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O elegante casaco marrom moldava-se sobre os ombros do homem, parecendo ter sido escolhido a dedo para transmitir uma sensação de casualidade - e, ainda assim, ninguém conseguia ignorá-lo. Cada traço de seu rosto parecia talhado para ser o centro das atenções. Seus cabelos, desalinhados e de um cinza quase prateado, caíam sobre os ombros com uma displicência calculada.
No instante em que ele cruzou a porta, a atmosfera mudou como se alguém tivesse aumentado o volume da realidade. Algumas jovens mal disfarçavam a excitação nos olhos, as mãos tremendo discretamente.
"Será que estou enxergando direito? Não é Andre Cooper, a lenda das corridas?"
"Aquele Andre Cooper? O mais jovem a vencer o Grand Slam? Meu Deus, ele é ainda mais bonito pessoalmente..."
Andre, completamente ciente da comoção que causava, respondeu com um sorriso que era puro deboche - e brilhante o suficiente para refletir sua reputação. Só sua presença já bastava para tornar Roger uma lembrança esmaecida.
"Não acredito... É ele mesmo! E aquele Bugatti VGT estacionado lá fora... é o dele, não é? O único do mundo. Tem uma galera aglomerada só para tirar foto. Será que ele está passando férias em Afoross?"
Enquanto o burburinho aumentava, Roger e Marilee permaneciam estáticos e chocados.
Andre Cooper? Como Alexia havia ido parar no raio de alcance de um homem como ele? Pois a distância entre os mundos que habitavam era quase cômica.
Qualquer um que tivesse colocado os pés no meio artístico, como Marilee, conhecia bem o nome Andre Cooper - manchetes internacionais, contratos milionários e uma influência que transcendia o esporte.
E agora esse homem estava ali, não apenas defendendo Alexia, mas agindo como se tivesse vindo por ela.
Com os olhos fixos em Alexia, Andre atravessou o salão com passos firmes, ignorando a comoção ao redor. Ele parou diante dela e, com uma naturalidade desconcertante, pousou as mãos sobre seus ombros.
Inclinando levemente a cabeça, Andre deixou escapar uma provocação carregada de intimidade: "Vai mesmo me deixar plantado o dia inteiro?"
Alexia revirou os olhos, mas não conseguiu esconder o riso contido. "Você não precisava ter entrado, eu pedi para esperar."
Andre fez um bico teatral. "Estou lá fora há séculos. Você realmente achou que eu ia deixar você sozinha com essa matilha de fofoqueiros?"
O olhar dele então se desviou para Roger, cortante como uma lâmina afiada. "E eu estava certo em me preocupar. Homens que escolhem as mulheres erradas geralmente falham em outras áreas também."
A fúria de Roger era evidente na mandíbula travada, na veia pulsando em sua testa e no olhar fixo nas mãos de Andre, que ainda repousavam sobre Alexia. "Parabéns, Alexia. Jamais imaginei que você fosse tão... versátil. Esse aí não é o mesmo homem com quem falei ontem ao celular. Está se envolvendo com dois ao mesmo tempo?"
O olhar de Andre se estreitou, carregado de intenção, mas Alexia não recuou nem por um segundo.
"Nem todos precisam se contentar com sobras", ela respondeu, fria como gelo.
Por um instante, Roger ficou sem palavras. Depois, soltou uma gargalhada seca enquanto a media com os olhos. "Sempre te imaginei como uma esposa certinha... saias longas, óculos antiquados... aquele ar de garota recatada. Mas, pelo visto, você estava organizando sua própria festinha às escondidas. Me diz, quanto da sua atuação foi só para me enganar?"
Alexia sequer se deu ao trabalho de rebater. "Não te devo explicações. Você exibe sua amante como um troféu e espera que eu não tenha uma vida própria? Vamos ser honestos, Roger. Nós dois sabemos o que esse casamento realmente é. Me poupe do seu teatro."
Os punhos de Roger se cerraram com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. Era óbvio que sempre soubera da farsa do casamento que sustentavam - e era isso que o corroía por dentro.
Ele se virou para Andre, despejando veneno nas palavras. "Você ouviu. Ela coleciona homens. Acha mesmo que é especial? Não se iluda. Você é só mais um na fila."
Andre soltou uma risada debochada, pegou a mão de Alexia e a levou aos lábios com um charme escancarado. "Alexia, finalmente faço parte da sua lista exclusiva?"
Alexia lhe lançou um olhar entediado, de canto de olho. "Você está distorcendo tudo."
"Então me corrija. Basta uma palavra e eu entro na fila. Eu ficaria feliz em saber que tenho uma chance com você", ele retrucou, a cutucando de leve com um sorriso brincalhão.
As palavras pairaram no ar enquanto o tempo parecia parar e a plateia prendia a respiração.
Era isso mesmo?
O piloto famoso, conhecido pela frieza e o distanciamento, sorrindo como um adolescente apaixonado?
A cena era surreal.
Todos os olhares se voltaram para Roger, que sentiu, com amarga certeza, o universo rir dele nesse instante.
Marilee mordeu o lábio inferior de inveja, tão forte que quase sangrou.
Roger, por sua vez, contorceu o rosto, e sua beleza polida deu lugar a uma expressão amarga, deformada pela raiva e pelo ressentimento. "Você acha que vai sair ilesa disso, Alexia?"
Ele empurrou a cadeira para trás violentamente e se levantou, pronto para avançar. Mas André, ágil como um raio, agarrou seu braço e o torceu para trás.
Roger grunhiu de dor, o rosto contraído, olhos fixos em Andre. "Me solte."
O sorriso de Andre se transformou em algo mais sombrio, quase predador, enquanto ele pressionava mais forte. "Perdão, o que você disse?"
"Eu falei para soltar!", Roger gritou, a dor rompendo sua pose.
Na confusão, copos tombaram da mesa com um estrondo seco.
A comoção chamou a atenção do gerente do local, mas Andre nem se deu ao trabalho de se sentir incomodado. "Vai ter que gritar, amigo. Não entendi", provocou o piloto.
Em seguida, um estalo seco e perturbador ecoou pela sala, silenciando tudo ao redor.
Marilee empalideceu e ficou tão imóvel que mal respirava. "Já chega! Solte ele!"
Se virando para Alexia, ela gritou: "Você vai ficar aí parada? Faça alguma coisa! Mande ele parar!"