Capítulo 7 Parte de uma conspiração

Apesar do caos que se instaurava ao seu redor, Alexia não se intrometeu. Ela permanecia sentada elegantemente, com os dedos entrelaçados e o queixo apoiado sobre as mãos, observando Roger em silêncio absoluto enquanto ele suava copiosamente, com o rosto tenso e a respiração descompassada.

Era quase inacreditável para ela que um dia havia se diminuído tanto por esse homem lamentável - havia se moldado e suportado um casamento que jamais deveria ter ocorrido.

O gerente do clube, desnorteado com a cena, se aproximou, hesitante. Ao se dirigir a Alexia, sua voz saiu em um tom quase suplicante: "Senhora, poderia, por gentileza, nos ajudar aqui?"

O ambiente parecia um teatro desordenado: Marilee chorava e gritava sem parar, enquanto Roger parecia prestes a desmaiar, e os presentes acompanhavam tudo como se fosse um espetáculo gratuito.

Alexia apenas ergueu um leve sorriso, gelado e impassível - ela já não sentia nada, apenas tédio.

"Andre, solte ele", ordenou ela, finalmente.

Andre soltou um bufar irônico, mas atendeu prontamente, liberando o braço de Roger com um leve empurrão.

Então Alexia se levantou, serena, mas firme. "Roger, não quero o seu dinheiro. Só quero que esteja no cartório amanhã para finalizarmos o divórcio. Não me deixe esperando. E, se ainda existir um mínimo de dignidade em você, cuide da sua avó. Ela é a única dos Gibson que realmente se importa com você."

Roger ficou estático, e seus músculos enrijeceram em um reflexo automático. Quando ergueu os olhos, encontrou Alexia de pé diante dele, serena.

Por mais absurdo que parecesse, havia um leve traço de pena no olhar dela. E isso o desestabilizou mais do que qualquer palavra.

Que tipo de olhar era esse?

Como ela ousava olhar para ele assim?

Com pena? Como se o conhecesse por dentro?

A raiva tomou conta dele novamente, mas antes que pudesse dar um passo, Marilee se agarrou ao seu braço com desespero. "Roger, pelo amor de Deus, você precisa ir ao hospital! Esquece ela!"

Roger empurrou a mão dela e exigiu: "Me solte! Alexia, não se atreva a sair daqui!"

Mas Alexia já caminhava para fora, sem olhar para trás. A única vez que virou o rosto foi para ver Marilee ainda pendurada no braço de Roger, como se ele fosse sua última âncora. A forma desesperada com que ela o segurava deixava claro o medo de que ele ainda pudesse correr atrás de sua maior rival.

Por um instante, Alexia se pegou refletindo que era difícil acreditar que um dia lutara tanto por esse homem, que havia gasto anos tentando preservar algo que, no fim das contas, nunca teve valor.

A constatação quase a fez rir. Então, ela balançou levemente a cabeça e continuou andando.

Roger não era mais alguém por quem ela moveria um passo sequer, e jamais voltaria a ser.

Andre a acompanhava de perto, atento. Do lado de fora, uma multidão se amontoava, com flashes explodindo em todas as direções e repórteres se espremendo na ânsia de conseguir uma imagem ou declaração.

Mas, ao contrário da noite anterior, Alexia não demonstrava o menor abalo. Ela caminhava com firmeza e uma tranquilidade quase ameaçadora - sua postura era a de alguém que havia retomado o controle.

Percebendo a mudança, os repórteres não ousaram cercá-la desta vez. Em vez disso, optaram por se concentrar em André, bombardeando-o com perguntas, flashes e microfones.

Andre sorriu como se estivesse em um tapete vermelho, respondendo todas as perguntas: "Sim, estou aqui só de passagem. Férias merecidas. A vista é linda, a comida é maravilhosa e, bem... as pessoas não são tão ruins assim."

Com um leve levantar de ombros, ele acrescentou: "Claro, conheço Alexia há bastante tempo. Quando soube do divórcio dela, pensei que era um bom momento para celebração."

Essa declaração arrancou risadas da multidão, mas não acalmou os ânimos.

"Roger Gibson? Não quero falar sobre um sujeito que estraga qualquer ambiente." Andre balançou o dedo indicador.

Em seguida, alguém perguntou sobre seu relacionamento com Alexia.

O piloto fez uma pausa teatral, ergueu uma sobrancelha e deixou um leve sorriso escapar. "Quer saber o que somos? Adivinhem."

O suspense pairou por alguns segundos. E então, com a confiança de quem sabia exatamente o impacto que causava, ele disse: "Estou tentando conquistá-la."

A frase foi suficiente para incendiar os jornalistas, que, em poucos minutos, correram para publicar a manchete: "Piloto de Classe Mundial Confessa Estar Atrás da Ex-Herdeira dos Jenkins!"

Finalmente, Andre e Alexia entraram no carro.

Ele ligou o motor e olhou para a mulher ao lado pelo canto dos olhos.

Com um sorriso divertido, ela se recostou no banco. "Obrigada pela ajuda, Andre. Sua atuação está ficando cada vez melhor."

Andre riu baixo. "Quem disse que eu estava atuando?"

Alexia lançou um olhar cético e respondeu com leveza: "Vamos lá. Você sempre esteve ao meu lado - isso é real."

Andre soltou um suspiro dramático. "Sabia que diria isso. Mas tudo bem. Vamos deixar essa parte para lá. Tenho algo importante para te contar."

Alexia se virou para ele, intrigada. "O quê?"

"É sobre o seu passado."

Os olhos de Alexia se estreitaram, mas ela não o interrompeu.

"Assim que a história sobre a Marilee ser a filha verdadeira veio à tona, comecei a investigar. Descobrimos que a mãe dela envia dinheiro regularmente para uma mulher chamada senhorita Carter. Ela é casada com um empresário influente de Brookline e foi quem adotou Marilee. Os depósitos começaram há vinte e quatro anos - o mesmo ano em que você e Marilee nasceram. Isso significa que a família Jenkins já sabia, desde o início, quem era sua verdadeira filha. Ou seja, levar você para aquela casa não foi um erro, mas sim um propósito intencional. Alexia, você foi parte de uma conspiração."