Fugindo da Obsessão Dele, Encontrando o Amor
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Capítulo 3

A chuva caiu mais forte, grudando meu cabelo no rosto e encharcando minhas roupas até a pele.

Ajoelhei-me na grama molhada, meus dedos tremendo enquanto tentava juntar as cartas espalhadas. A tinta estava escorrendo, borrando a caligrafia elegante do meu pai em manchas sem sentido. Cada página arruinada era uma nova facada de dor no meu coração.

A caixinha de música que meu pai deu à minha mãe no primeiro aniversário deles jazia semi-enterrada na lama, sua delicada melodia silenciada para sempre.

Arrastei-me até a porta da frente e bati com os punhos no carvalho maciço.

"Heitor! Deixe-me entrar! Por favor!"

Meus gritos foram engolidos pela tempestade.

Uma luz se acendeu em uma janela do andar de cima. Uma das empregadas, Maria, espiou.

"Por favor, Maria! Abra a porta!", gritei.

Seu rosto era uma mistura de pena e medo. Ela balançou a cabeça. "Não posso, Srta. Prado. O Sr. Alcântara deu ordens."

A luz se apagou.

A realidade da minha situação me atingiu com a força de um golpe físico. Eu não era mais a dona desta casa. Eu era uma prisioneira, e meu carcereiro acabara de me jogar no frio.

Olhei pela janela da sala de estar. Heitor estava com os braços em volta de Catarina, confortando-a. Ele acariciava o cabelo dela enquanto ela soluçava em seu peito. Uma imagem perfeita de engano.

Uma onda de raiva fria e dura cortou minha dor. Eu não os deixaria me quebrar.

Aninhei-me contra a parede da casa, tentando encontrar algum abrigo do vento e da chuva. Agarrei a caixinha de música quebrada contra o peito. Era tudo o que me restava.

Lembrei-me de quando Heitor e eu éramos crianças, brincando neste mesmo quintal. Ele caiu do grande carvalho e quebrou o braço. Fiquei com ele por horas, contando-lhe histórias até a ambulância chegar. Ele me disse que eu era sua heroína.

Ele havia prometido sempre me proteger.

Essa promessa era uma mentira, estilhaçada como a fotografia dos meus pais.

O frio se infiltrou em meus ossos. Meu corpo começou a tremer incontrolavelmente. A exaustão, tanto física quanto emocional, me dominou. Encostei a cabeça na pedra fria e fechei os olhos, deixando a escuridão me levar.

Não sei quanto tempo fiquei lá fora. Quando voltei a mim, a chuva havia parado. A lua estava alta no céu.

A porta da frente se abriu.

Heitor estava lá, silhueta contra a luz do corredor. Seu rosto era indecifrável nas sombras.

Ele caminhou até mim, seus passos silenciosos na grama molhada. Ele olhou para mim, encolhida no chão, e por um momento, vi um brilho de algo em seus olhos. Pena? Arrependimento?

Desapareceu tão rápido quanto apareceu.

Ele jogou um guarda-chuva dobrado no chão ao meu lado.

"Não pegue um resfriado", disse ele, sua voz monótona. "Seria um inconveniente."

Então ele se virou e voltou para dentro, fechando a porta atrás de si. Ele não me ofereceu a mão. Ele não perguntou se eu estava bem. Ele apenas me deixou lá, com seu gesto patético e inútil de um guarda-chuva.

Na manhã seguinte, entrei com a chave reserva que mantinha escondida no jardim. A casa estava silenciosa. Levei a caixa enlameada com as coisas dos meus pais para o meu ateliê. Passei horas limpando cuidadosamente cada item, tentando salvar o que podia. A fotografia estava arruinada. As cartas estavam em sua maioria ilegíveis. Mas a pequena bailarina da caixinha de música estava intacta.

Eu estava tentando colá-la de volta na tampa quando os ouvi descendo as escadas.

Catarina me viu primeiro. "Oh, olhe. Ela está brincando com seus brinquedos quebrados."

Eu a ignorei, meu foco inteiramente na tarefa delicada.

Ela se aproximou. "Sabe, Heitor se sente péssimo pelo que aconteceu. Ele é apenas muito protetor comigo."

Eu não respondi.

"Eu sou muito boa em consertar coisas", disse ela, sua voz enjoativamente doce. "Deixe-me te ajudar com isso."

Ela estendeu a mão para a caixinha de música.

"Não toque nisso", eu disse, minha voz baixa e perigosa.

Heitor deu um passo à frente. "Alana, deixe-a ajudar. Foi um acidente. Ela está tentando consertar as coisas."

"Não", eu disse, agarrando a caixa contra o peito.

Os olhos de Catarina se encheram de lágrimas. "Eu só queria ajudar... Heitor, ela me odeia."

"Dê para mim, Alana", ordenou Heitor.

"Não."

Vi o brilho de raiva em seus olhos. Ele estalou os dedos. Dois de seus seguranças apareceram do corredor.

"Peguem dela", ele ordenou.

Eles se moveram em minha direção. Eu recuei, segurando a caixinha de música como um escudo.

"Não se atrevam!", gritei.

Eles agarraram meus braços. Eu lutei, mas eles eram muito fortes. Eu chutei e me debati, minhas unhas cravando em sua pele. Um deles torceu meu braço para trás, forçando-me a gritar de dor.

A caixinha de música caiu do meu alcance.

Catarina a pegou. Ela olhou para ela, depois para mim, um olhar de pura malícia triunfante em seus olhos.

"Opa", ela disse.

E a deixou cair.

A madeira e o metal frágeis se estilhaçaram no chão duro, a pequena bailarina rolando para debaixo de uma mesa.

            
            

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