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Capítulo 6

POV de Helena Vitti

Os portões de ferro da Fortaleza eram geralmente um símbolo de proteção, mas esta noite, pairando contra o céu escuro, pareciam as grades de uma prisão de segurança máxima.

Eu tinha minha bolsa. Eu tinha minha arma.

E enfiado no fundo do bolso do meu casaco, eu tinha os farrapos da minha dignidade.

Desci a longa e sinuosa entrada de cascalho, que rangia violentamente sob minhas botas.

Eu não estava saindo às escondidas.

Eu estava saindo de cabeça erguida.

Se os guardas tentassem me parar, eu atiraria. Não hesitaria.

Eu estava farta de ser um peão em um jogo onde as regras mudavam toda vez que eu rolava os dados.

Cheguei à guarita.

O guarda, um jovem chamado Marcos, saiu. Ele parecia assustado, seus olhos dardejando entre mim e a casa principal.

"Sra. Carvalho", ele gaguejou. "Está tarde. O Chefe sabe que a senhora está saindo?"

"O Chefe está ocupado", eu disse, minha voz frágil como gelo. "Abra o portão, Marcos."

Ele hesitou. Sua mão pairou sobre o rádio.

Antes que ele pudesse apertar o botão, um carro parou do outro lado do portão. Um táxi.

A porta se abriu e ela saiu.

Sofia.

Ela não estava ferida. Ela não estava de luto.

Ela usava um vestido vermelho justo e um casaco que custava mais do que Marcos ganhava em um ano.

Ela me viu através das grades. Um sorriso lento e venenoso se espalhou por seu rosto.

"Fugindo, princesinha?", ela gritou.

Sua voz era leve, provocadora. Mas seus olhos eram um esgoto.

Eu podia praticamente ouvir o triunfo gritando em sua mente: *Finalmente. A vadiinha fraca está se rendendo. Nem precisei me esforçar tanto.*

Senti a raiva se acender em meu peito. Não foi uma faísca; foi um lança-chamas.

"Abra o portão", ordenei a Marcos.

Ele o abriu com o controle, confuso demais para discutir.

Passei, encontrando Sofia no asfalto no momento em que o taxista se afastava.

"O que você está fazendo aqui?", perguntei.

"Dante me ligou", ela mentiu. "Ele disse que precisava de conforto. Ele disse que você era... fria."

*Ele não ligou*, meus instintos sussurraram. *Mas ele não vai me mandar embora. Ele nunca manda.*

"Você é um câncer", eu disse. "Você está o comendo vivo."

Sofia riu. Ela se aproximou, invadindo meu espaço.

O cheiro de baunilha me atingiu novamente. Era o mesmo cheiro do vestido.

"Você gostou?", ela sussurrou. "A seda verde? Ficou incrível na minha pele. Dante me viu fechar o zíper. Ele me viu tirá-lo também."

Eu podia ver o brilho cruel em seus olhos, me dizendo exatamente o que ela tinha feito: *Fiz questão de esfregar meu cheiro por todo ele. Eu queria que você sentisse meu cheiro nele.*

O mundo ficou vermelho.

Eu não pensei. Eu não calculei.

Eu balancei minha mão.

Minha palma atingiu sua bochecha com um som como o de um tiro.

Sofia cambaleou para trás, agarrando o rosto. Ela não revidou. Ela não gritou comigo.

Em vez disso, ela olhou para além de mim, seus olhos se arregalando em falso terror.

"Helena! Por favor! Pare!"

Eu congelei.

Ouvi o motor antes de ver os faróis. O SUV preto parou com um guincho bem ao nosso lado.

Dante.

Ele saltou do carro antes mesmo de parar completamente. Ele usava seu smoking para o Baile. Ele parecia magnífico.

E ele parecia letal.

"Que porra está acontecendo aqui?", ele rugiu.

Sofia se jogou nele.

"Ela me bateu! Dante, ela está louca! Eu só vim deixar as chaves do apartamento e ela me atacou!"

Dante a segurou, suas mãos indo para a cintura dela para firmá-la. Ele olhou para a bochecha vermelha dela. Então ele olhou para mim.

Seus olhos eram vazios abissais.

"Você a agrediu?"

Não era uma pergunta. Era uma acusação.

"Ela me provocou", eu disse. "Ela me disse que usou o vestido. Ela me disse-"

"Chega!", Dante berrou.

Sua voz ecoou nas paredes de pedra.

"Olhe para ela, Helena! Ela tem metade do seu tamanho. Ela é uma viúva. E você está se comportando como uma marginal qualquer."

Vi o julgamento endurecer suas feições. Ele olhou para mim como se os avisos de Vital estivessem finalmente se confirmando - como se meu sangue Vitti tivesse finalmente me tornado instável.

Ele achava que eu era instável.

Ele segurava a mulher que estava ativamente planejando nossa destruição, e me olhava com nojo.

"Peça desculpas", disse Dante.

Eu o encarei. "O quê?"

"Peça desculpas a Sofia", ele ordenou. "Agora."

Olhei para Sofia. Ela estava enterrando o rosto no peito de Dante, fingindo soluçar.

Mas eu ouvi seu silêncio alto e claro.

*Diga. Curve-se para mim. Você perdeu.*

Olhei de volta para Dante. Meu marido. O homem que eu havia salvado de uma bala dois meses atrás. O homem com quem eu tentei construir uma vida.

"Não", eu disse.

Dante deu um passo à frente, soltando Sofia.

"Helena-"

"Prefiro morrer", eu disse.

Eu me virei.

Eu não corri.

Voltei pelos portões.

"Helena! Volte aqui!"

Eu o ignorei.

Subi a entrada, minhas costas retas, meu coração se partindo em um milhão de pedaços irregulares a cada passo.

Atrás de mim, eu o ouvi confortando-a.

*Está tudo bem. Ela se foi. Eu estou com você.*

Cheguei às pesadas portas de carvalho da Fortaleza. Entrei.

Tranquei a porta. Depois acionei a tranca de segurança. Depois a corrente.

Subi para o nosso quarto. Tranquei aquela porta também.

Fui ao armário e peguei o vestido verde.

Peguei minha tesoura.

Eu o cortei.

Cortei o tecido até que não fosse nada além de fitas de seda verde no chão.

Então me sentei na cama e esperei que ele viesse arrombar a porta.

Mas ele não veio.

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