A Refém do Capo - Tudo por uma família "feliz"
img img A Refém do Capo - Tudo por uma família "feliz" img Capítulo 8 Não confio em você
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Capítulo 11 Divergências conjugais passadas img
Capítulo 12 Mulher ardilosa img
Capítulo 13 Ponto fraco img
Capítulo 14 Uma madrasta exemplar img
Capítulo 15 Uma família feliz img
Capítulo 16 Ela roubou img
Capítulo 17 Um momento a sós img
Capítulo 18 Não roubei nada! img
Capítulo 19 O atrevimento de Giovanna Harrison img
Capítulo 20 As duas amigas img
Capítulo 21 A briga na cozinha img
Capítulo 22 Saia da minha casa img
Capítulo 23 Assuntos da minha família img
Capítulo 24 Uma fera img
Capítulo 25 Desejo proibido img
Capítulo 26 A raiva de Eros img
Capítulo 27 A autoridade de Eros img
Capítulo 28 Você me protege img
Capítulo 29 Limpe essa bagunça img
Capítulo 30 Grávida img
Capítulo 31 A verdadeira culpada img
Capítulo 32 Bisbilhotando img
Capítulo 33 Motivos egoístas img
Capítulo 34 Plano diabólico img
Capítulo 35 Assassina img
Capítulo 36 Veneno img
Capítulo 37 Condenada img
Capítulo 38 O pai desesperado img
Capítulo 39 Submissão img
Capítulo 40 Rendição img
Capítulo 41 Inocência img
Capítulo 42 A sua ex fugiu img
Capítulo 43 Não toque nela! img
Capítulo 44 Salve o nosso filho img
Capítulo 45 O monstro img
Capítulo 46 Minha prioridade img
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Capítulo 8 Não confio em você

Ela girou nos calcanhares e o encontrou encostado à porta. Ryan estava impecável em seu terno escuro, o nó da gravata ligeiramente afrouxado. O olhar dele era vigilante e penetrante.

- Onde está o meu filho? - Carina questionou, com os olhos arregalados em súplica e revolta.

Ele se afastou da porta e avançou alguns passos.

- Giulio está com Carmela, em Lombardia - O timbre inabalável anunciou. - É um ambiente mais adequado para ele.

Antes que pudesse medir as consequências, Carina avançou até ele e golpeou-lhe o peito com o punho fechado. O impacto a fez arfar, mas Ryan mal se moveu, apenas contraiu a mandíbula e ergueu o olhar, ainda mais sombrio.

- Maledetto! - ofendeu, repetindo o soco, conforme as lágrimas acumulavam-se nos olhos. - Como ousa me dopar pra roubar o meu filho?

Ele ergueu os seus braços e conteve os seus punhos com as mãos, firmes. O calor do toque a fez estremecer, lembrando-se dos tempos em que aquele contato era desejo.

- Basta, Carina - retorquiu, em voz grave, mantendo o contato visual. - Não desperdice forças em acusações que não mudam nada.

Ela debateu-se, tentando soltar-se, o peito arfando, o rosto corado pela mistura de raiva e humilhação.

- Por favor, deixe eu ver o Giulio - a voz de Carina saiu tremida.

O olhar dele escureceu ainda mais. A mãe que carregava refletia-se na rigidez de cada traço.

- Você pensou em como me sentir quando descobri que tinha um filho? - irritado, ele relembrou, inclinando-se até que suas palavras tocassem os seus lábios.

Carina fechou os olhos por um instante, sufocada. Tinha lembranças de ser atacada por uma mulher com sotaque russo, do coma, do retorno doloroso, tudo lhe pesava. Quando os abriu novamente, as lágrimas escorriam, mas havia chama em sua expressão.

- Usar Giulio contra mim não o torna menos cruel, Ryan - salientou, soluçando ao chorar.

- Eu sou o pai. O guardião legal. O único que nunca falhou com ele - ressaltou, endireitando os ombros.

O queixo dele estava erguido como se proclamasse uma sentença irrevogável.

Ela respirou fundo, enquanto seu corpo todo tremia.

- O que pretende? Vai mandar meu filho pro colégio interno depois que casar? - Ela questionou num tom desafiador.

Por um instante, ele permaneceu em silêncio, as mãos agora nos bolsos, os olhos analisando cada traço de seu rosto.

- Fique conosco por um mês. - A num tom gélido, Ryan propôs à ex-mulher com o intuito de manter o filho em sua nova casa em Castello di Brianza, na Lombardia. - Se Giulio não se adaptar, ele voltará com você para Florença. - Ryan incutiu a promessa.

Incrédula, Carina sorriu.

- Não confio em você, Ryan.

Ele aproximou-se lentamente.

- Não sou eu quem deve provar nada, Carina. Você não é leal.

O coração dela acelerou. Não podia perder a única chance de se aproximar de Giulio, e quem sabe, sair de lá com a guarda do filho.

Ryan não permitiu que a esperança se prolongasse. Aproximou-se até quase tocar-lhe o rosto, os olhos pretos eram intensos e a respiração estava controlada.

- Um mês - reiterou, num sussurro glacial. - Aceite ou some das nossas vidas para sempre.

Carina sentiu as pernas fraquejarem, mas recusou-se a recuar.

- Já desperdicei muito tempo. - Ele verificou a hora no relógio Patek Philippe. - Se não quiser ir, então, some de vez das nossas vidas.

- Aceito - confirmou, apesar do receio.

Ryan a fitou longamente, as feições indecifráveis, o maxilar ainda tenso. Em seguida, ajeitou a gravata, virou-se e caminhou até a porta.

- Arrume suas coisas. - murmurou, antes de deixá-la sozinha. - Preciso que vá pra lá o quanto antes para ajudar o Giulio a se adaptar à nova casa.

Carina permaneceu imóvel, o corpo ainda tremendo. O coração batia descompassado, os punhos cerrados junto ao peito.

O sol já se erguia acima dos telhados de Florença quando Ryan deu a ordem para o segurança pegar a mala de couro de Carina, conduzindo-a para fora. Ela acompanhou com o olhar a bagagem ser levada.

Ryan apareceu logo atrás, imponente em seu terno cinza, a gravata ajustada. Aproximou-se dela com passos firmes, a presença ocupando todo o espaço ao redor. Sem perguntar, apenas a conduziu com a mão sobre a base das costas. Embora contido, o contato transmitia autoridade absoluta.

- Venha. - Ryan convidou a ex.

Carina caminhou em silêncio ao lado dele, os olhos fixos no caminho de pedras que levava até o heliponto nos fundos da propriedade. O vento da manhã trazia aromas de ciprestes e flores recém-abertas, mas nada suavizava o aperto em seu peito quando a aeronave surgiu diante de seus olhos.

O helicóptero reluzia sob a luz do sol, as hélices imponentes no centro da plataforma.

- Vai me dizer que confia tanto em si mesmo a ponto de dispensar um profissional?

Ele inclinou o rosto para fitá-la e exibiu um leve arco no canto dos lábios que não chegava a ser um sorriso.

- Eu sei exatamente aonde estou indo.

As palavras, ditas com uma calma, ecoaram dentro dela. O corpo reagiu com um arrepio involuntário, enquanto ele a guiava até a porta lateral da aeronave. O funcionário já havia acomodado a mala no compartimento.

Carina hesitou diante da escada metálica. O coração acelerado denunciava o receio que sempre nutria por voos curtos em aeronaves menores. Olhou para Ryan, que aguardava atrás dela, com as sobrancelhas elevadas.

- Suba - Ele ordenou em voz baixa.

O corpo dela contraiu-se, mas obedeceu. As mãos tremeram levemente ao segurar a barra metálica. Subiu os degraus e entrou na cabine, ocupando o assento indicado. Ryan seguiu logo depois, fechando a porta com um movimento seguro. O som metálico ecoou, selando o destino dela.

Ele ajeitou os fones de ouvido e iniciou os procedimentos. Carina o observava de soslaio, a respiração presa, cada clique e cada botão pressionado intensificavam sua ansiedade.

Quando as hélices ganharam vida e o barulho se tornou ensurdecedor, ela cerrou os olhos por instinto. O corpo inteiro se enrijeceu quando sentiram a elevação súbita, a paisagem de Florença ficando menor a cada segundo.

- Relaxe - Ryan teceu o comentário com um tom quase desdenhoso, sem desviar o olhar dos controles. - Agora, a sua vida está em minhas mãos.

            
            

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