de sua boca, ela inclinou levemente a cabeça, em um gesto carregado de cinismo. "Quer que eu chame uma ambulância?"

Essa pergunta fez Marilee se encolher, e ela retrucou: "Por que você chamaria?"

Alexia sustentou o olhar, fingindo preocupação. "Você não parece nada bem."

"Eu estou muito bem!", Marilee gritou, sua voz falhando.

Até Roger, que até então se mantinha em silêncio, deu um passo, hesitante, diante do colapso iminente.

Mas Alexia não cedeu, sua voz escorria veneno: "Engraçado... quem realmente está bem não precisa gritar isso o tempo todo. Talvez esteja na hora de procurar um psiquiatra. Ah, e antes que eu me esqueça... Que colar bonito, viu? Mas hoje em dia, pedras de pouco valor não impressionam ninguém."

O rosto de Marilee empalideceu de vez, tomado por uma humilhação que ela não conseguia disfarçar. Sem forças, ela desabou nos braços de Roger.

A raiva esculpiu linhas duras no rosto do homem enquanto ele puxava Marilee para perto, olhando furiosamente para Alexia. "Eu nunca imaginei que você pudesse ser tão cruel. Só porque usou meu anel, acha que pode dizer qualquer coisa?"

Alexia se preparava para responder, mas foi interrompida por uma voz masculina que surgiu como um trovão, carregada de ironia, dizendo: "Sério mesmo? Esse é o seu argumento? Só porque ela usou seu anel, acha que pode falar com ela desse jeito?"

Um suspiro coletivo percorreu a sala, e todos os olhares se voltaram para a porta.

Alto, confiante e perigosamente bonito, o homem avançava com a naturalidade de quem carregava um charme capaz de envergonhar os inseguros e desconcertar até os mais confiantes.

            
            

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